robson sampaioEm plena tarde de domingo (3), os trabalhadores acampados na Mabe, em Hortolândia, foram surpreendidos por uma mega operação da Polícia Militar para reintegração de posse da fábrica, emitido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). Os trabalhadores acampavam desde 22 de dezembro de 2015 e ocupavam desde o último dia 15 de fevereiro. A decisão judicial beneficiou a multinacional mexicana em detrimento das famílias dos trabalhadores.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, os policiais invadiram a fábrica pelos fundos, e a PM usou até helicópteros para que policiais descerem de rapel. A violenta ação da PM arrancou os trabalhadores da fábrica, que tiveram de deixar todos os seus pertences para trás.

“O Oficial de Justiça, agindo de maneira autoritária e abusiva, impediu o Sindicato e seus advogados de acompanhar o ato de reintegração como forma de impedir abusos e violências contra os trabalhadores e o patrimônio da empresa por parte da Polícia. Outro abuso cometido pela Oficial de Justiça foi o de realizar o ato de reintegração em um domingo, às 14 horas, após o fim do expediente do judiciário, inviabilizando qualquer tentativa de os advogados do Sindicato conseguirem algum mandado judicial que impedisse a reintegração. Um advogado do Sindicato, ao tentar dialogar com a Oficial, foi atingido no rosto por um jato de gás de pimenta jogado pela PM”, divulgou o Sindicato.

A reintegração pegou de surpresa os trabalhadores porque sendo negociada com a Justiça de Hortolândia, que em conversa com o Sindicato iria aumentar o prazo para saída dos trabalhadores e a não utilizar força policial para realizar a reintegração.

A mesma agilidade da Justiça não ocorre para o pagamento dos direitos dos brasileiros que trabalhavam na fábrica que pertence a uma empresa multinacional mexicana. No dia 12 de fevereiro, a Mabe, que fabrica fogões e geladeiras, decretou falência. Desde então, não paga os  funcionários das unidades de Campinas e Hortolândia que foram demitidos e não receberam salários nem direitos trabalhistas

Além da PM, a empresa colocou cerca de 50 seguranças privados dentro da fábrica. Dentro da fábrica, além dos pertences dos trabalhadores, ficaram alimentos e leites recebidos de doações, que seriam entregues a gestantes de Hortolândia, de acordo com os metalúrgicos.

O Sindicato afirmou que não vai admitir tamanha truculência e desrespeito aos direitos dos trabalhadores e vai permanecer, se não dentro, na portaria da fábrica para garantir o direito de todos os companheiros.

“Não vamos permitir que o golpe da Mabe seja concretizado. Continuaremos acampados na portaria, impedindo a entrada e saída de caminhões e o funcionamento das fábricas conforme quer o administrador da massa falida, ou seja, mantendo a falência, mas operando com outro CNPJ”, divulgaram.