Por Allan Yzumizawa
A relação do ser humano com a paisagem é o elemento que percorre por todos os seus trabalhos apresentados. A pedra é outro objeto que está sempre presente, como em Deslocando Territórios, em que o artista apropria-se das pedras localizadas na fronteira do Brasil com o Uruguai e as desenha numa placa de pvc preto colocando em pauta os limites e as fronteiras políticas das quais são inseridas na paisagem geográfica. Afinal, territórios sempre foram uma questão de embate, desde que nós ocidentais, tornamo-nos sedentários.
Em Propriedade essa discussão torna-se ainda mais evidente. Moscheta recolhe três mourões localizados em pontos extremos distintos e os recontextualizam para o espaço do museu colocando lado à lado. À esquerda desses mourões, encontram-se duas placas com diagramas diferentes: na primeira, indica um triângulo, ou seja, três pontos mínimos para que se demarque uma área, e na outra, três pontos enfileirados indicando uma linha.
Após encarar Propriedade, somos fisgados por uma última sala do MACC, onde encontra-se o Ateliê, e é nesse espaço que todas essas questões sobre territórios se potencializam.
Por mais que os trabalhos de Marcelo Moscheta encaminham um deslocamento da paisagem e das fronteiras geográficas, as discussões são trazidas para dentro da instituição, pra dentro de um território em que o próprio crítico de arte Douglas Crimp denomina em seu célebre livro “Sobre as ruínas do museu” como cemitério.
É de se pensar em como as exposições estão se ampliando de um mero espaço expositivo para uma plataforma cultural nesses últimos anos, ao incluir ateliês, palestras, educativos, shows, saraus e filmes na sua programação. No ateliê da exposição, Moscheta convidou artistas, agentes da arte para conversar e oferecer oficinas gratuitas para o público. Já passou da hora, das instituições culturais e museus repensarem suas estruturas para uma maior democratização da arte, e são nesses gatilhos como colocado pelo artista que elas aparecem.
Erosão Diferencial é um termo da geologia que indica diferentes erosões no mesmo relevo através de um agente. Diante de uma crise política e econômica devemos reparar em quais estruturas estão erodindo e quais não estão. Talvez estejamos no momento de erodir o que está a muito tempo erguido e estabelecido. No caso de Campinas, erguer estruturas através das “ruínas do museu”.
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