A terceira edição do Encontro Geral do Riso , cuja temática será “Olha o Palhaço no meio da rua”, acontece em diversos pontos de Campinas de 27 de setembro a 4 de outubro com uma programação variada que contempla espetáculos, intervenções clownescas em locais nada convencionais, exibição de filme e mesas de discussão.
Mais uma vez à frente do encontro estão os heroicos palhaços da Família Burg (Ivens Burg Cacilhas, Joana Piza, Guga Burg Cacilhas), da Dupla Companhia (Aline Olmos e Fernanda Jannuzzelli), do Barracão Teatro (Esio Magalhães), da Cia. Suno (Helena Becker e Duda Becker) e do Circo Caramba (Thiago Sales). Nesta edição de 2015, o principal responsável por provocar esses narizes vermelhos inquietos será o clown Ricardo Puccetti, o popular Teotônio, artista-pesquisador do Lume Teatro. Nos anos anteriores, as trupes tiveram como mestres do conhecimento os circenses Biribinha (Teófanes Silveira) e Tubinho (Pereira França Neto).
Tal como na essência da origem, o que justifica até o nome do evento, o Geral do Riso (uma alusão ao Distrito de Barão Geraldo) permite o (re)encontro de trupes campineiras que lidam com a mesma matéria-prima de trabalho: a graça do palhaço. “É o momento anual em que esses grupos se encontram para dividir experiências, compartilhar linguagens e trabalhar todos juntos. A cada ano também convidamos alguns amigos para compartilharem essa integração”, destaca Guga Cacilhas. A terceira edição contará com The Pampazos Bros (Uruguai/Brasil), Hugo Possolo (Parlapatões), entre outros.
Após ter refletido o circo-teatro, em 2014, o encontro deste ano será dedicado à rua. Por sinal, como aponta Guga, um espaço bastante nobre para o encantamento do palhaço. “É algo forte e muito vivo, onde o palhaço, apesar de muitos dizerem o contrário, lida bastante com a liberdade. Por meio do acaso, das imprevisibilidades e de personagens típicos, a rua oferece um material bastante rico ao artista, que ultrapassa a correria do dia a dia, o trânsito e o trabalho. O palhaço vem justamente pontuar esse lado poético da rua, que pode ser sua moradia ou seu salão de baile”, avalia Guga.
A abertura do evento fica a cargo de um cortejo musical clownesco, no Centro de Convivência, seguido pelo espetáculo “Porongo Vaudeville”, assinado pela trupe The Pambazos Bros (Uruguai/Brasil), que acontece no dia 27, domingo, às 11h15. Protagonizada pelos artistas Diego Martinez e Jorge Zagarzazu, que dão vida aos figurões Alberto e Walberto, a montagem revive os antigos espetáculos de variedades, pautados pelo encontro das virtuoses e habilidades artísticas, entre as quais a representação, o malabarismo, o humor e a mágica. O ápice desse vaudeville urbano será um número que coloca a comicidade a favor de uma dança com elementos de luta.
As saídas de palhaços (intervenções clownescas na rua) permeiam boa parte da programação. Feitas pelo Coletivo Geral do Riso com orientação de Ricardo Puccetti, as Intervenções de Palhaços acontecerão na quarta-feira, 30, e na sexta-feira, 2, às 10h30, no centro de Campinas, e também no sábado, 3, às 11h, na Feira do Rolo do Jardim Campo Belo. Na programação das apresentações coletivas também está o Palco Aberto, espetáculo de variedades aberto a todos os interessados que acontecerá no Teatro de Arena da Unicamp, na terça-feira, 29, às 20h, e o Cabaré Geral do Riso, no Parque das Águas. “Vão ser momentos de troca […] A rua é esse organismo vivo, que quebra a relação entre quem assiste e quem faz. Vamos usá-la tanto pelo lado arquitetônico quanto pelo viés de quem a habita diariamente”, destaca Ricardo Puccetti.
O Geral do Riso também convidará a plateia para participar de duas mesas de discussão. A primeira, conduzida pela Cia. Suno, estimulará o trio Hugo Possolo (Parlapatões), Rodrigo Senden (Cia. Tomara que Não Chova) e Rodrigo Buchiniani (Noites da Rose) a responder à questão: “O Artista na Rua: Como Não Ser Atropelado?”. No mesmo picadeiro de discussão, Ricardo Puccetti discutirá “A Poética da Rua”. Os dois bate-papos acontecerão no Barracão Teatro, em Barão Geraldo.
