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Uma música de cores abstratas: a arte e as mulheres de Nale Simionatto

As cores, as harmonias e os ritmos da arte de Nale Simionatto poderão ser sentidos de forma mais próxima pelo público nesta edição do projeto “Cartas Visuais” que traz, em texto, imagem e vídeo, um pouco do trabalho dessa artista plástica natural de Novo Horizonte, no interior do estado de São Paulo, que, desde cedo, encontrou no piano e também nas telas pintadas pela mãe, uma primeira abertura para a arte.

Entre a arte figurativa e o expressionismo abstrato, as telas, desenhos e outras composições artísticas de Nale encontram um vasto e sensível território de criação. Em uma das paredes do seu atelier, os quadros que ela ainda guarda se sucedem, complementando-se, marcando suas diferenças, mas, sobretudo, seu diálogo.

As formas abstratas, geométricas, os animais, rostos e corpos humanos, as mulheres, os olhares e, exploradas longa e delicadamente, as cores. A arte de Nale Simionatto passa pela cor, antes ainda do que pela forma, em uma espécie de relação essencial onde a cor se torna a sua forma. Uma paisagem é representada a partir da cor dominante nessa paisagem; um estado de espírito se expressa por meio da cor, a cor desdobra a mesma obra em outras intensidades e efeitos de sentido.

Seus trabalhos mais recentes se voltam para a representação de mulheres. Alguns são mais abstratos, outros mais figurativos, todos trazem, no entanto, em diferentes níveis de expressão, estados de sensualidade, de delicadeza, de descanso, de força, explorando as múltiplas formas do feminino fugitivo que sobrevive e se transforma na obra de arte.

Musicais, de qualquer forma, seus quadros sugerem certo tom mais meditativo que transparece na exploração das qualidades táteis e dos efeitos sensitivos da cor. Se há poucos elementos nos quadros abstratos, sua densidade e amplitude se potencializam no movimento de “mostrar-se escondendo” da imagem, um jogo onde ela constrói uma espécie de sedução pela representação que não se define totalmente, abrindo um leque de possibilidades de interpretação e leitura por parte do espectador.

No jogo de ora mostrar-se um pouco mais, ora esconder-se, a pintura cromática de Nale em diversos momentos se revela como música, mas também como mulher. Sabe fazer-se, ao mesmo tempo, sensual e delicada, quente e suave, caricatural e mística. E não lhe interessa explicar-se demais, ou saber de todos os seus porquês, o que lhe interessa é simplesmente fazer-se, para o outro, para si mesma.

O projeto “Cartas Visuais” foi contemplado no Edital ProAC nº 41/2015 “Concurso de Apoio a projetos de publicação de conteúdo cultural no Estado de São Paulo”, com a proposta de valorizar e promover a difusão do trabalho artístico contemporâneo em Campinas e região. Como parte do projeto, serão produzidos e divulgados no site Carta Campinas textos, fotografias e vídeos mostrando um pouco do trabalho de diversos artistas previamente selecionados para o projeto. (Maura Voltarelli)

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