Em São Paulo – Ao longo do mês de novembro, o IMS Paulista apresenta um recorte da obra de Bruce Conner (1933 – 2008), artista norte-americano conhecido por seu trabalho com cinema, montagem, desenho, escultura, pintura, colagem, fotografia e brincadeiras conceituais.

Cena de CROSSROADS, de Bruce Conner

Com uma obra iniciada nos anos 1950, Bruce Conner foi múltiplo ao longo de quase 60 anos de carreira como artista visual e cineasta experimental. Esta última faceta de Conner será explorada na mostra de cinema do IMS Paulista. Dividido em quatro programas, os filmes fazem uso de diversos tipos de materiais (cinejornais, propaganda, filmes militares, etc) para discutir desde eventos políticos marcantes da história dos EUA, como o assassinato de John F. Kennedy (REPORT, TELEVISION ASSASSINATION) e experimentos nucleares no Atol de Bikini (CROSSROADS) a apresentações e estudos do corpo feminino (BREAKAWAY), sempre de forma a desconstruir os dados do real a partir da montagem.

A obra do artista foi recentemente restaurada pela UCLA, e parte dela será apresentada pela primeira vez no Brasil. Realizada em parceria com a Galeria Bergamin & Gomide, a programação inclui ainda O digital explosivo inevitável, uma performance documental de Ross Lipman que comenta o processo de restauração e as particularidades de um dos filmes mais consagrados de Conner, CROSSROADS.

“Operation Crossroads” (Bruce Conner | EUA | 1976, 37′, DCP) foi o nome dos dois primeiros testes nucleares que os Estados Unidos realizaram no atol de Bikini, nas ilhas Marshall, entre 1946 e 1958. As bombas detonadas tinham um potencial explosivo equivalente a 23 milhões de toneladas de TNT – o mesmo que o ataque em Nagasaki. Mais de 700 câmeras e aproximadamente 500 operadores de câmeras cercaram o local do teste. Quase metade do estoque mundial de negativo fílmico estava em Bikini, tornando esse evento o momento mais minuciosamente fotografado na história até então.

Bruce Conner encontrou uma beleza cataclísmica nas imagens de arquivo liberadas pelo governo desses testes. Vinte e três tomadas da mesma explosão, feitas em diferentes velocidades, ângulos e distâncias, do céu, do mar e da terra, foram montadas e combinadas com a trilha original composta por Patrick Gleeson e Terry Riley.

O digital explosivo inevitável (Ross Lipman | EUA | 2017, 49’, DCP) é uma performance filmada, um ensaio documentário ao vivo do artista Ross Lipman. Ele foi um dos responsáveis pela restauração de Crossroads, filme de Bruce Conner, realizado a partir das imagens de arquivo dos testes nucleares feitos pelo governo dos Estados Unidos nas ilhas Marshall, entre 1946 e 1958. Integrando uma série de filmes, clipes de áudio, fotografias, entrevistas e documentos raros, Lipman revela aspectos surpreendentes sobre o experimento nuclear e a restauração de Crossroads.

Mais informações sobre a programação e ingressos no SITE do IMS Paulista. (Carta Campinas com informações de divulgação)