Em novo vazamento do site The Intercept Brasil, procuradores da Lava Jato se articularam para vazar informações sigilosas da delação da Odebrecht para a oposição da Venezuela e fazer com que a população se ‘insurgisse’ contra o presidente Nicolás Maduro.

( foto: fabio rodrigues pozzebom -agência brasil – arte)

Segundo o site, após uma sugestão do então juiz Sergio Moro, em conversas privadas pelo aplicativo Telegram em agosto de 2017, os procuradores queriam fazer um vazamento cuja principal motivação era política, e não jurídica, e que os procuradores sabiam que teriam que agir nas sombras, de forma ilegal e conspiratória.

Com o sucesso da atuação política no Brasil, a derrubada do governo Dilma Rousseff em parceria com a grande mídia, principalmente a Rede Globo, a Lava Jato, sem modéstia, acreditava que poderia promover a derrubada do governo venezuelano de Nicolás Maduro.

Após discutirem o vazamento de forma clandestina, alguns procuradores temiam o efeito de grande proporções que poderia causar no país, principalmente porque a Venezuela vivia sob ataque econômico e político dos Estados Unidos. Mesmo com a ponderação dos procuradores, Dallagnol não recuou e indicou que seria um “direito” da população derrubar o governo a partir da conspiração dos procuradores brasileiros. “Quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgir”, afirmou Dallagnol após outros procuradores ponderarem sobre a ação ilegal de vazamento que a Lava Jato pretendia fazer.

Um procurador não identificado ponderou: “De qualquer forma, é preciso analisar bem os fatos, pois se estiverem sob sigilo do STF não será possível usar. Além disso Maduro tem imunidade e salvo por questões de direitos humanos, fica difícil processar, pelo menos enquanto estiver no poder.

A conspiração começou com uma mensagem do juiz Moro, que já pode ser considerado, após todos os vazamentos, o chefe clandestino da Lava Jato.

“Talvez seja o caso de tornar pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?”, sugeriu Moro ao coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol às 14h35 do dia 5 de agosto.

Deltan respondeu mais tarde, explicando como eles poderiam fazer a operação: “Naõ dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontãnea [à Venezuela] e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público”.

Ou seja, para esconder a ação política, eles mandariam para procuradores oposicionistas da Venezuela e eles tornariam público, tirando a Lava Jato de ser acusada de “violação de acordo”.

Antes, Deltan já havia ponderado a Moro, em meio a uma conversa sobre os vazamentos: “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”.

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