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Para professor da Unicamp, catástrofe ambiental do capitalismo é inevitável

O professor do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Luiz Marques, lança este mês o livro Capitalismo e Colapso Ambiental,  no qual faz um painel do que classifica como “caos socioambiental”.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira, intitulada A Grande Convergência, Marques trabalha os resultados das pesquisas científicas sobre as crises ambientais. Na segunda, ele procura identificar no modus operandi do capitalismo global e no antropocentrismo, os motores que impelem a sociedade em direção ao colapso ambiental. “Posso talvez ser considerado radical por aqueles que ainda acreditam ser possível “educar” o capitalismo para a sustentabilidade”, disse o professor ao site da Unicamp.

Mas, para ele, não há saída dentro do capitalismo.  “Reverter essa tendência requer, em meu entender, a desmontagem da máquina intrinsecamente acumulativa e expansiva do capitalismo. Requer, numa palavra, superar o capitalismo, pois para o capitalismo ser é crescer. E quanto mais dificuldade ele encontra para crescer (inclusive, doravante, por causa das crises ambientais), mais ambientalmente destrutivo ele se torna”.

Luiz Marques descreve a situação de forma devastadora: “Por mais ‘conservadores’ que sejam, os resultados das pesquisas científicas constituem um quadro geral alarmante: maiores concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, aquecimento das temperaturas médias globais, supressão e degradação das florestas (com fragmentação ou mesmo destruição completa dos habitats), colapso da biodiversidade, declínio dos recursos hídricos, secas mais intensas e prolongadas, erosão, desertificação, incêndios mais frequentes, mais devastadores e em latitudes mais amplas, poluição dos solos e do meio aquático por esgotos, pelo lixo municipal e industrial, intoxicação química dos organismos e da troposfera, aquecimento e acidificação oceânica, multiplicação das zonas mortas por hipóxia ou anóxia nos rios, lagos e mares, destruição já de cerca de 50% dos recifes de corais, declínio do fitoplâncton, elevação média global de 3,2 milímetros por ano do nível do mar, degelo do Ártico, da Groenlândia, da região ocidental da Antártica e do chamado Terceiro Polo, degelo também dos pergelissolos, com risco crescente de liberação catastrófica de metano na atmosfera, furacões maiores, inundações, alguns invernos setentrionais mais rigorosos, paradoxalmente num mundo de verões letais.A lista está longe de terminar e mesmo as posições mais conservadoras admitem uma piora generalizada das coordenadas ambientais do planeta”, diz.

E o painel do professor não termina: “O capitalismo internacional devasta numa escala e ritmo superiores à capacidade da biosfera de se recompor e se adaptar. Segundo o Global Forest Watch, apenas entre 2000 e 2012, nosso planeta perdeu 2,3 milhões de km² de florestas, em grande parte por causa do avanço da monocultura e das pastagens. Num estudo recente, The Future of Forests, o Center for Global Development, de Washington, projeta, baseando-se em observações de satélites, que “uma área de florestas tropicais do tamanho da Índia [3,2 milhões de km²] será desmatada nos próximos 35 anos”, se nos mantivermos na rota atual, e isto apenas de florestas tropicais.  Em 2006, um estudo da FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura] afirma que “a criação de gado gera mais gases de efeito estufa, mensurados em CO2 equivalente, que o transporte”.  Segundo uma revisão publicada na revista Science de julho de 2014, “estamos perdendo entre cerca de 11 mil e 58 mil espécies anualmente”, algo entre 30 e 159 espécies por dia. O capitalismo global está extinguindo ou ameaçando existencialmente um número crescente de espécies, entre as quais, e não por último, a nossa”. (Carta Campinas com informações da Unicamp)

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