O governo Bolsonaro escondeu o desmatamento e destruição do Cerrado assim como aconteceu com a divulgação do desmatamento recorde na Amazônia. O desmatamento no Cerrado aumentou 7,9% entre agosto de 2020 e julho de 2021, alcançando a marca de 8.531 km². O número é o maior desde 2015. Desde que Bolsonaro assumiu a presidência, a devastação do Cerrado aumentou 17%.

(foto gabriel jabur – ag brasilia)

A Nota Técnica com a cifra oficial do desmatamento no Cerrado foi enviada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsável pela medição, ao Ministério da Ciência e Tecnologia no dia 6 de dezembro. Mas o governo tentou esconder a divulgação ao publicar apenas no último dia do ano, em 31 de dezembro, sem alertar para o problema. O monitoramento é uma fiscalização da quantidade de áreas destruídas anualmente.

Além disso, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, deixará de divulgar dados do desmatamento do Cerrado a partir de abril. A justificativa é a falta de verbas para continuar o programa de monitoramento do bioma, uma das regiões de maior biodiversidade do planeta.

A medida do governo é uma tragédia anunciada. O dinheiro era garantido desde 2016 por um programa do Banco Mundial, mas o financiamento acabou. Segundo o Inpe, o custo é de R$ 2,5 milhões por ano. A quantia é a mesma gasta pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em sete viagens nas quais realizou “motociatas” com apoiadores em 2021, segundo levantamento publicado pelo jornal O Globo.

A interrupção da coleta de dados foi confirmada uma semana após o Inpe divulgar alta de 7,9% na cobertura vegetal desmatada ao longo de 12 meses no Cerrado.

Os números indicaram que a chegada de Bolsonaro ao poder interrompeu uma trajetória de queda drástica da devastação no bioma, iniciada em 2006.

Foram perdidos 8,5 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa, área equivalente a quase seis vezes a cidade de São Paulo. A extensão desmatada é a mais alta desde 2016.

Abastecimento hídrico ameaçado

“Encerrar esse monitoramento é um completo disparate. R$ 2,5 milhões para manter um monitoramento desses é uma barganha. Foi uma escolha, por mais que haja essa justificativa”, afirmou Yuri Salmona, diretor do Instituto Cerrados.

Segundo ele, o Brasil fica sem um dos principais instrumentos de subsídio a fiscalizações e politicas publicas, no bioma onde nascem oito das 12 grandes bacias hidrográficas do pais .

“Perdemos capacidade de planejamento energético e colocamos o país mais próximo de ter crises recorrentes quanto à questão hídrica”, prevê o geógrafo e pesquisador.

De acordo com estudo do Mapbiomas, a pecuária e a agricultura de exportação foram responsáveis por 99% do desmatamento do Cerrado, que já perdeu praticamente metade da cobertura vegetal original. (Do Brasil de Fato, com informações da Associação O ECO)