Mostra de Artes Cênicas da Unicamp terá apresentações de três espetáculos e debates

11427244_388222601366286_3400490573848306805_nDe 11 a 30 de junho, a produção do Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes da Unicamp realizada no primeiro semestre de 2015 é levada a público no próprio campus da Unicamp, em Barão Geraldo, e no Teatro Castro Mendes.

A realização semestral da Mostra de Artes Cênicas não só publiciza a produção acadêmica, mas completa a formação dos estudantes de teatro. Ao apresentar uma obra ao espectador (finalidade última da pesquisa em teatro e essência do fenômeno teatral), o artista-estudante conscientiza a sua trajetória, avalia suas escolhas de composição e fricciona seu processo de estudo com as realidades social, cultural, econômica, política etc.

Esta Mostra é uma maneira de sintetizar uma das bases do teatro: estamos juntos e o aprendizado pode ser um processo coletivo. Em tempos de intolerância e acirramento de posicionamentos politico-ideológicos, os espetáculos da Mostra tratam de identidades, processos de transformação social, a ética ou a falta dela nos meios de informação. O teatro se faz, dessa forma, mais uma vez arena de encontros e debates.

Todas as apresentações têm entrada gratuita com distribuição de senhas uma hora antes de cada sessão. Mais informações na página da Mostra no facebook.

11109022_387520578103155_1334646581150788556_nVeja abaixo mais detalhes sobre a programação da Mostra e os espetáculos:

SOBRE MANDINGAS E MARIAS
Alunos do quinto semestre do Bacharelado em Artes Cênicas

11 de junho, às 20h, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
12 de junho, às 20h, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
13 e 14 de junho, às 18h e às 21h, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
25 de junho, às 20h, no Teatro Castro Mendes

Sinopse
“Sobre Mandingas e Marias” conta a história de mil e um demônios. Dentre tantos, o Amor. Um amor que surge em meio ao ódio, à peste e à conspiração. Esta história, construída e adaptada a partir do romance “Do Amor e Outros Demônios”, de Gabriel García Marquez, aborda a tensão cultural-religiosa que permeia a trajetória de Sierva Maria ou Maria Mandinga. A menina “possuída” que começava a florescer em uma encruzilhada de forças opostas.

Sobre o autor
Gabriel García Marquez, autor do romance inspirador do processo, nasceu na Colômbia em 1927 e faleceu em 2014, aos 87 anos. Foi um dos grandes nomes da estética literária denominada Realismo Fantástico, movimento latino-americano que ganhou forte expressão no circuito literário durante as décadas de 1960 e 1970. Foi ganhador do Prêmio Nobel de literatura pela obra “Cem Anos de Solidão” (1967). “Do Amor e Outros Demônios” (1994), obra que permeou este processo, data de um período de maturidade do autor, e traz a ideia do fantástico na literatura de maneiras bastante interessantes.

Sobre o processo criativo
O projeto “15 Semanas com Maria Mandinga”, iniciado neste semestre, carrega o repertório que adquirimos com a professora Grácia Navarro desde os anos anteriores da graduação. A partir do segundo ano, começamos a nos voltar para as questões e tensões socioculturais que permeiam nosso cotidiano. Assim, começamos a discutir a identidade do povo brasileiro, a miscigenação e a “encruzilhada”: o lugar onde há tensão, contradição e diversas possibilidades de caminhos.
Ao longo do trajeto que caminhamos juntos, criamos uma memória corporal, um estado energético e uma linguagem próprios. Dessa forma, pudemos encarar este novo processo como a continuação de um estudo já iniciado.
Esse estudo anterior foi determinante para a escolha do material central desta montagem. Partimos da temática já citada: as tensões culturais existentes em nosso país. Ao lermos a obra “Do Amor e Outros Demônios”, de Gabriel Garcia Marquez, reconhecemos uma proximidade com nosso estudo. As tensões escritas pelo autor sobre a Colômbia são identificáveis no Brasil colonial e contemporâneo.
A escolha dessa obra foi além da afinidade temática. Em reunião, nossa turma chegou ao consenso de que desejava trabalhar com um material que servisse de fio-condutor para o processo, para que pudéssemos traduzir uma obra literária através da escrita cênica.
Enfim, nos dedicamos ao cronograma feito pela professora-diretora para “tridimencionalizarmos” a obra e, depois de passarmos as quinze semanas com Maria Mandinga, levantamos o exercício cênico “Sobre Mandingas e Marias”.