O espaço também será palco para a exibição na segunda-feira, 28, às 19h30, do documentário Hotxuá (2012), sob a direção da atriz Letícia Sabatella e de Gringo Cardia, que conta com a participação de Ricardo Puccetti. Trata-se de um olhar poético sobre a tribo indígena Krahô, localizada em Tocantins. “O Hotxuá tem como função social o riso. Como há o pajé, que é um xamã da cura por meio de rituais, o Hotxuá cura por meio do riso. O que me instiga nesse documentário, e é algo que busco responder durante o meu trabalho como palhaço, é o porquê do riso. Qual o sentido e para quem ele está sendo dirigido. Para esses xamãs do riso, isso está muito claro”.
O Encontro se encerra com o Cabaré Geral do Riso, feito pelo Coletivo Geral do Riso e convidados, no domingo, 4, às 16h30 no Parque das Águas.
Mais informações na página do 3º Encontro Geral do Riso no facebook. Detalhes da programação na imagem abaixo. (Carta Campinas com informações de divulgação)
* As criações do grupo The Pambazos Bros privilegiam a linguagem do circo-teatro, sempre buscando uma flexibilidade em relação aos locais de apresentação, visando criar novas possibilidades para atingir um público cada vez mais variado. Metrôs, casas abandonadas, praças, cadeias, circos, ruas são lugares que já serviram de palco para alguns dos espetáculos do grupo. Os artistas já passaram por vários países da América e Europa, entre eles, Cuba, Uruguai, México, Venezuela, Alemanha, Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária e Brasil, onde chegam em 2004, após entrarem em contato com o grupo de pesquisa teatral LUME – com sede em Campinas. Esta imersão dentro de diferentes sociedades gerou o desejo de criar um projeto que enfatizasse as semelhanças encontradas nesses povos, articulando-as com o intuito de proporcionar identificação com o público independente de suas raízes.
* A Família Burg é formada por Ivens Burg Cacilhas, Hugo Burg Cacilhas e pela atriz Joana de Toledo Piza. A partir de uma pesquisa intitulada “A descoberta do Clown pessoal”, orientada por Ricardo Pucetti, do Lume Teatro, o grupo vem aprimorando o exercício da comicidade, seja através de gag’s , reprises, números, entradas ou espetáculos. Leris Colombaioni, tradicional palhaço italiano, foi um nome de grande importância para a formação da identidade cômica da Família Burg.
* O grupo Circo Caramba com o espetáculo “Caramba, quanta bobagem!”, que conta com a direção de Esio Magalhães (Barracão Teatro) e estreou no ano de 2010, também faz parte da programação. A história do grupo começa com a carreira de Thiago Sales que teve início no ano de 2003, quando nasceu seu palhaço, o Jerônimo. Ainda em 2003, ele começou uma parceria com Márcio Parma (Cia Dois Picadeiros), formando a dupla de palhaços Jerônimo e Tachinha. Durante vários anos a dupla trabalhou com a apresentação de números cômicos em espetáculos de variedades circenses.
* A Dupla Cia, uma dupla de mulheres palhaças formada pelas atrizes Aline Olmos e Fernanda Jannuzzelli, retoma e, ao mesmo tempo, imprime sua marca pessoal ao repertório tradicional de esquetes circenses e à relação clássica estabelecida entre os palhaços Branco (Clown) e Augusto (Excêntrico).
* A Cia. Suno é composta por uma atriz dramática e circense, Helena Figueira, e um artista acrobata com domínio das técnicas de malabares, Duba Becker. A Cia foi fundada em 1998, em Santos, por um grupo de amigos que sonhavam criar um núcleo de pesquisa na cidade. Iniciava aí a “Identidade” da Cia Suno: mesclar a riqueza poética do circo com a linguagem teatral, sem perder a essência da máscara. Todas as peças realizadas pela companhia têm uma temática, uma história. Hoje a Cia Suno tem quatorze espetáculos em seu repertório, desenvolvidos nesses 17 anos de palhaçada. Dedica-se às técnicas de palhaço utilizando uma linguagem mais corporal, unida ao circo, mímica, teatro físico e dança. Também procura criar uma dramaturgia própria e pesquisa de textos para palhaços.
