Apeoesp pede punição de Alckmin por descumprir decisão do Supremo

Romerito PontesO Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) protocolou hoje (21) requerimento no Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo e no Supremo Tribunal Federal (STF) em que solicita a apuração de crime de desobediência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do secretário da Educação, Herman Voorwald. O motivo é o descumprimento de determinação do presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, de pagamento dos dias parados na greve dos professores.

No mesmo requerimento, o sindicato pede que seja encaminhado pelo STF pedido de intervenção federal no estado de São Paulo, no termos dos artigos 34 e 36 da Constituição Federal. Trata-se de uma medida de caráter excepcional e temporário que afasta a autonomia dos estados, Distrito Federal ou municípios em casos de desobediência à ordem ou decisão judiciária.

No período entre 13 de março e 12 de junho, eles paralisaram as atividades por melhores condições de trabalho, o que inclui o fim das classes superlotadas, com até 80 alunos, novas regras para a contratação de temporários, a criação de um plano de carreira e correção salarial de 70% a ser pago até 2020. Contra a determinação do órgão especial do TJ paulista, que vetou os descontos salariais, Alckmin foi ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e obteve respaldo. Mas o sindicato dos professores garantiu no Supremo o direito de receber.

A Apeoesp se baseia no artigo 330 do Código Penal, que tipifica como crime desobedecer a ordem legal de funcionário público, no caso o ministro Lewandowski. A pena inclui detenção de 15 dias a seis meses, além do pagamento de multa.

De acordo com a Apeoesp, em resposta à intimação do STF e do TJ paulista o governo programou o pagamento em folha suplementar para o próximo dia 24 de julho. Porém, os valores provisionados referem-se apenas aos 30 dias de maio. Os 19 dias de março, os 30 dias de abril, e os 12 de junho não aparecem na resposta assinada por um dos procuradores em nome da Secretaria da Fazenda – resposta esta que deveria ter sido assinada por Alckmin, pelo secretário Herman Voorwald ou pelo procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos.

De acordo com a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, os professores sempre estiveram convictos da justiça e legitimidade da paralisação. “Assediados moralmente pelo governo estadual no decorrer do movimento, os professores viram-se ainda mais agredidos em seus direitos quando o Estado privou a categoria em greve do recebimento de seus salários, ao mesmo tempo em que não realizava nenhum processo de negociação em torno das reivindicações e até o momento não apresentou nenhuma proposta salarial, apesar de ter afirmado que o faria em 1º de julho”.

Procurada pela reportagem, a Secretaria da Educação se limitou a confirmar o pagamento no próximo dia 24. Não esclareceu, no entanto, se seguirá as determinações do STF, de quitação integral dos dias descontados, ou se restringirá o pagamento apenas aos 30 dias de maio provisionados. (RBA)

Operação Lava Jato

Geraldo Alckmin diz não fazer ideia da sigla GA, suas iniciais, na agenda do presidente da Odebrecht

O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse hoje (21) não saber o que significa a sigla “GA” encontrada em mensagens no celular do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, preso na Operação Lava Jato.

“Primeiro, eu não sei esse GA o que que é. Segundo, não tenho a menor ideia do que seja essa citação. Nós tivemos uma reunião, da qual participou Marcelo Odebrecht, aqui no Palácio dos Bandeirantes, agendada a pedido dele, na qual o tema foi – isso no ano passado – a questão da água, do reúso”, disse Alckmin na sede do governo. “[Houve] outros temas: metrô, obras, de participações [da empresa] em São Paulo”, acrescentou.

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, pediu hoje aos advogados do presidente da Odebrecht que prestem esclarecimentos sobre o conteúdo de mensagens interceptadas pela Polícia Federal (PF) no aparelho celular do executivo. No despacho, Moro pediu aos advogados para explicarem o conteúdo das mensagens, antes de ele extrair possíveis “consequências jurídicas” da interpretação dos escritos. Segundo os delegados, Marcelo tentou atrapalhar as investigações.

Durante as investigações, a PF interceptou as seguintes anotações no celular do presidente: “MF/RA: não movimentar nada e reembolsaremos tudo e asseguraremos a família. Vamos segurar até o fim. Higienizar apetrechos MF e RA. Vazar doação campanha. Nova nota minha mídia? GA, FP, AM, MT, Lula? E Cunha?”

Alckmin disse que a Odebrecht é sócia da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em uma empresa de reúso de água, a Aquapolo. “Nós temos uma empresa feita antes do meu governo, chamada Aquapolo, que metade é Odebrecht, metade é Sabesp. Exclusiva para reúso de água. Nós estamos tentando colocar mais indústria no reúso, para sair de água da Sabesp”. (Agência Brasil)

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