O ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, publica texto de médico indignado com a submissão do Conselho Federal de Medicina ao charlatanismo e fascismo do governo Bolsonaro. “Mas aquela plateia entusiasmada de doutores assistiu o sangue do povo escorrer solenemente pelo granito imponente da casa da medicina, ora apelidada de palácio da morte”, diz o texto. Veja abaixo:

Do Facebook de José Gomes Temporão

José Gomes Temporão (imagem reprodução -rede social)

Hoje a medicina brasileira foi golpeada pela instituição que tem a responsabilidade de zelar pela ética do exercício profissional. Abaixo texto do médico Renan Araújo que expressa nossa indignação :

“*27 de julho de 2022: o dia em que a medicina foi estuprada em sua própria casa (com o consentimento de quem deveria protegê-la)*

É estarrecedor que o Conselho Federal de Medicina, que deveria proteger a sociedade brasileira contra o erro médico e as más práticas médicas, tenha sucumbido vergonhosamente ao fascismo e à necropolitica de Bolsonaro.

A casa dos médicos recebeu o genocida, sem se importar que ele há quatro anos leva o nosso povo à fome, ao desespero, ao empobrecimento, ao adoecimento e à morte.

O despresidente corrupto e perverso foi recebido como herói, com pompas e honrarias.

O mesmo ser seboso que permitiu que o Brasil fosse recordista de mortes por COVID, neglicenciando a compra de vacinas, prescrevendo tratamentos inúteis e zombando dos pacientes que morriam aos milhares por falta de oxigênio, entrou no CFM pela porta da frente e se vangloriou de ter sido protagonista de um dos períodos mais tristes de nossa história, com apoio de parte da categoria médica e de suas entidades.

O charlatão-presidente (que prescreveu cloroquina até para as emas do palácio), nos proporcionou assim mais um espetáculo dantesco.

Ele até “poderia” adotar as posições bizarras que chama de autonomia médica, pois não prestou juramento nem tem sua atuação regida pelo Código de Ética Médica. Mas aquela plateia entusiasmada de doutores assistiu o sangue do povo escorrer solenemente pelo granito imponente da casa da medicina, ora apelidada de palácio da morte.

Renan Araujo – médico”