Qual a contribuição de uma filha de militar, simplesmente por ser filha de militar, para o Brasil? No Brasil bolsonarista, as filhas de militares continuam gerando um custo de cerca de R$ 5 bilhões por ano com pensões vitalícias, enquanto jovens pesquisadores têm suas bolsas, concedidas normalmente por apenas 36 meses, cortadas pelo governo. A bolsa é uma espécie de ‘salário’ precário: não tem adicional de férias, não conta tempo de serviço, não tem fundo de garantia e, se não fizer a pesquisa, tem de devolver o dinheiro ao governo.

(imagem ilustrativa: klimklin – pl)

Veja o exemplo de Tomaz Amorim, 31, que passou os últimos 12 anos estudando teoria literária alemã nas universidades públicas de São Paulo USP e Unicamp. Reportagem de Tatiana Farah, no Buzz Feed, mostra que Tomaz é especialista em Franz Kafka, aquele autor que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, confundiu com um prato árabe, a kafta e que passou nove meses escrevendo seu projeto de pós-doutorado. Tomaz passou em 1º lugar no concurso de bolsas do Instituto de Estudos de Linguagem (IEL) da Unicamp, mas perdeu sua bolsa, que já estava garantida. Foi cortada pelo governo Bolsonaro.

“O corte da bolsa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que lhe garantiria um valor mensal de R$ 4,2 mil para ter dedicação integral à pesquisa, aconteceu no último dia 1º. A bolsa simplesmente sumiu do sistema informatizado da Capes, mas não foi a única”, anota a reportagem.(LINK)

Já o valor médio da pensão de uma filha de militar é de R$ 5,3 mil. Algumas chegam a receber a estratosférica quantia, acima do teto constitucional, de até R$ 58 mil mensais.(Link). Enquanto isso, o governo Bolsonaro já cortou bolsas de 11,8 mil pesquisadores.

As filhas dos militares, como retratou reportagem de O Globo , o valor gasto com essas pensões passou de R$ 5 bilhões em 2017. A reportagem também mostra que a maioria dessas mulheres é casada e está em idade produtiva.

O privilégio das filhas dos militares foi cancelado no fim de 2000, mas será pago por décadas para as mulheres cujos pais já estavam na carreira. O Exército estima que, pelo menos até 2060, haverá filhas de militares com direito à pensão. Hoje elas são mais de 110 mil. (LINK)