Durante todo o período de 2019, a música de concerto manteve-se envolta às lembranças e à genialidade de Claudio Santoro. Seja como violinista, compositor, maestro ou professor, o músico mantém um legado entre óperas, sinfonias e centenas de obras de embates estéticos e políticos. Entre os registros datados pelo último ano, encontram-se o centenário de nascimento do amazonense; os 30 anos do falecimento dele; e a comemoração das quatro décadas de fundação da Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS).

Ilustração de Margaret Mee na capa do álbum

Ainda jovem, o artista inquieto e polivalente ganhou uma bolsa de estudos pelo governo do Amazonas, a qual o levou a formar-se musicalmente no Rio de Janeiro. Tão logo, ganhou o mundo das partituras e da arte das regências. Em quase 70 anos de vida, distribuídos em diferentes fases criativas, estima-se que Santoro tenha composto mais de 500 obras, dentre as quais, estão cerca de 60 canções. No entanto, com exceção dos títulos produzidos ao lado do poeta Vinicius de Moraes, nos ciclos Canções de Amor e as Três Canções Populares, outras peças ainda seguem desconhecidas.

A partir de estudos no acervo pessoal do cravista Alessandro Santoro, filho de Claudio, o pianista Nahim Marun e a pesquisadora Camila Fresca fizeram um levantamento de canções para delinear e celebrar a versatilidade do compositor brasileiro. Durante esta peregrinação musical, 18 obras inéditas foram identificadas e, junto às 13 canções concebidas da parceria entre o maestro e Vinicius de Moraes, nasceu o disco duplo Jardim Noturno – Canções e Obras para Piano de Claudio Santoro. Lançado pelo Selo Sesc e tendo como intérpretes o cantor lírico Paulo Szot e o pianista Nahim Marun, o projeto traz as canções de Claudio Santoro intercaladas por peças para piano solo. O álbum chega ao Sesc Digital no dia 7 de agosto e nas demais plataformas de streaming em 12 de agosto.

Único brasileiro vencedor do Tony Awards em 2008, na categoria de Melhor Ator em musicais e a primeira voz masculina a cantar no Metropolitan Opera de Nova Iorque, o barítono paulistano Paulo Szot usa a sensibilidade lírica acompanhada do piano de Marun para homenagear o compositor amazonense. “É um privilégio e um sonho poder registrar a beleza da música de Claudio Santoro. Procuramos, com enorme admiração pelas obras, oferecer diferentes fases do autor, buscando uma narrativa singular para ilustrar o diálogo tão sensível e peculiar do Claudio Santoro entre o canto do piano e da voz”, afirma.

Para o pianista Nahim Marun “o cancioneiro de Santoro abre um espaço musical íntimo, delicado e cheio de belas surpresas. Cada nota, cada frase, cada detalhe traduz com sofisticação os múltiplos significados da poética. Em contraponto, as peças para piano solo, com seu caráter anguloso, rústico e solar, se entrelaçam com os ciclos e canções, imprimindo um sotaque pianístico bem brasileiro ao imaginário exuberante do Jardim Noturno.”

Claudio Santoro estudou com o alemão Hans-Joachim Koellreutter; participou da vanguarda musical como integrante do grupo Música Viva; aderiu ao dodecafonismo, ao tonalismo e pós-tonalismo; estudou com a compositora francesa Nadia Boulanger; e firmou-se na estética do realismo socialista. Com o enfraquecimento da ditadura militar, em 1978, Santoro deixou a Europa e retornou ao Brasil. Na década seguinte, dedicou-se a ensinar jovens músicos, a compor intensamente e reviver a sublimação de todas as fases musicais anteriores. No dia 27 de março de 1989, enquanto conduzia o ensaio da Orquestra Nacional de Brasília, no pódio do Teatro Nacional da cidade, um infarto fulminante o levara embora.

