Milícia paramilitar ataca acampamento de índios guarani no Mato Grosso do Sul

Menos de uma semana depois do assassinato do índio Simeão Vilhalva, no município de Antonio João, em Mato Grosso do Sul, os índios guarani-kaiowá denunciaram que tiveram um acampamento, na região de Douradina, atacado por homens armados. O Cimi (Conselho Missionário Indigenista) já havia denunciado a formação de milícias paramilitares de fazendeiros no Mato Grosso do Sul.

“Primeiramente, eles começaram a atirar com armas de fogo mesmo, bala mesmo. Então, nossos guerreiros começaram a recuar, e eles vieram mesmo na nossa direção com várias caminhonetes e atiravam. E nós estávamos no meio do milho, onde foi colhido, e corremos por lado das matas. E quando foi à noite, eles dispararam 55 tiros de balas”, disse o cacique Ezequiel Guyra Kambi’y. Segundo ele, a ação ocorreu na tarde dessa quinta-feira (3) e os homens chegaram em 30 caminhonetes.

O Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul determinou a instauração de inquérito policial para apurar a prática de formação de milícia privada por fazendeiros na região. De acordo com o procurador do MPF Marco Antônio Delfino de Almeida, a troca de mensagens, em rede social, do presidente do Sindicato Rural de Itaporã, Otávio Vieira de Mello, convocando produtores rurais para promover remoção forçada dos índios motivou o pedido de investigação.

“Uma das mensagens, ela fundamenta a instalação do inquérito, em que literalmente, esse presidente do sindicato de Rio Brilhante, conclama as pessoas à prática de crimes. Então, ele está conclamando, constituindo um grupo, uma milícia privada para efetuar desobstrução. O que a gente não pode, em hipótese alguma, é entender que aspectos patrimoniais eles podem prevalecer em relação à integridade física das pessoas”, disse o procurador.

A área reivindicada pelos guarani-kaiowá é chamada de Guyrakamby’i, também conhecida como Panambi-Lagoa Rica. A terra, de 12 mil 196 hectares, já consta como delimitada no site da Fundação Nacional do Índio (Funai). Mas, em janeiro de 2012, o procedimento de demarcação foi suspenso por decisão liminar da Justiça Federal em Dourados.

No início de agosto deste ano, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região cassou a determinação que impedia o andamento do processo e determinou a retomada dos trabalhos da Funai.

A Polícia Federal informou que uma equipe de policiais se deslocou para o município de Douradina, a fim de iniciar as investigações sobre os ataques ocorridos ontem.

A reportagem ligou para o Sindicato Rural de Itaporã, a fim de falar com o presidente da entidade, mas a secretária informou que Otávio Vieira de Mello está hospitalizado. (Agência Brasil; edição Carta Campinas)

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