Leonel Brizola tinha uma expressão muito famosa para identificar os políticos criados na Ditadura, mas que se aproveitavam da nascente Democracia Brasileira nos anos 80 e 90, depois de décadas de crimes, inflação galopante e desigualdade social herdada dos odiosos anos do Golpe Militar. Ele dizia que eram “filhotes da ditadura”.
Mas Brizola se referia a políticos que tentavam esconder sua ligação com a ditadura, visto que na época era vergonhoso defender a ditadura. Como a memória do brasileiro é curta, após 30/40 anos, Bolsonaro reivindica ser filho da ditadura sem a menor vergonha.
E não é que o maior representante dos filhotes da Ditadura chegou ao poder e está deixando o seu legado. Bolsonaro é um filhote da ditadura e criou seus bebês na maternidade de filhotinhos da ditadura. Aquele ar de ditadura está na fala autoritária, na expressão, nas mentiras deslavadas, na sensação de impunidade, que infelizmente tem se realizado, apesar dos escândalos do crime das rachadinhas, da CPI da Covid-19, do kit propina do MEC, da Val do Açaí e, a grande obra do filhote da ditadura: o orçamento secreto.
O orçamento secreto é uma espécie de ‘ditadura econômica’ para financiamento eleitoral. O orçamento é usado para fraudar a democracia com o uso de recursos financeiros para a manutenção no poder de aliados políticos. Pelo menos é o que deixa evidente a reportagem da Agência Pública, publicada nesta quarta-feira, 6 de abril. Isso sem falar de propina como nos caso dos ônibus do MEC. Com o orçamento secreto, a eleição fica uma espécie de jogo de cartas marcadas.
A reportagem mostra que a empresa do pai do vereador de Maceió João Catunda (PP/AL) — aliado político e amigo de Arthur Lira (PP/AL) — recebeu R$ 54,7 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) através de emendas do relator de 2021. Essas emendas compõem o que ficou conhecido como orçamento secreto, pois são divulgadas pelo governo sem a informação de qual parlamentar é o autor e quais são as empresas beneficiadas pelo dinheiro público.
“Ao todo, 64 prefeituras de Alagoas receberam R$ 123,6 milhões de recursos do orçamento secreto gerido pelo FNDE em 2020 e 2021, de acordo com uma planilha à qual a Pública teve acesso com exclusividade. O fundo está sob o comando de Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira (PP). Isso significa que, apesar da queda de Milton Ribeiro do Ministério da Educação, o maior fundo controlado pela pasta continua sob o comando do PP. O município que recebeu mais recursos das emendas de relator no FNDE em 2021 foi União dos Palmares: R$ 8,3 milhões….Arthur Lira colhe frutos eleitorais de municípios alagoanos que receberam recursos das emendas. No dia 4 de abril, o prefeito de União dos Palmares divulgou um vídeo em apoio à reeleição do deputado à Câmara. “A gente vem aqui de pronto dizer ao Arthur Lira que conte comigo na sua eleição, eu sei que você é muito importante para o nosso estado e principalmente para a minha cidade, tamo junto aí”, afirmou. (Veja reportagem completa AQUI)