Em São Paulo – De 16 a 28 de outubro, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-SP) recebe a 14ª Mostra Mundo Árabe de Cinema.

Cena do filme “Campos da liberdade”, de Naziha Arebi

Consolidada no calendário cultural da cidade de São Paulo, a Mostra Mundo Árabe reafirma sua importância na divulgação do cinema dos países árabes no Brasil.

Em sua 14º edição traz a realidade de países árabes e seus desafios pela visão de cineastas tunisianos, egípcios, palestinos, brasileiros, libaneses, entre outros, em três blocos temáticos: “A Memória e seus encontros”; “A Chama da Insurreição”; e “Do Limite ao Deslocamento”.

A programação ainda inclui dois debates. Veja abaixo mais detalhes e a programação completa:

Programação

16/10 – Quarta

17h00 – A Lei do Cordeiro (curta) e Esperança em Chamas

19h00 – Um Sentimento maior que o amor

17/10 – Quinta

17h00 – Rosas Venenosas

19h30 – Dream Away

18/10 – Sexta

15h30 – Campos da Liberdade

17h30 – Além do Véu (curta) e Corpo Estrangeiro

19h45 – Cine-conversa/Debate: Joy Ernanny (cineasta) e Mona Hawi (linguista)

19/10 – Sábado

14h30 – Curtas: A Lei do Cordeiro / Além do Véu / Seu pai nasceu com 100 anos, assim como Nakba / Aya

16h00 – Esperança em Chamas (seguida de debate)

17h30 – Debate: Lotfi Achour (cineasta “Esperança em Chamas”) e Prof. Dr. Salem Hikmat Nasser (Prof. de Direito Internacional FGV)

19h00 – Os Relatórios sobre Sarah e Saleem

20/10 – Domingo

16h00 – Ouroboros

18h30 – Caçando Fantasmas

21/10 – Segunda

17h30 – Panoptic

19h30 – Uma Substância Mágica flui em mim

23/10 – Quarta

17h30 – Ali, a Cabra e Ibrahim

19h30 – Rosas Venenosas

24/10 – Quinta

17h30 – Ouroboros

19h15 – Dream Away

25/10 – Sexta-Feira

17h30 – Uma Substância Mágica flui em mim

19h15 – Ali, a Cabra e Ibrahim

26/10 – Sábado

15h00 – Meu Tecido Preferido (Sessão Acessível)

17h00 – Sobre Pais e Filhos

19h15 – Corpo Estrangeiro

27/10 – Domingo

16h30 – Benzina

18h30 – Campos da Liberdade

28/10 – Segunda-Feira

17h00 – A Memória da Guerra Civil no Líbano

19h15 – Um Sentimento maior que o amor

Sinopses

  1. Rosas Venenosasde Fawzi Saleh

2018, 70 min, drama/ Egito / França / Catar / Emirados Árabes Unidos / 14 anos

Elenco: Mohamed Berakaa, Safaa El Toukhy, Ibrahim El-Nagari

Sinopse: Muito ligada ao irmão mais novo, Saqr, pelo qual nutre um amor quase obsessivo, Taheya não quer que ele troque o desagradável e miserável distrito de curtume no Cairo, onde vive e trabalha, pela Itália como imigrante ilegal. Junto ao almoço que leva diariamente ao irmão, ela tenta convencê-lo que, sem ela, Saqr passará fome. Filmada em locação, a saga de Taheya pelos becos estreitos e ruas fétidas serve, também, para o diretor Fawzi Saleh apresentar um impactante filme-denúncia que retrata a miséria no Egito, em imagens de forte apelo estético. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional do Cairo e foi indicado a melhor filme no Festival de Roterdã.

  1. Ouroboros, de Basma Alsharif

2017, 75 min, experimental / Palestina / 14 anos

Sinopse: O título desta obra experimental vem da mitológica imagem egípcia de uma cobra devorando sua própria cauda, o que simboliza tanto a aniquilação quanto a renovação, fim e começo. Com especial atenção à Faixa de Gaza, o filme aposta nos deslocamentos de seres em espaços (e de espaços). Concentrando-se num homem que atravessa o planeta para lidar com sentimentos ruins que partem e voltam. A experiência gera um exercício que reinventa a geografia, torna primas Los Angeles e uma cidade árabe arruinada pela guerra, abolindo assim fronteiras e distinções, talvez apontando uma errância infinita, mas também uma possível esperança. Trabalho poético, Ouroboros confirma a ideia de que, no cinema, a estética é política.

