É um processo histórico complexo, mas a revista Veja, da Abril, pode ajudar a entender essa cultura da desigualdade e da injustiça. A Veja é a face visível e atualizada de 500 anos de desigualdade econômica, educacional e social.
Há tempos não a leio porque a revista é um atentado à inteligência do leitor. Somente a vejo em seus textos que, de tão esquisitos, são reproduzidas pela internet. A revista Veja chama seus leitores constantemente de alienados e burros. E isso de forma explícita.
A discussão que tenta criminalizar o professor atualmente nasceu de uma matéria sobre ideologização das escolas feita em 2008. A ‘reportagem’ pegou duas das melhores escolas particulares do país (e pior, afirmou isso: “considerada uma das melhores escolas”) e as acusou de doutrinamento dos alunos. Ora, se são as melhores escolas…Derr!!!, diria uma criança de 8 anos. A revista confunde reflexão crítica e pensamento com doutrinação, ou seja, é simplesmente algo próximo da imbecilização. Em resumo, as melhores escolas são, para a Veja, as piores escolas.
As jornalistas que publicaram a reportagem, Monica Weinberg e Camila Pereira, além da revista Veja, foram condenadas judicialmente a indenizar o professor da escola citada.
A revista poderia mostrar como exemplo de educação as piores escolas, que não “doutrinam” os alunos, ou melhor, que mantêm alunos cabeça de vento para que a revista Veja possa preenchê-la com preconceitos e medo. Sim, a Veja (entenda-se Abril e parte da elite brasileira) morre de medo do pensamento. A revista vive sob o signo da Guerra Fria e acha o PT, pasmem!, um partido comunista corrompido pelo capitalismo. Isso sim é que é pensamento complexo! (não sei por que tive vontade de rir)
A revista critica a presença de sociologia nas escolas. É a mesma linha de raciocínio, ou seja, o medo do pensamento, o medo de uma sociedade inteligente e crítica. Quanto mais burra a população, melhor para a revista e para os negócios da empresa. Na reportagem, veja só, a revista entrevista ‘especialistas’ que buscam legitimar a ignorância. Eles dizem que o professor de sociologia deve ser cabeça oca, isto é, não deve ter ideologia. Essa é sua principal ideologia: dizer que não tem ideologia, o que é a ideologia mais carregada de lama totalitária.
É por isso que a revista Veja é a atualização dos 500 anos de desigualdade. Com um pouquinho de paciência é possível desvendar uma história autoritária do Brasil, hiperideológica e disfarçada pela estupidez. No fundo no fundo, os proprietários dos negócios que promovem a imbecilização querem dinheiro, mas seus ideólogos, seus cães, querem manifestar sua sublimação de poder. Para dizer tanta bobagem, só Freud explica. Parece capitalismo, mas é a burocracia fascista enrustida. Não suportam a democracia. É sadismo totalitário.