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Rejeição a Bolsonaro é de quase 50% e representa o dobro dos que rejeitam o PT

A vitória do bolsonarismo nas eleições passadas, e que representa uma minoria da população, foi uma aberração política que chegou ao poder somente por causa da manipulação de juízes e procuradores facciosos. Esse é o resultado que a pesquisa Vox Populi revela. Em texto de Marcos Coimbra, ele traz uma pesquisa que mediu o antibolsonarismo e o antipetismo.

(foto ricardo stuckert – il)

Na mais recente pesquisa do instituto Vox Populi, antibolsonaristas e antipetistas foram definidos como a soma daqueles que “detestam” ou “não gostam, sem chegar a detestar” de um ou outro. No primeiro caso, do personagem em si, seu comportamento e as coisas que fala (dado que o capitão nem sequer está filiado a um partido). No segundo, do partido propriamente dito.

Nesses termos, são antibolsonaristas 47% dos entrevistados, enquanto 25% podem ser considerados antipetistas. Ou seja, aqueles que nutrem sentimentos negativos em relação a Bolsonaro somam cerca do dobro dos que antipatizam ou desgostam do PT. Vice-versa, 38% dizem “gostar muito” ou “gostar, sem ser muito” do PT e 28% de Bolsonaro.

Em relação ao PT, esses resultados, do fim de 2019, são quase idênticos aos de cinco anos atrás: em maio de 2015 (em pleno desgaste da imagem de Dilma Rousseff ), 31% dos entrevistados, empregando a mesma métrica, podiam ser considerados antipetistas, taxa que permaneceu sem mudar até as vésperas da eleição passada (em outubro de 2018, estava em 29%). Como se vê, os números não sugerem que tenha ocorrido, ao longo de 2018, uma elevação significativa do antipetismo capaz de explicar a vitória de Bolsonaro.

Note-se que haver uma proporção estável, de pouco menos de um terço de antipetismo em nossa sociedade, faça chuva ou faça sol, não significa imaginar que os dois terços restantes são eleitores que, em algum momento, o partido teve e perdeu. Em nenhuma eleição nacional, desde 1989, o PT conseguiu mais de 60% dos votos válidos ou mais de 46% do voto total, o que significa dizer que, no mínimo, 40% dos eleitores que compareceram às urnas (ou 54% dos cidadãos aptos a votar) não votaram em um candidato do PT (estamos falando de Lula em 2006, contra Alckmin no segundo turno, o melhor resultado obtido pelo partido em todos os tempos).

Hoje, uma parcela expressiva do antipetismo brota de quem gosta de Bolsonaro, mas não a totalidade: entre os 25% antipetistas, 16% (ou seja, dois terços) são bolsonaristas, mas há 9% que não gostam ou repudiam Bolsonaro (entre os quais estão 4% que rejeitam ambos, simultaneamente). O antibolsonarismo, por sua vez, abriga maior diversidade: 40% daqueles que não gostam ou detestam Bolsonaro não simpatizam ou se identificam com o PT.

Bolsonaro e sua claque representam uma minoria que chegou ao poder depois de uma sucessão de manipulações: juízes e procuradores facciosos condenaram e prenderam Lula, impedindo o PT de disputar com seu candidato natural, os militares ultrarreacionários proibiram o ex-presidente de falar, Bolsonaro escondeu-se do debate público e, para arrematar, trapacearam a eleição com toneladas de fake news contra Fernando Haddad, despejadas com grana ilegal e o beneplácito dos empresários da fé evangélica. Enquanto isso, a “grande imprensa” olhava para o lado e fingia que nada via. Chega a ser cômico afirmar que o antipetismo é a causa da vitória do capitão.

A turma de Bolsonaro pode querer desfechar um golpe para estabelecer uma ditadura e pode até conseguir. Mas uma coisa é certa: não será porque “o povo quer” ou “em resposta aos anseios populares”, como os militares gostavam de dizer a respeito de suas intervenções na política antes de 1964. Se depender da escolha livre do eleitorado, o pesadelo bolsonarista será breve. (Veja texto integral na Carta Capital)

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