A partir deste registro encabeçado por Paulo Szot, Nahim Marun e o Selo Sesc, é possível acompanhar as diferentes fases criativas pelas quais Santoro passou, seguidas por canções de uma série de primeiras gravações mundiais. Entre prêmios, sinfonias e percursos estético-criativos, Claudio Santoro (1919-1989) segue como um dos maiores compositores nacionais.

Repertório do álbum

CD 1

Três canções populares / 1957-58 / CLAUDIO SANTORO & VINÍCIUS DE MORAES
Luar de meu bem
Amor em lágrimas
Cantiga do ausente

Frevo / 1953 CLAUDIO SANTORO – piano solo

Canções de amor (1ª série) / 1957-58 / CLAUDIO SANTORO & VINÍCIUS DE MORAES
Ouve o silêncio
Acalanto da rosa
Bem pior que a morte
Balada da flor da terra
Amor que partiu

3 Paulistanas / 1953-54 CLAUDIO SANTORO – piano solo
nº1, Lento
nº2, Moderato – Tempo de Catira
nº6, Chôro – Vivo

Canções de amor (2ª série) / 1957-59 / CLAUDIO SANTORO & VINÍCIUS DE MORAES
Jardim noturno
Pregão da saudade
Alma perdida
Em algum lugar
A mais dolorosa das estórias

Toccata / 1954 CLAUDIO SANTORO – piano solo

Meu Amor me Disse Adeus / 1960 / CLAUDIO SANTORO & GISÈLE SANTORO

Imitando Chopin / (sem data) / CLAUDIO SANTORO – piano solo

Não te digo adeus / 1948 / CLAUDIO SANTORO & JORGE AMADO

CD 2

Tríptico / 1985 / CLAUDIO SANTORO & ALBERTO DA COSTA E SILVA
Vigília
Fragmento para um réquiem
O amante

Batucada (No Morro das Duas Bicas) 1948 CLAUDIO SANTORO – piano solo

Canção da fuga impossível / 1953 / CLAUDIO SANTORO & ARY DE ANDRADE

Irremediável canção / 1953 / CLAUDIO SANTORO & ARY DE ANDRADE

Levavas a madrugada / 1956 / CLAUDIO SANTORO & ARY DE ANDRADE

Dança Brasileira nº1 1951 / CLAUDIO SANTORO – piano solo

Dança Brasileira nº2 1951 / CLAUDIO SANTORO – piano solo

Eu não sei / 1966 / CLAUDIO SANTORO & RIBEIRO DA COSTA

Dois Prelúdios / CLAUDIO SANTORO – piano solo
Prelúdio nº4, Dança Rústica (1ª série) 1948
Prelúdio nº6, Andante, molto apassionato (2ª série, 1º caderno) 1958

Fantasia Sul América / 1983 / CLAUDIO SANTORO – piano solo

Dois Estudos / CLAUDIO SANTORO – piano solo
Estudo nº1, Allegro Molto 1959
Estudo nº2, Lento (Vivo) 1960

Wanderers nachtlied / 1989 / CLAUDIO SANTORO & JOHANN WOLFGANG VON GOETHE

Ficha Técnica

Concepção do projeto: Nahim Marun, Paulo Szot e Camila Fresca Acervo e consultoria: Alessandro Santoro
Produção musical: Swami Jr.
Editoração e transposição: Marco Ruviaro Revisão das partituras: Alessandro Santoro Fotos: Priscila Prade
Textos e Revisão: Camila Fresca e Ana Guariglia Desenhos de Margaret Mee
Diretora de produção: Jeanne de Castro Assistente de produção: Francesca Ribeiro Projeto gráfico e capa: Alexandre Calderero
Gravação por Douglas Fonseca e André Mehmari no Estúdio Monteverdi em Mairiporã, em julho de 2019
Edição: Douglas Fonseca
Mixagem e masterização por André Mehmari no Estúdio Monteverdi em março de 2020

Lançamento do álbum

Jardim Noturno – Canções e Obras para Piano de Claudio Santoro
A partir de 7/8 no Sesc Digital
A partir de 12/8 nas plataformas de streaming

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