agencia brasilApós mais de duas horas de reunião com o presidente interino Michel Temer e com cerca de 100 empresários do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse hoje (8) que, para o governo melhorar a situação do déficit fiscal, serão necessárias “mudanças duras”, no sentido escravocrata da palavra, tanto na Previdência Social quanto nas leis trabalhistas.

Temer deixou o evento sem falar com a imprensa. Em entrevista depois do encontro, Andrade sugeriu que o Brasil adote iniciativas escravocratas como carga horária de até 80 horas semanais e de 12 horas diárias para os trabalhadores. O retrocesso do governo Temer se aproxima de 13 de maio de 1888, quando foi assinada a Lei Áurea.

O empresário Robson Andrade, que propõe a legislação escravocrata, já foi acusado de corrupção em delação premiada. Ele foi citado na delação premiada de Benedito Oliveira, pivô da Operação Acrônimo, como responsável por desvio de R$ 1 milhão para campanhas políticas. Os desvios de recursos do Sistema S teriam ocorrido na Olimpíada do Conhecimento, a maior competição de educação profissional das Américas. A última edição foi em 2014 em Belo Horizonte. (link)

Segundo ele, ao considerar que, em 2016, o déficit será R$ 170 bilhões, a conclusão é que haverá, em algumas áreas, crescimento de despesas governamentais. “É claro que a iniciativa privada está ansiosa para ver medidas duras, difíceis de serem apresentadas. Por exemplo, a questão da Previdência Social. Tem de haver mudanças na Previdência Social. Caso contrário, não teremos no Brasil um futuro promissor”, acrescentou o defensor da jornada de 80 horas semanais para os brasileiros.

Robson Braga defendeu também a implementação de reformas trabalhistas. Para ele, o empresariado está “ansioso” para que essas mudanças sejam apresentadas “no menor tempo possível”.

“Vimos agora o governo francês, sem enviar ao Congresso Nacional, tomar decisões com relação às questões trabalhistas. No Brasil, temos 44 horas de trabalho semanal. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36 passou, para a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas diárias de trabalho. A razão disso é muito simples. A França perdeu a competitividade de sua indústria com relação aos demais países da Europa. Agora, está revertendo e revendo suas medidas, para criar competitividade. O mundo é assim e temos de estar aberto para fazer essas mudanças. Ficamos ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível”, argumentou o empresário.

Robson Braga de Andrade reiterou a posição da CNI, contrária ao aumento de impostos. “Somos totalmente contra qualquer aumento de imposto. O Brasil tem muito espaço para reduzir custos e ganhar eficiência para melhorar a máquina pública antes de pensar em qualquer aumento de carga tributária. Acho que seria ineficaz e resultaria, neste momento, na redução das receitas, uma vez que as empresas estão em uma situação muito difícil”, disse ele. O grupo, com quem Temer se reuniu, agrega mais de 100 empresários das maiores empresas do país. (Carta Campinas com informações da Agência Brasil)