  1. Campos da Liberdade, de Naziha Arebi

2018, 98 min / documentário / 14 anos / Libia / Reino Unido

Sinopse: Naziha Arebi acompanhou, por cinco anos, três mulheres de um time de futebol na Líbia logo após a queda de Gaddafi, em 2011. Além de observá-las em seus sonhos, dramas e representatividade feminina, a cineasta também conseguiu registrar um arco histórico que partiu do entusiasmo da Primavera Árabe a um esmorecimento diante de uma realidade conservadora bastante hostil. As jogadoras, portanto, chegam após esses anos ainda como uma grande força de união, altivez e resistência feminina.

  1. A Lei do Cordeirode Lotfi Achour

2016, 15min, drama / 14 anos / Tunisia / França

Sinopse: Um idoso e seu neto seguem por estrada no deserto da Tunísia a caminho do mercado para vender suas ovelhas quando são parados pela polícia rodoviária. A caminhonete está velha e avariada, e, para seguir viagem, os policiais oferecem um acordo incomum. Filme indicado a Palma de Ouro de melhor curta-metragem no Festival de Cannes.

  1. Esperança em Chamas, de Lotfi Achour

2017, 85 min, drama / 14 anos / Tunísia

Sinopse:A forte, apesar de inesperada, amizade entre duas jovens e um adolescente que se conhecem ao acaso, seguindo um rumo incerto pelas ruas de Túnis, é vista “de fora”, através de uma investigação policial, e também de forma mais íntima e junto a esses personagens. A história dessas três pessoas e seus desencantos e esperanças é a história da Tunísia, hoje lidando com suas contradições históricas após a esperançosa Revolução de Jasmim, que, como todas da Primavera Árabe, teve suas aspirações progressistas comprometidas pelas guerras, crise econômica e recrudescimento do conservadorismo. Além do vulto político, o filme, primeiro longa-metragem do diretor, também faz uma importante escolha de política da imagem ao dedicar maior atenção às personagens femininas, ilustrando a condição da mulher na era das pós-revoluções.

  1. Dream Awayde Marouan Omara & Johanna Domke

2018, 86 min, Documentário ficcionalizado. Alemanha / Egito / 14 anos

Sinopse: Na ponta sul da Península do Sinai, a egípcia Sharm El Sheikh até não muito tempo atrás era para o turismo milionário a melhor opção de resort de verão, com seus hotéis luxuosos sempre lotados. Mas a onda revolucionária da Primavera Árabe acabou tirando essa preciosa marca da também conhecida como “Cidade da Paz”. O cineasta Marouan Omara e a artista visual Johanna Domke juntaram seus talentos artísticos e foram até os resilientes funcionários que permaneceram, deslocados, nesses hotéis abandonados, imersos entre desilusão e sonhos. Os realizadores investigam local e pessoas em viés documental, mas também recorrem à ficção para construir uma imagem “mais fiel aos fatos” sobre a atípica e surreal situação desse balneário e seus seres esquecidos.

  1. AyadeMoufida Fedhila

2017, 24min, Drama. Tunísia, Catar / 14 anos

Sinopse: Aya, como toda criança de 6 anos, é muito curiosa, questionadora e levemente rebelde. Ao controle severo do pai, que impõe na casa o regramento salafista, a menina e sua mãe mantêm uma forte cumplicidade. Aya, então, cisma que, mesmo criança, ela pode ver Alá. Uma das grandes realizadoras de um cinema de temática feminina que vem crescendo no Mundo Árabe, Moufida Fedhila baseou-se em fatos reais e no crescimento do conservadorismo na Tunísia dos últimos anos, para construir este sensível conto sobre o modo como as crianças reagem às contradições da vida adulta (e da religião) e, principalmente, sobre a condição da mulher numa determinada cultura islâmica mais fundamentalista.

