Fica em cartaz até o dia 31 de agosto, no Museu da Cidade – Casa de Vidro, no Parque Taquaral, em Campinas, a exposição “O Vazio Abarcado”, com obras de Aline Moreno e Jeff Barbato.

Reflexões sobre os municípios de Sorocaba e Campinas, regiões geograficamente acidentadas, com elevações geográficas e de acentuada transição, ambas atravessadas pela linha férrea Sorocabana, são a base da pesquisa da dupla de artistas.

(Imagem: Divulgação)

A curadoria fica por conta do poeta e jornalista Jurandy Valença, que também é diretor da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. O evento é o resultado do projeto realizado com o apoio do ProAC.

As obras expostas, em sua grande maioria, foram produzidas especificamente para essa exposição, entre 2021 e 2022, no intuito de propor reflexões acerca do envolvimento dos artistas com o interior do estado de São Paulo, em específico com os municípios de Sorocaba e Campinas.

Essas regiões são geograficamente acidentadas, com elevações geográficas e de acentuada transição, ambas atravessadas pela linha férrea Sorocabana, o que as torna historicamente uma região de passagens, rasgos e transitoriedades. Aline e Jeff possuem um processo de criação que se conecta por interesses geopolíticos geralmente pautados nas elevações geográficas, territórios e passagens.

A pesquisa de Jeff Barbato passa primeiro por seu corpo fissurado e se desdobra pela ideia de natureza rasgada pela ação humana colonizadora, depois, pela tecnologia presente em tentativas de substituição ou ficticização de forças da natureza, a partir dos trabalhos Abundantes em veios de ferro, a série Raio-Rio e em Uma inesgotável escavação (pt. 2). Para isso, buscou fragmentos e cartografias da linha férrea Sorocabana, malha de ferro construída a partir de trabalho escravo indígena que corta o estado de São Paulo e hoje em dia é deixada à mercê do tempo e enfrenta um processo de corrosão ininterrupto.

Aline Moreno apresenta duas séries diferentes, por um lado, as pinturas, as quais se apropriam de imagens de lugares tidos como símbolos de montanha e que compõem o nosso imaginário de paisagem; por meio do uso de imagens de satélite disponíveis na internet, a artista realiza pinturas em escalas próximas da humana. Por outro lado, apresenta Paisagem Infinita, uma escultura circular modular feita de gesso, madeira e papelão que sugere em sua superfície um relevo semelhante ao de uma montanha ou oceano. Ao contrário das pinturas, cujas referências são lugares reais, Paisagem Infinita foi criada a partir de um software de modelagem 3D que gera paisagens de modo automático.

“Ambos discutem a representação da natureza, da paisagem por meio de operações poético-visuais que remetem à cartografia. Mas não aquela que entendemos como a representação geométrica plana, simplificada e convencional da superfície terrestre ou de parte dela. Eles, de certa maneira, exibem – cada um ao seu modo – um trompe l’oeil, expressão francesa e um recurso técnico-artístico empregado com a finalidade de criar uma ilusão de ótica para “enganar o olho”, diz o curador Jurandy Valença no texto crítico.

Além da exposição, o projeto propõe uma fala pública com o curador e a dupla de artistas acerca dos trabalhos expostos, democratizando e expandindo o acesso aos diálogos que permeiam suas pesquisas. A exposição conta com acessibilidade a pessoas com deficiência visual, também serão oferecidas visitas guiadas voltadas para estudantes da rede pública de ensino e mediadas pelos artistas e pela mediadora da exposição Caio Gusmão Ferrer.

Apoio: ProAC, Prefeitura do Municipio de Campinas e Museu da Cidade (Casa de Vidro)

ALINE MORENO E JEFF BARBATO | MUSEU DA CIDADE – CASA DE VIDRO

Período de visitação: 09/07/22 a 31/08/22

Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira das 10h às 17h
Sábados, das 10h às 14h

Avenida Dr. Heitor Penteado, 2145 Parque Taquaral

(Carta Campinas com informações de divulgação)