.Por Susiana Drapeau.

Fernando Haddad está certo quando diz que o antipetismo sempre existiu na sociedade brasileira. Mas o antipetismo de 2002 é bem diferente do antipetismo que permitiu o golpe parlamentar de 2016.

(imagem reprodução twitter via revista forum)

Se o PT não gastar esforços para entender profundamente o antipetismo, pode demorar mais algumas décadas para se firmar novamente como liderança política capaz de mobilizar a sociedade de forma consistente. Não basta culpar a Globo, é preciso entender, se for o caso, o que permitiu a construção antipetista promovida pela emissora.

A militância petista, em seu papel, despreza o antipetismo sem entendê-lo. Faz parte da disputa política, mas os dirigentes petistas precisam de pesquisas e investigação sobre esse antipetismo. Sair da bolha petista e tentar entender a extensão do problema. Não só entender, mas saber o que fazer.

Pode-se, por exemplo, tentar entender os níveis de antipetismo. O antipetismo que promove o ódio, difundido pela extrema-direita e privilegiados do sistema econômico, e o antipetismo fundado nas relações econômicas, religiosas, sociais e de parentesco. Mas como isso se mantém? Em que estruturas? Como enfrentar? Que estratégias? Basta esperar um Nobel da Paz? E se não vier? O que fazer?

Se tivesse conhecimento analítico do tamanho desse antipetismo, da capacidade de resistência e de aceitação de fake news, talvez tivesse estabelecido uma proposta parcialmente vitoriosa nas eleições de 2018.

Se não conhecer as possibilidades e potencial do antipetismo, o PT poderá continuar sendo derrotado nas próximas eleições.

É claro que o desgaste da extrema-direita no poder pode beneficiar o PT, mas se o nível do antipetismo estiver alto, há inúmeras outras alternativas dentro do campo conservador e neoliberal para ocupar esse espaço.

A derrocada da extrema-direita e seu desgaste abre um espaço para que a direita controle o país por várias décadas fazendo um contraponto e distribuindo migalhas ao povo, após o saque que será promovido pelo governo Bolsonaro.

Desgastar a extrema-direita pode ajudar o país a sair do estado de ódio em que se encontra, mas não é garantia nem vacina contra o antipetismo. Afinal, o que é isso chamado de antipetismo? A socióloga Sabrina Fernandes está tentando entender e classificar esse fenômeno em vídeo de 2018. Talvez seja um bom começo para chegar a um público mais amplo. Veja vídeo.