  1. Além do Véude Joy Ernanni

2018 / 18 min / Estados Unidos / Documentário / 14 anos

Sinopse: Em um momento de crescente islamofobia nos Estados Unidos, as muçulmanas de Nova York encontram refúgio em um salão de beleza. Sob o comando de uma empreendedora muçulmano-americana determinada, Le’Jemalik é o primeiro salão exclusivo para mulheres: lugar onde é possível remover o véu e desfrutar de serviços de beleza halal (palavra em árabe que significa permitido, autorizado e indica que certos procedimentos respeitaram os princípios do islamismo)

  1. Caçando FantasmasdeRaed Andoni

2017/ França, Palestina, Suiça, Catar / 94 min / Documentário/14 anos

Sinopse: O diretor palestino parte de uma imagem que o assombra, a de um jovem algemado e encapuzado no pátio de uma prisão, para discutir sobre o Al-Moskobiya, o principal centro de interrogatório de Israel, onde ele próprio esteve preso aos 18 anos. Andoni, então, convida um grupo de ex-prisioneiros para reencenar a experiência, num forte exercício cinematográfico que, reavivando memórias, engendra técnicas de documentário, ficção e até mesmo animação. Melhor documentário no Festival Internacional de Berlim (Berlinale) 2017 e indicado a Melhor Filme Estrangeiro no 91º Oscar.

  1. Corpo Estrangeirode Raja Amari

2016/ França, Tunisia / 92min / Drama / 14 anos

Sinopse: Fugindo da Tunísia, por conta da Revolução de Jasmim, Samia chega ilegalmente à França, onde tentará se adaptar a outros costumes e cultura. Buscando independência e liberdade, que não possuía na terra natal, ela terá de lidar com uma relação confusa entre o amigo que lhe deu casa, Imed, e a patroa francesa, Bertaud, o que a deixará dividida entre suas crenças religiosas e um inesperado desejo sexual. O filme teve seleção Oficial do Festival Internacional de Cinema de Toronto 2016 e da seção Fórum do Festival Internacional de Berlim (Berlinale) 2017.

  1. Meu Tecido Preferidode Gaya Jiji

2018 / França, Alemanha, Turkey / 2018 / 95 min / Drama / 16 anos

Sinopse: A jovem Nahla encontra, quando eclode a guerra civil em seu país, uma chance de sair do subúrbio onde mora, em Damasco, casando-se com Samir, expatriado sírio que vive nos Estados Unidos. Perdida, Nahla encontra refúgio numa vizinha de prédio, Jiji, que ambiciona abrir um bordel. O drama que chama a atenção para a desoladora situação da Síria, arruinada pelo conflito político. O filme teve seleção Oficial de Un Certain Regard do Festival de Cannes em 2018.

  1. Os Relatórios sobre Sarah e Saleem, de Muayad Alayan

2108 / Palestina, Holanda, Alemanha / México /2018 / 72 min / Drama /14 anos

Sinopse: Sarah é israelense e administra um café na Jerusalém Ocidental. Saleem é palestino da Jerusalém Oriental e trabalha como entregador. Apesar de serem de mundos separados, ambos arriscam tudo quando embarcam em um caso malvisto que pode destruir suas famílias. A partir de sua situação dramática o diretor Muayad Alayan expõe a realidade do tenso estado de coisas entre Israel e Palestina.

  1. Sobre Pais e Filhos, de Talal Derki

2017 / Alemana, Síria, Líbano /99 min / Documentário / 14 anos

Sinopse: Talal Derki retorna para a terra natal, a Síria, onde ganha a confiança de uma família radical islâmica, que o deixa acompanhar seu cotidiano por mais de dois anos. Sua câmera foca em Osama e seu irmão mais novo, Ayman, trazendo uma visão bastante rara sobre o que significa crescer em um califado islâmico, num filme que contribui para um melhor conhecimento sobre a cultura islâmica, vista de forma estereotipada. Indicado ao Oscar em 2019 como melhor documentário de longa-metragem.

  1. Benzina, de Sarra Abidi

2017 /Tunisia / 90 min / Drama / 14 anos

Sinopse: Na trama, Salem e Halima não têm notícias de seu filho, que migrou ilegalmente para a Itália há nove meses. A cineasta Sarra Abidi optou por mostrar a situação exasperante daqueles que ficam e intuem o pior dos parentes que partiram para um país desconhecido. Ambientado no sudeste da Tunísia, o filme segue os itinerários de uma juventude e suas famílias numa região extremamente marginalizada. O filme recebeu os prêmios Muhr de melhor ator, atriz, direção, ficção e de júri especial, no Festival Internacional de Cinema de Dubai em 2017.

