Na última discussão do ministro Luiz Roberto Barroso com Gilmar Mendes, não falou no campo da esquerda quem não apontasse o dedo contra Barroso.

Mas atacá-lo nesse momento, em que ele redefine Gilmar Mendes, é como sair em defesa do jurista do Mato Grosso que foi um dos grandes responsáveis pela crise jurídica do Brasil.

Gilmar Mendes é o grande patrono da crise brasileira. Sem Gilmar Mendes não existiria Sérgio Moro, nem procuradores que acusam sem provas, escrevem que não tem provas e pedem prisão.  Foi Gilmar Mendes que há décadas vem construindo a jurisprudência de que o juiz está acima da Lei, de que o juiz é a própria lei. Como diz Barroso, Gilmar faz o que quer com a legislação. Com Gilmar Mendes, a Constituição sucumbiu num processo longo de decadência do marco civilizatório. Dalmo Dallari previu isso há 16 anos. Dalmo (16 anos!) é a prova de que a questão é mais embaixo.

Foi jurisprudência de Mendes, a jurisprudência dos capangas do Mato Grosso, como bem nos indicou Joaquim Barbosa, que foi acatada por Sérgio Moro, sob o olhar atento do Departamento de Estado norte-americano. A jurisprudência que vazou os áudios da ex-presidente Dilma Rousseff. A jurisprudência que define o magistrado está acima da lei, absoluto, absolutista.

Não distinguir Barroso de Gilmar Mendes é como não entender a diferença entre civilização e barbárie. Barroso não está no Supremo para defender o que a esquerda pensa ou deixa de pensar. É fruto do próprio sistema e, claro, indicado pelo PT. Ou seja, Barros é a síntese do PT com a Globo. Mas está longe da decrepitude psíquica que destruiu todo um sistema jurídico frágil.

Atacar Barroso nesse momento é romper também qualquer diálogo e estabelecer a intransigência que salva Gilmar Mendes. Ah… Todos são iguais. Não dá para entrar na chuva sem se molhar. É caminhar de braços dados com Gilmar Mendes. (Susiana Drapeau)