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A importância do auxílio psicológico para mães com bebês na UTI Neonatal

Por Eliane Honorato

No período da gestação várias mudanças ocorrem no corpo da mulher, assim como também, no seu emocional que fica mais sensível, vulnerabilidade que ocorre por conta desse novo estágio.

Além disso, cada mês que o feto atinge uma nova fase fortalece o laço maternal da futura mamãe com o bebê. Com isso, muitos são os preparativos e as expectativas para recebê-lo.

Porém, quando essa nova vida chega, podem ocorrer situações inesperadas, como um nascimento prematuro ou problemas com o recém-nascido, colocando a mãe e o bebê em um tempo que requer muita atenção e apoio, inclusive com a necessidade de internação na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Nesses casos, é importante a presença de um auxílio psicológico.

A psicóloga Silvia Mara Santos explica quais são os meios que os psicólogos usam para ajudarem uma mãe que sofre com seu bebê na UTI Neonatal. “O psicólogo trabalha com a escuta e através dessa escuta diferenciada, ele acolhe essa mãe, abrindo espaço para que ela fale. Sabemos que a fala traz alivio para a angústia e associando essa escuta a um ambiente acolhedor, essa dor vai dando espaço para outros sentimentos. É importante nesse momento sensibilizar a mãe a se envolver mais ativamente nos cuidados com a criança e o sentimento de culpabilização que aparece muito forte nessa situação, vai sendo aliviado pelo gasto de energia pessoal nos cuidados básicos com o bebê”, relata.

Além desse momento em que a mãe tem que passar com seu bebê, às mudanças hormonais que surgem alguns dias depois do parto, faz com que ela tenha que enfrentar dias com seus sentimentos alterados. A psicóloga Silvia Mara Santos ressalta que existem situações em que nenhuma fala contempla a dor e o sofrimento que essa mãe e família enfrentam nesse momento tão delicado. “A hospitalização na UTI, salvo alguns casos que já são previsto durante a gestação, são sempre uma surpresa dolorida para a família. De repente a mãe se vê sem a barriga e sem o bebê e o que fazer com todos os sonhos, projetos e planos pensados com a chegada do bebê que de certa forma não chega como imaginado, como sonhado, como pensado. O bebê imaginário vai ter que dar espaço para o bebê real. Aproximar a mãe e a família a essa realidade faz com que o profissional funcione muitas vezes como alvo das emoções e raiva dos pais. A questão hormonal é melhor observada no alojamento conjunto, quando a díade (mãe e filho) estão juntos. Mães de bebês em UTI Neonatal, outras implicações sobrepõem as questões hormonais”, afirma.

Ela também fala quais cuidados são praticados nos casos em que a mãe tende a mostrar algum desequilíbrio emocional nessa fase com seu bebê. “Faz parte da rotina de atendimento do Serviço de Psicologia Hospitalar o qual eu pertenço, realizar entrevista com os pais e familiares próximos, assim de acordo com a informações e observações colhidas, é possível realizar ações preventivas a fim de evitar conflitos maiores em uma situação que já se faz crítica e complexa por si só”, explica.

Durante o período que os pais do bebê e seus familiares aguardam a recuperação do recém-nascido, uma equipe multidisciplinar oferece todo apoio preciso também para a família, como explica a psicóloga Silvia Mara Santos. “É interessante ressaltar que o profissional que atua no espaço hospitalar não trabalha sozinho, existe uma equipe multidisciplinar que oferece suporte necessário para também alcançar essa família como um todo, abarcando tanto questões clínicas como as psicossociais”, explica.

O contato que o bebê tem com a mamãe assim que nasce é primordial para ele, que se encontra em um ambiente antes não conhecido, pois o afeto que o recém-nascido recebe da mamãe, o ajuda na adaptação que ele tem que desenvolver nesse novo espaço. Para a psicóloga, um bebê que nasce e é afastado da mãe logo nas primeiras horas de vida, já inicia com o vinculo prejudicado. “O que no período de gestação mãe e filho eram “velhos conhecidos” nesse momento de separação súbita, passam a ser “novos estranhos”. O envolvimento da equipe nesse momento é de suma importância sendo que o papel do psicólogo nesse contexto é acompanhar os pais nas primeiras visitas à UTI Neonatal, estimulando o toque, o contato pele a pele e principalmente auxilia-los no processo de luto pela morte ou nascimento de um filho diferente do esperado,” relata.

A UTI hoje conta com os avanços tecnológicos, é um espaço que torna possível a recuperação e a sobrevivência de recém-nascidos pré-termo, baixo peso, bebês com malformação congênita e principalmente bebês que nascem apresentando desconforto respiratório, patologia mais recorrente.

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