Por que Bolsonaro causa tamanha repulsa? Prepare o seu estômago

.Por Sandro Ari Andrade de Miranda.

Na Finlândia, país do mundo com uma das melhores qualidades de vida do planeta, a Primeira-Ministra utiliza o metrô cotidianamente. Não é um caso isolado, vários Chefes de Estado daquele país fizeram o mesmo por entender que isto está associado à essência democrática nacional. Para o Deputado Federal brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), em matéria publicada no jornal “O Dia”, do Rio de Janeiro, em 2013, isto seria inconcebível, pois para este “deputado não deve andar de ônibus”.

Aliás, essa é a afirmação menos absurda do parlamentar. O acervo de aberrações proferidas pelo mesmo são inconcebíveis para um ser humano dito civilizado. A apologia à tortura da Presidenta Dilma Rousseff na seção da Câmara de 17 de abril de 2016, que chancelou o afastamento da primeira do cargo maior da nação, não perde em nada, em termos de misoginia aos ataques feitos ao vivo à Deputada Federal Maria do Rosário (PT) e à jornalista Manuela Borges da Rede TV.

Contra a primeira ele disse em plenário: “não te estupro porque você não merece”. Já para a segunda afirmou em entrevista: “você é uma idiota. Você é analfabeta. Está censurada!”.
As mulheres, por sinal, são o alvo principal dos ataques de Bolsonaro. Quando da discussão sobre o aumento da licença maternidade ele afirmou: “mulher deve ganhar um salário menor porque engravida”.

Em entrevista ao Jornal Gaúcho Zero Hora, em fevereiro de 2015 disse literalmente: “Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade… […] Quem que vai pagar a conta? O empregador. No final, ele abate no INSS, mas quebrou o ritmo de trabalho. Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano. Por isso que o cara paga menos para a mulher!”.

Aliás, o mesmo deputado disse em discurso na Sociedade Hebraica, em abril de 2017, que o nascimento da sua única filha “foi uma fraquejada”, votou contra a Lei Maria da Penha, contra a legislação que dá direitos aos trabalhadores domésticos e contra as normas que beneficiam as mulheres vítimas de estupro no Sistema Único de Saúde.

Mas o rol de absurdos processados pelo candidato do PSL à Presidência é ainda maior. Em entrevista à Revista Playboy disse: “seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”.

Em entrevista à cantora Preta Gil afirmou que não corria o risco dos seus filhos se relacionassem com uma negra, “pois foram muito bem educados”. Além disso, foi processado por crime de racismo pela Procuradoria Geral da República em razão do mesmo discurso na Sociedade Hebraica, onde proferiu a seguinte frase: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem pra procriador ele serve mais. Mais de 1 bilhão de reais por ano é gastado com eles” [SIC].

O parlamentar também é conhecido por sua apologia à violência, ao uso de armas, ao espancamento de homoafetivos, à tortura, ao assassinato de presidiários, dentre outros. Além de defender abertamente a violação de direitos humanos, também propõe um programa de governo extremamente conservador, com o aumento da idade para aposentadoria, redução dos direitos trabalhistas e inversão tributária em favor dos mais ricos.

Um exemplo disto é a proposta de unificação da alíquota do imposto de renda que seria cobrado, também, das pessoas que ganham salário-mínimo. Isto resultaria na sobre tributação dos mais pobres e no favorecimento dos mais ricos.

Em âmbito internacional é visto como uma ameaça à estabilidade democrática latino-americana e, para alguns, como uma versão tupiniquim de Hitler, Mussolini ou Pinochet. Mas a grande maioria, guardadas as devidas proporções, fazem um comparativo com o direitista francês Jean Marie Le Pen. Por sinal, é importante lembrar que por um erro estratégico do Partido Socialista o neofascista francês chegou a ir para o segundo turno das eleições presidenciais em 2002.

Na época, ciente dos riscos e danos do retorno do fascismo (afinal o país foi destroçado pela ação militar hitlerista), ocorreu um movimento de salvação nacional em torno da candidatura de Jacques Chirac, resultando na queda no número de votos absolutos do candidato de extrema direita. Tudo indica que o Brasil deve seguir o mesmo caminho da França. Contudo, o estrago causado pelo avanço de Bolsonaro já está feito, pois a simples viabilidade eleitoral do mesmo representa um acirramento da intolerância e décadas de retrocesso civilizatório.