Ficha Técnica
Direção geral: Grácia Navarro
Dramaturgia: O grupo e Vitor Querioz
Laboratório de práticas corporais: Verônica Fabrini
Laboratório de práticas vocais: Gina Monge
Programa de estágio docente (PED): Ricardo Ikier
Programa de apoio didático (PAD): Luiza Moreira Salles
Consultoria visual: Helô Cardoso
Apoio teórico: Cassiano Sydow
Cenografia: O grupo e Thalita Castro
Figurino: O grupo
Iluminação: O grupo
Elenco: Aleph Naldi, Alexandre Guidorizzi, Ana Carolina Madrigrano, Bruna Aquino, Bruna Recchia, Bruna Schroeder, Bianca Sarubbi Britto, Gabriel Louro Azevedo, Georgia Tavares, Jean Luz, Julia Prudêncio, Juliana Baisi, Karen Mezza, Marcelo Masselani, Normélia Rodrigues, Sofia Fransolin, Tainã Araujo, Victor Ferrari, Vitinho Rodrigues
Elaboração de textos para o catálogo da Mostra: Ana Carolina Madrigrano, Bruna Recchia e Marcelo Masselani.
Agradecimentos: Oriana Salcedo, Andrés Queiroga, Samuel Felipe, Alexandra Bernal, Natalia Polanco, Isabel Herrera, Soraya Bolaños e Juan Manuel Orozco, José Rosa, Rosa Rosa, Magda Recchia, Sérgio da Luz, Mauro Martoreli e aos funcionários do DAC Benê, Erick, Anderson e Marcão.

PEQUENOS BURGUESES
Alunos do sétimo semestre do Bacharelado em Artes Cênicas

18, 19, 20 e 21 de junho, às 20h, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
19 de junho, às 12h30, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
24 de junho, às 20h, no Teatro Castro Mendes

Sinopse
Casa dos Bessemenov, típica família pequeno burguesa da Rússia no início do século XX. Em meio à ascensão de uma nova classe social, a burguesia, e a revolução proletária prestes a estourar na Rússia, uma família é posta em cheque através de ideologias e visões de mundo conflitantes dos personagens. Vassíli Vassiliev Bessemenov, representante da classe pequeno burguesa, vê sua família e seus valores ruírem com a chegada de novos tempos e relações que fogem ao seu controle.

Sobre o Autor
Aleksiéi Maksímovitch Piechkóv, conhecido como Maksim Górki, nasceu em 1868 na cidade de Níjni-Nóvgorod (cidade que Stalin mais tarde batizaria como Gorki), e morreu de pneumonia em 1936 quando já vivia na então União Soviética Socialista. Filho de artesãos, nascido num meio social muito pobre, órfão de pai, foi criado pelo avô materno, um tintureiro.
Ele passou por diversas profissões – de desenhista a lavador de pratos em um navio -, mas viveu também por um tempo como nômade, errante de cidade em cidade em busca de um emprego. Através de contatos com a literatura, interessou-se por problemas políticos. Assim, em meados de 1884, apaixonado pela cultura, muda-se de cidade imaginando cursar gratuitamente uma universidade. Entretanto, na altura isso era um privilégio de poucos. Sofreu a miséria, o frio, a fome, a revolta: este é seu curso universitário, o qual mais tarde ele próprio batizou como “Minhas Universidades”.
Passou pelo sofrimento concreto de quem viveu a transformação da Rússia do século XIX para o século XX, a crise econômica dada pelo acelerado crescimento populacional do país, que era essencialmente rural, em contraponto ao lento desenvolvimento tecnológico e industrial; as mudanças no governo, que iniciaram com a sucessão de czar em 1855 e que se intensificaram com a morte de Alexandre II; a ascensão do movimento social e a censura do movimento artístico russo.
Consagrou-se na literatura com o seu pseudônimo, Maksim Górki, autor de livros como: os romances  “A mãe”, “Vida de um homem inútil”, “Vida de Matviéi Kojemiákin”, “O negócio dos Artamonov”, “Vida de KlimSánguin”; as novelas “O casal Orlóv”, “Os ex-homens”, “A cidadezinha de Okurov”; as peças teatrais “Pequenos burgueses”, “Os inimigos”, e outros; além de contos, ensaios políticos e literários.
A primeira peça teatral de Górki é “Pequenos Burgueses” (tão importante no Brasil, pela sua encenação do Teatro Oficina, dirigida por José Celso Martinez Corrêa e tendo num dos principais papéis o russo-brasileiro Eugênio Kusnet). Nessa peça, que foi concebida em 1900, o autor se dedicou com muita minúcia à descrição e à análise das forças que ele considerava contrárias à instauração de uma vida mais decente. Assim como tinha utilizado a prosa para evidenciar os contrastes e os antagonismos sociais, ele usa o teatro como outra forma de luta.
Maksim Górki (1868-1936), isto é, “Máximo, o Amargo”, destaca-se como o principal autor do Realismo Socialista, não apenas por sua atuação incansável em defesa dos princípios nos quais acreditava, mas principalmente por transportar para o âmbito da arte a maior parte desses mesmos princípios. Criou, assim, uma extensa obra, voltada para a afirmação de sua crença ideológica.

