.Por Luís Fernando Praga.
Nem mais um pio!
Por ódio do canarinho
O pardal quer tudo pardo
E se consome sozinho,
Com tanto pardal do lado…
Tentou proibir o gorjeio,
Truculento, frio, fera!
Mas sente muito receio
Do voo e da primavera…
Vive com medo do ar puro,
A liberdade é um choque;
E pensa um mundo seguro
Com gaiola e com bodoque.
O pardal não faz canção
Nem sente que é passarinho!
E elegeu o gavião,
Por ódio do canarinho…
Será que sou eu?
E se o errado sou eu,
O incauto vilão daquela fita?
Serei o burro que desaprendeu
A xingar presidenta de “MALDITA!!”?
E se foi um engodo o meu conselho?
Se eu só busquei poder a qualquer custo?
Se eu só queria um mundo mais vermelho?
E se o mundo mais branco é o mais justo?
E se melhor nos fosse o traficante?
E se o Papa for mesmo o anticristo?
E se a prisão for mais aconchegante
Que a dura Liberdade em que insisto?
E se Jucá, o supremo e o escambau
Estancaram o mal com o Michel,
Num grande e bom acordo nacional?
E se honesto, mesmo, é o Geddel?
E se foi bom trocarmos o Pré-Sal
Por duas décadas de ignorância?
Se eu me ceguei aos riscos da URSAL?
Se o caminho do bem é a intolerância?
E se as milícias forem soluções
Pra essa violência que não para?
Se as Marielles são aberrações?
Se o ideal é atirar na cara?
Se essa bruta injustiça é um mistério
Escrito pelas sábias mãos de Deus?
E se Herodes mereceu o ministério…
E esses “cristãos” não foram fariseus?
E se o Olavo é quem sabe como faz,
E nós só aprendemos no castigo?
Se a Taurus restaurar a nossa paz?
E se o fascista for um bom amigo?
E se a ONU for mesmo comunista?
E se a igreja é a luz dos nossos dias?
E se o capeta for algum artista?
E se um vídeo pornô vem do Messias?
E se Jesus frequenta a goiabeira?
E se a Esfera plana é o correto?
E se a História é mesmo baboseira?
E se os cus se fecharem por decreto?
E se negro não for gente?
E se amar é fraqueza?
E se a miséria é um presente?
E se é bom quando a fome põe a mesa? …
Mas, se sou eu o tapado,
E o progresso é o passado,
E o querer bem é pecado,
Sigo bem aliviado
Pro meu lugar reservado
Nalgum inferno trocado,
E, espero, muito lotado,
Desse povo equivocado,
Lutador e engajado,
Que eu amo que seja errado!!!
Cansado…
Tristeza cansa demais,
Mas, quando paz não existe,
É mais bonito ser triste
Que ser alegre sem paz.
Já deu! O poder é do povo e pronto!
Prenderam Lula…
A espada da injustiça em nosso peito
E a mancha da vergonha já macula
As páginas da vida e do direito.
Entregues pela inércia da descrença,
A iniquidade nos tomou de assalto:
No mundo onde juiz vende sentença,
A liberdade está de “mãos ao alto!”
E os dias seguem como passa o aço:
Milímetro a milímetro mais perto
De um coração que bate sem espaço,
Mas que teima em bater pelo que é certo!
O tempo voa… o homem lá, na cela;
E lâmina, sem paz na trajetória,
Trespassa a carne, roça na costela
E chega a um triz do coração da História…
Só resta agora golpe derradeiro,
Para um banho de sangue e de verdade,
Até que o algoz do povo brasileiro
Mate outro símbolo da liberdade:
Com as armas do poder nas mãos do mal,
A menor rejeição ao capital,
E o que a gente disser, no tribunal
Ou fora dele, pode ser fatal!
Estamos todos presos e sem ar,
Já imobilizados pelo medo:
“Se quer viver, não pode respirar!”
E a cada anel entregue, vai-se um dedo.
O óbvio deixou de funcionar:
Clareza é uma iguaria indigesta;
E, enquanto nos deixamos dominar,
A vida hiberna e a morte faz a festa!
Já basta de fingir que foi “legal”!
Já basta de “não ver” o que se viu!
Pro fim dessa inação: GREVE GERAL!
E, por justiça, até GUERRA CIVIL!
A espada retrocede, se contida,
A mão sem coração que a manipula…
Pela honra de um povo e pela vida:
Elite desumana, solta o LULA!
