No dia seguinte

Por Luís Fernando Praga

No dia seguinte, mais murchas as flores, tristeza nas cores, com muito requinte os “são salvadores” emergem dos lodos, contando piadas e dando risada da flecha cravada na alma de todos.

Mais dores no peito, mais gente sofrida, rancor, egoísmo, meu verso sem jeito de ir pra vida, também constrangida e cheirando a fascismo. O amor apartado da gente que ama, mais homem fardado, mais ódio curtido, mais tempo perdido, mais caminho errado e o passado que chama.

É gente que chora, a dor que demora e alguém comemora brindando a certeza, mas falta clareza e aula de história e alguém ao meu lado, um manipulado cantando a vitória por ser derrotado.

Mais gente lucrando em nome de Cristo, mais cara de fome, a doença não sara, a paz é tão rara e o Cristo não crê e é Cristo “de cara” olhando pro céu e dizendo: desisto!

Mas vem outro dia, lembrar não tem preço, a luta não finda e a vida é mais linda no seu recomeço. Lutar é amor, é justiça e poesia. Me chame de escória, mas tenho memória, o tempo não tira teu nome da lista, do trato quebrado, teu pé do passado, tua mão golpista, a mancha fascista, a pátria que sofre da funda ferida, tua fé fajuta, foi ela quem fez nossa pátria de puta. É vida que segue e na minha cabeça é quase um acinte querer que eu te esqueça no dia seguinte ao dia seguinte.