Sobre o processo criativo
Maksim Górki, um dos maiores escritores de todos os tempos, e expoente da literatura russa pré-revolucionária, expõe em “Pequenos Burgueses”, as sementes germinadas da revolução que viria a estourar quinze anos depois.
Com delicadeza no trato do tema, o autor não expõe diretamente o embate ideológico entre o pequeno burguês e o revolucionário, mas antes, faz-nos experienciar este conflito nas relações domésticas da casa dos Bessemenov. Entre pais e filhos, parentela e pensionistas, Górki compõe um quadro rico do pensamento e da sociedade que, em muitos aspectos, corresponde ainda à sociedade atual, pós-queda da URSS.
A escolha do texto claro, de dramaturgia sólida e conflitos objetivos, permitindo desenvolvimento e exploração de personagens, está vinculada também à proposta pedagógica deste semestre da graduação: o estudo a composição de personagem. É por isto também que a ênfase da montagem não está nos aspectos ligados à linguagem, mas na própria criação de personagens e suas relações.
O trabalho sobre a criação das personagens baseia-se, neste processo, nos fundamentos stanislavskianos, tendo como principal referência Eugenio Kusnet (ator russo que fez a ponte entre os ensinamentos herdados de K. Stanislavski- do Teatro de Arte de Moscou- e o contexto teatral brasileiro nos anos 60.)
O elemento estético central da cena é a casa do Pequeno Burguês, cuja cenografia pretende denotar o confronto entre as ideias de “casa em construção” e “casa em escombros”.
Este conflito, refletido literalmente na cenografia, visa auxiliar a percepção, tanto por parte dos atores quanto do público, de que a peça não trata de um embate datado, cujos problemas ficaram no passado, mas sim de que muitos destes questionamentos são pertinentes em nossa realidade social moderna.
A concepção do figurino também prima por esta busca de um híbrido entre a vestimenta do início do século XX e uma possibilidade de visualização das questões atemporais que também estão impressas, é claro, nas relações e discursos das personagens.

Ficha Técnica
Dramaturgia: Máximo Górki
Tradução: Fernando Peixoto e José Celso Martinez Corrêa
Direção: Marcelo Lazzaratto
Elenco: Alexandre Romanelli, Ana Lais Azanha, Ana Vitória Prudente, Artur Mattar, Catharina Müller, Dante Arruda Paccola, Demétrios Augustus, Diego Tomás, Giovanna Hernandes, Lucas Moreira, Pamela Leoni, Thaiane Athanásio, Tomás Flores e Vanessa Cristina Petrongari.
Laboratório de práticas corporais e apoio teórico: Eduardo Okamoto
Laboratório de práticas vocais: Rodrigo Spina
Assistente de Direção: Paula Sauerbronn de Andrade
Figurino: Dante Arruda Paccola, Lucas Moreira e Vanessa Petrongari
Cenografia: Catharina Muller, Erich Baptista de Oliveira, Thaiane Athanásio e Tomás Flores
Consultoria visual: Helô Cardoso
Iluminação: Artur Mattar, Demétrios Augustus e Marcelo Lazzaratto
Músico e compositor: Bruno Gazoni
Apoio cenográfico: Aline Barbosa e Gabriela Fuziyama
Arte Gráfica: Ligia Zeid e Matheus Augusto Zago

11202607_387504888104724_2802642389456682712_nO BEIJO NO ASFALTO
Alunos do sétimo semestre do Bacharelado em Artes Cênicas

23 de junho, às 20h, no Teatro Castro Mendes
25, 26, 27 e 28 de junho, às 20h, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
26 de junho, às 12h30, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP

Sinopse
Tragédia carioca escrita por Nelson Rodrigues no formato de três atos no ano de 1960. Um desconhecido é morto ao ser atropelado por um ônibus e, agonizante, pede ao jovem Arandir que lhe dê um beijo na boca. Este gesto é presenciado por Amado Ribeiro, repórter do jornal “Última Hora”, que, junto com o delegado Cunha, transforma o acontecimento em notícia de primeira página. O escândalo e o sensacionalismo provocados pelo jornalista transformam a vida de Arandir num inferno, a ponto de nem mesmo sua esposa acreditar nele, arrastando-o inexoravelmente para o desenlace trágico.

