O Instituto Pavão Cultural, localizado em Barão Geraldo, “abraça” março como o Mês da Mulher. A próxima exposição do espaço, aberta ao público no dia 6 de março, será Proximidades Desiguais, com obras produzidas por 15 artistas mulheres, em técnicas e dimensões variadas. A curadoria é do artista plástico e professor da Unicamp Sérgio Niculitcheff.  

Lygia Eluf

Participam de Proximidades Desiguais as artistas Ana Calzavara; Fernanda Pupo; Júlia Stradiotto; Julia Goeldi; Lilian Walker; Luise Weiss; Lygia Eluf; Maria Bonomi; Natalia Gregorini; Paula Almozara; Paula Chimanovich; Rochelle Costi; Sylvia Furegatti; Renina Katz e Vania Mignone.   

A arquiteta Teresa Mas, gestora do Pavão em sociedade com o também arquiteto Mário Braga, comenta que desde a inauguração do espaço, em março de 2019, havia o planejamento de uma exposição dedicada com exclusividade à produção artística feminina.  

“Naquele momento, nosso pensamento era de diversidade (DiversoDiversão foi o nome de nossa primeira expo). Desde então, já idealizávamos que nesse ano, 2020, em março, a temática seria feminina. Para conseguir um recorte interessante num universo tão vasto, achamos que precisaríamos de uma curadoria independente da nossa gestão e de alguém com conhecimento para reunir obras relevantes não pelo único fato de terem sido criadas por mulheres, mas por sua importância em si. Algumas pessoas podem questionar que o curador seja homem, mas eu vejo com interesse que tenhamos essa troca, que homens tenham como tarefa estudar o universo feminino”, reflete Teresa. 

Lilian Walker

A curadoria de Niculitcheff abrange obras de expoentes de várias gerações, como artistas com menos de 30 anos e veteranas como Renina Katz, gravadora, desenhista, ilustradora e professora nascida em Minas Gerais em 1925 e ainda em atividade, e sua contemporânea Maria Bonomi, italiana de 85 anos que se consagrou na gravura e escultura.  

Niculitcheff acrescenta que sua seleção considerou inclusive a variedade de técnicas. “Neste momento especial da contemporaneidade, vislumbramos no fazer artístico uma enorme permeabilidade no uso de procedimentos e materiais, e ao mesmo tempo uma ausência de paradigmas. Em uma dinâmica em constante mutação, nunca se produziu tanto e de maneiras tão diferenciadas, sem estéticas preponderantes. Esta mostra se propõe reunir obras de um conjunto de artistas numa abordagem específica que vislumbre um pequeno segmento do que é produzido hoje na arte brasileira”, diz o artista plástico. 

Assim, continua ele, “a exposição foi pensada e se apresenta como um dos recortes possíveis dentro de inúmeras produções que divisamos na atualidade, distintas tanto nas investigações poéticas quanto nas questões técnicas e de materiais utilizados”.  

Sobre as artistas, Niculitcheff comenta que “além do fato de serem mulheres, todas demonstram qualidades intrínsecas, contrapondo jovialidade e experimentação com maturidade e sabedoria formal. Cada uma delas, à sua própria maneira, apresenta em sua produção qualidades explícitas, respondendo a questões poéticas da atualidade. O individual refletindo o universal e reverberando no coletivo, proporcionando obras sensíveis, contundentes, instigantes e inovadoras.” Daí o título, Proximidades Desiguais.   

Renina Katz

Obras expostas  

Entre as peças estarão a série em óleo sobre tela “Mais um passo e se desfaz”, de Ana Calzavara; a aquarela “Casquinha (I)” com tule bordado, linha e miçangas sobre papel de Julia Stradiotto; a gravura digital “Rio das Almas”, de Lygia Eluf, e “Pequena coleção de cenas cotidianas #1”, transferência de fotografia por meio de impressão lito offset sobre chapa de alumínio reciclada, assinada por Paula Almozara. 

Julia Stradiotto
Paula Almozara

Luise Weiss leva a xilogravura “Barco” e Lilian Walker, “Humosa”, da série “Crosta”, tinta óleo e impressão fotográfica em tela. Maria Bonomi participa com a litografia “Os seios de Vênus”, e Paula Chimanovitch, com “Mula sem cabeça e Jorogumo (Jogando)”, acrílica sobre tela.  

Rochelle Costi leva um print analógico da série “Uma festa – Cofre”; Sylvia Furegatti, a impressão fine art “Hojas (cimento)”, e a litografia “Limiar” é a participação de Renina Katz.  

Rochelle Costi
Sylvia Furegatti

Vânia Mignone leva quadro sem título em técnica mista sobre papel, e Fernanda Pupo, um sem título em carvão e tinta acrílica sobre papel. Natalia Gregorini entra com as inusitadas peças de “Memória, corpo, casa”, matrizes e impressões de gravura em embalagem longa vida. 

Fernanda Pupo

Programação 

Durante o mês de março, o Pavão dedica toda sua programação cultural ao universo feminino. “Os shows, por exemplo, terão destaque para voz ou composição de mulheres, mesmo que haja homens como intérpretes”, adianta Teresa Mas. A agenda do Instituto é divulgada semanalmente nas redes sociais (@pavaocultural no Facebook e no Instagram).  

O evento de destaque será o MulherADA Tec, promovido pela agência NuminaLabs no dia 7 de março, das 17h às 22h, com seis produtoras de conteúdo e pesquisadoras que falarão, em palestras curtas no formato TED Talk, sobre temas relacionados a computadores, arqueologia, AI, cultura hacker, Machine Learning, psicologia e muito mais.  

Participam do MulherADA – cujo nome homenageia a pioneira da computação Ada Lovelace – Camila Laranjeiras, da Bahia, mestre em Ciência da Computação que fala de tecnologia no canal Peixe Babel no YouTube; Virgínia Fernandes, de Minas Gerais, professora universitária e doutora em Ciência da Computação, também do Peixe Babel; Márcia Jamille, de Sergipe, mestre em Arqueologia, do blog Arqueologia Egípcia, agora também no YouTube; Rita WU, de São Paulo, arquiteta, designer e pesquisadora que em seus trabalhos explora a relação entre corpo, espaço e tecnologia através de interfaces vestíveis; Ana Carolina da Hora, do Rio de Janeiro, estudante de Ciência da Computação, influenciadora e voluntária em Iniciativas que incentivam a inserção de meninas e mulheres na tecnologia.  

A sexta participante é prata da casa: Sandra Ávila, doutora em Ciência da Computação e professora da Unicamp que participa do desenvolvimento de um software capaz de agilizar diagnósticos de melanoma (câncer de pele). 

Os ingressos valem R$ 30 e incluem uma breve apresentação da exposição Proximidades Desiguais, feita pela equipe de arte-educadores do Pavão para o público que puder chegar mais cedo – com pelo menos uma hora de antecedência. Os lugares para o MulherADA são limitados. Inscrições pelo link https://www.sympla.com.br/encontro-mulherada-tec__791827

O Pavão conta ainda com serviço de bar e petiscos e aceita cartões de débito e crédito. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Exposição Proximidades Desiguais 

Data: 6 de março a 2 de maio de 2020 

Horários: de quarta à sexta-feira, das 13h às 20h, e aos sábados, das 11h às 17h.  

Entrada gratuita

Local: Instituto Pavão Cultural, Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708, Cidade Universitária, Barão Geraldo. Campinas, SP

Telefone: (19) 3397-0040 (atendimento das 10h às 18h)  

WhatsApp: (19) 99633-4104 

Site: pavaocultural.org 

Facebook e Instagram: @pavão cultural