Vem aí mais um programa que mostra que os militares brasileiros vivem em um país bem diferente do que vive a população civil. Lá tem altos salários, hospitais exclusivos, vagas de uti reservada, aposentadoria recheada, e agora bolsa de pesquisa de R$ 1,6 milhão por ano. Isso mesmo. E tudo às custas da população. Aliás, esta semana, o general Pazuello conseguiu um cargo no governo Bolsonaro, após ser demitido do Ministério da Saúde. Não há crise nem culpa.

(foto marcelo camargo – ag brasil)

Mas voltando à bolsa-pesquisa, depois de retirar recursos dos pesquisadores civis das universidades brasileiras, o governo Bolsonaro prepara a transferência desses recursos para os militares. Segundo reportagem de Ana Clara Costa, na revista Piauí, dois programas de pesquisa estão sendo desenhados pelo Departamento de Ensino do Ministério da Defesa e pelos comandos das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) com o intuito de enviar pesquisadores militares ao exterior para desenvolver estudos em áreas consideradas estratégicas, como espacial, nuclear, de biossegurança, cibernética e de estudos estratégicos. Pesquisadores civis ligado a militares instituições militares poderão também ter esse benefício. Os programas chamados de Propex-Defesa e Pró-Estratégia, serão na modalidade doutorado-sanduíche e pós-doutorado e preveem custos que somam cerca 300 mil dólares por aluno, por ano (o equivalente a 1,6 milhão de reais anuais).

“Se for aprovado do jeito que está, cria uma distorção: pesquisadores civis e militares enviados por meio desses programas viajariam em condições de financiamento bem diferentes. O pesquisador militar, com a ajuda milionária do projeto das Forças, teria renda de 133 mil mensais (já incluído aqui seu salário). (…)A bolsa turbinada dos militares decorre de uma regra das Forças Armadas prevista na Lei de Retribuição no Exterior (LRE), em que todo militar enviado por mais de seis meses para fora do país, em missão ou curso, recebe uma série de benefícios, como auxílio moradia, que varia entre 40 mil e 50 mil dólares, ajudas de custo compatíveis com o número de dependentes presentes na viagem, além de uma equiparação salarial no país de destino. Se um coronel do Exército recebe vencimentos de 12 mil reais no Brasil, receberá um valor próximo de 12 mil dólares se o curso for nos Estados Unidos. O valor pago no exterior é a título de indenização, ou seja, não há necessidade de prestação de contas”, anota a reportagem.

No Brasil dos militares, também entram no pacote a passagem aérea e o seguro-saúde. O valor total é, em média, de 250 mil dólares, mas pode escalar até 300 mil no Exército, segundo informaram militares participantes das reuniões. “Até o momento, a Capes se comprometeu a investir 5,2 milhões de reais no Propex, enquanto, no Pró-Estratégia, foram prometidos 6,15 milhões de reais, sendo 3 milhões reais do CNPq, 3,05 milhões de reais do MCTI e 100 mil reais do GSI”. (Veja reportagem AQUI)