Sobre o autor
Nelson Rodrigues é um dos principais dramaturgos brasileiros. Sua obra inclui 17 peças, diversos romances e inúmeros artigos de jornal. Iniciou sua carreira de escritor aos 13 anos na sessão policial do jornal de seu pai, o “Crítica”. Sua vida foi repleta de acontecimentos trágicos; seu irmão Roberto foi assassinado, seu pai morreu um mês depois, de desgosto; o jornal “Crítica” foi completamente destruído pela revolução de 1930, com sua família chegando a passar miséria e fome… Segundo o próprio Nelson, a larga experiência no jornalismo policial foi decisiva para a criação de seu universo ficcional.
No teatro, nada menos do que 7 peças de Nelson foram censuradas. A podridão e a mediocridade das suas personagens, aliados ao “mau gosto” manifesto do autor, causaram sempre repulsa no público médio brasileiro. “Protesto em nome da família brasileira!” era o grito de repúdio várias vezes ouvido na noite de estreia de suas peças.
“Eu não insinuarei nenhuma novidade se disser que, muitas vezes, são as pequenas causas que fazem as grandes tragédias. É preciso tomar cuidado com o ‘irrelevante’, o ‘secundário’, o ‘intranscendente’, o ‘sem importância’.” Assim Nelson começa uma das suas muitas crônicas confessionais. Nada, para ele, há de intranscendente. Tanto na prosa quanto no teatro, Nelson nos dá sua rajada de monstros, seus heróis mesquinhos, sua comédia humana.

Sobre o processo criativo
Nelson Rodrigues definiu toda a sua obra como “uma longa meditação sobre o amor e a morte”. Começamos nosso estudo procurando absorver seu universo imaginário, procurando absorver parte de sua imensa obra, lendo, além de suas peças, romances, contos, crônicas… Ao longo do semestre, abordamos a montagem de “O Beijo no Asfalto” como um estudo sobre os diversos aspectos do trabalho poético do ator, mais do que como a produção de um espetáculo. Desta forma, o foco dos ensaios com o professor Roberto Mallet era entender os problemas colocados pela encenação, tanto do ponto de vista da atuação quanto da dramaturgia cênica. Durante o processo, todos os atores envolvidos experimentaram diversos personagens, construindo, assim, diversos esboços de caracteres, no exercício da estruturação corporal da personagem dramática. A prática da criação teatral, tomando as ações dos atores como matéria básica da construção da cena, foi o eixo pedagógico em torno do qual realizamos este Projeto Integrado de Criação Cênica.

Ficha Técnica
Dramaturgia: Nelson Rodrigues
Direção: Roberto Mallet
Laboratório de práticas corporais e apoio teórico: Eduardo Okamoto
Laboratório de práticas vocais: Rodrigo Spina
Elenco: Brenda Avelino, Cadu Ramos, Felipe Ferrero, Gabriel Correa, Lucas Marcondes, Marília Magalhães, Natalia Ruggiero, Rafael D´Alessandro, Tato Brasil, Tay Paschoini, Tess Amorim.

TRABALHOS DE ALUNOS DO PRIMEIRO SEMESTRE DO BACHARELADO EM ARTES CÊNICAS

16 de junho, durante todo o dia, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
Consulte a programação em: <facebook.com/ArtesCenicasUnicamp>.

Orientados por docentes responsáveis por disciplinas curriculares do Bacharelado em Artes Cênicas, alunos do primeiro semestre do curso apresentam estudos de cena, aulas abertas, debates, aberturas de processos etc.

TRABALHOS DE ALUNOS DO TERCEIRO SEMESTRE DO BACHARELADO EM ARTES CÊNICAS

23 de junho, durante todo o dia, no Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
Consulte a programação em: <facebook.com/ArtesCenicasUnicamp>.

Orientados por docentes responsáveis por disciplinas curriculares do Bacharelado em Artes Cênicas, alunos do terceiro semestre do curso apresentam estudos de cena, aulas abertas, debates, aberturas de processos etc.

DEBATES
30 de junho, das 9h às 12h.
Alunos e docentes do Bacharelado em Artes Cênicas debatem as apresentações públicas dos Projetos Integrados de Criação Cênica, bem como seus processos geradores.

Departamento de Artes Cênicas da UNICAMP
Fone: (19) 3521.2444
Rua Pitágoras, 500
Cidade Universitária “Zeferino Vaz”
CEP: 13083-854
Campinas, SP

Teatro Castro Mendes
Fone: (19) 3272.9359
Praça Correa de Lemos, s/nº
Vila Industrial
CEP: 13035-330
Campinas – SP

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