Trabalhadores do transporte por aplicativos fizeram uma pequena revolução em Araraquara, interior de São Paulo. Decidiram controlar os modos de produção do próprio transporte particular de passageiros e de encomendas. A organização dos trabalhadores está dentro e em sintonia com uma mudança lenta no sistema de produção, mas já presente em diversas iniciativas no Brasil e no mundo. É possível que esse tipo de iniciativa de transporte se espalhe pelas cidade brasileiras em pouco tempo.
Desde o início de janeiro, a Coomappa (Cooperativa de Transporte de Araraquara) se consolidou em um aplicativo de celular (tipo uber) para transporte de passageiros. A cooperativa começou a ser criada em novembro de 2020 e foi constituída em março de 2021, com 28 motoristas. Desde então já recebeu mais adesões.
O aplicativo, chamado de Bibi Mob, já teve mais de 10 mil downloads, na loja de app do Google. Segundo Kátia Cristina Anello, presidente da Coomappa, após muitas reuniões e debates, chegou-se à conclusão da criação da cooperativa. Ela afirmou, à mídia local, que os cooperados resolveram investir, legalizar e fazer a abertura da empresa, entre outras coisas necessárias para o funcionamento do aplicativo.
Uma das primeiras propostas foi melhorar a situação do motorista que passa o dia todo na rua. Segundo ela, foi definida uma série de propostas visando a melhoria do trabalho dos motoristas e dos passageiros, entre elas a criação de pontos de embarque e desembarque de passageiros, criação de bases de apoio para o motorista, ou seja, um local onde o motorista, que passa muito tempo na rua, tivesse um banheiro adequado para uso, uma área de descanso e espaço para se alimentar.
Além disso, os motorista ficam com 93% a 95% do valor da corrida. Esse retorno alto para os motoristas ocorre porque o aplicativo não tem fins lucrativos. Isso gera competitividade dentro do mercado. A cooperativa pode até oferecer viagens mais baratas do que os outros aplicativos.
A Coomappa é mais um caso de inúmeras transformações que estão acontecendo no interior do próprio sistema capitalista. Novas formas de produção estão surgindo, principalmente com a facilidade das novas tecnologias e com a urgência da questão ambiental.
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