  1. Um sentimento maior que o amor, de Mary Jirmanus Saba

2017 / Líbano / 99 min / Documentário /14 anos

Sinopse: A inefável e violenta guerra civil ocorrida no Líbano, entre 1975 e 1990, apagou da memória acontecimentos singulares à história do país. Um deles foi a promessa de revolução popular que por pouco não aconteceu no início dos anos 1970, quando uma onda de paralisações e protestos por melhores condições de trabalho, por parte de operários e agricultores, esboçou uma ampla renovação que, lamentavelmente, foi brutalmente reprimida. Interessada não só em recuperar essa memória apagada como em historizar várias passagens do Líbano no século 20, a diretora Mary Saba faz um documentário ensaístico que se pergunta por onde começar e, através de materiais de arquivo e conversa com envolvidos, retornar e descobrir novos caminhos de luta para o Líbano atual. Vencedor do Prêmio FIPRESCI no Festival de Berlim 2017.

  1. Ali, a Cabra e Ibrahim, de Sherif Elbendary

2016 / Egito / França / Catar / Emirados Árabes Unidos / 98min / Drama

14 anos

Sinopse:Ali e Ibrahim são amigos e ambos são diagnosticados como “amaldiçoados” por um curandeiro, que lhes prescreve uma viagem ritualística para quebrar o feitiço. Acompanhados de Nada, uma cabra, estes dois incompreendidos seguirão uma rota entre o Mediterrâneo, Mar Vermelho e Nilo que será um grande processo de autodescoberta e de amizade. Assinada por Ahmad Elsawy, a trilha sonora é outro dado marcante neste sensível e bem-humorado roadmovie.

  1. Panoptic, de Rana Eid

2017 / Líbano / 79 min / Documentário / 14 anos

Sinopse: O filme é uma carta de Rana Eid ao falecido pai, militar que lutou na guerra civil do Líbano nos anos 80. Trata-se de uma tentativa da diretora se conciliar com o passado turbulento de seu país: uma nação que se abre à modernidade e, ao mesmo tempo, carrega intactos os vícios que a mantêm no atraso. Indicado a melhor filme, em 2017, no Festival Internacional de Cinema de Locarno, Suíça.

  1.    A Memória da Guerra Civil no Líbano, de Ghassa

2018 / Líbano / 76min / Documentário / 14 anos

Sinopse: O diretor Ghassan Halwani testemunhou, em 1983, o seqüestro de um conhecido, que desapareceu desde então. Há dez anos, sem muita certeza, Halwani aparentemente viu o rosto deste homem enquanto andava na rua. Partes de sua face foram arrancadas, mas feições permaneceram inalteradas. A impressão, contudo, sugeria que não era o mesmo homem. Ensaio documental que recorre a desenhos e filmagens reais para recuperar uma narrativa que jamais pode ser esquecida, a dos tempos de violência durante a guerra civil que abateu o Líbano.

  1. Uma Substância mágica flui em mim, de Jumana Manna

2015 / Alemanha, Palestina, Reino Unido, Suécia / 70 min / 14 anos

Sinopse: Com uma mistura de ficção e documentário, a diretora Jumana Manna explora diferentes tradições musicais das comunidades que vivem dentro e ao redor de Jerusalém, a partir da figura do etnomusicólogo judeu- alemão Robert Lachman (1892-1939) e de seu trabalho quando se mudou para a Palestina, em 1935. Prêmio de melhor filme no Festival de Cinema Independente de Buenos Aires.

  1. Seu pai nasceu com 100 Anos, assim como Nakba, de Razan AlSalah

2018/ Documentário ficcional / Palestina / 7min / 14 anos

Sinopse: Há anos fora de sua terra natal, a diretora palestina Razan Al Salah faz um documentário ficcional que viabiliza o desejo impossível de retornar a Haifa. Ela imagina sua avó regressando à cidade quando ainda estava viva, mas através do Google Streetview, único meio possível de ver a Palestina. A premiação de melhor curta metragem narrativo no Days of Cinema Palestine 2018 foi justificada pela “execução poética, multifacetada e requintada, tanto linguisticamente como esteticamente, num filme que traz uma experiência altamente pessoal”.

Mais informações no site oficial da Mostra. (Carta Campinas com informações de divulgação)