PesquisaPesquisadores do Instituto Butantan testam uma molécula sintética, chamada Alda-1, no combate a dores inflamatórias. O estudo pode resultar no desenvolvimento de medicamentos melhores que os usados atualmente, como a morfina, pois poderá ter menos efeitos colaterais nos pacientes.

A Alda-1 foi descoberta pela Stanford University, nos Estudos Unidos, em parceria com o Butantan, há quatro anos. Segundo Vanessa Olzon Zambelli, pesquisadora do Laboratório Especial de Dor e Sinalização do instituto, a molécula também está sendo testada para tratar intoxicações por consumo exagerado de bebidas alcoolicas. “O mecanismo como ela [molécula] atua é o mesmo mecanismo que ajuda a eliminar o álcool do organismo”, explicou.

Os pesquisadores notaram que a deficiência de uma enzima, chamada aldeído desidrogenase 2, nos povos asiáticos provocava a vermelhidão no rosto, característica dessa população quando ingere álcool. Além da vermelhidão, os asiáticos apresentam tolerância menor à dor. “E a molécula Alda-1ativa essa enzima, ela faz essa enzima trabalhar mais rápido, com mais potente”, disse a pesquisadora.

O papel da enzima no organismo humano é metabolizar os aldeídos, que são prejudiciais à saúde. De acordo com Vanessa, essas enzimas são produzidas tanto pelo alto consumo de álcool, quanto por doenças de isquemia do coração ou infarto, quando geram uma resposta inflamatória.

A Alda-1, porém, nunca foi testada na espécie humana. “Testamos um modelo experimental de inflamação em animais. A gente injetou no animal uma substância química que promove uma irritação, que é característica de uma doença inflamatória. Então, a patinha fica inchada, vermelha e dói. Os testes foram bastante satisfatórios”, disse Vanessa.

Segundo a pesquisadora, ainda não há previsão de quando os testes serão feitos com humanos. Os próximos passos do Butantan são os experimentos, ainda em animais, com dores mais crônicas e persistentes, como dor neuropática e de artrite.

Os pesquisadores brasileiros vão aguardar os resultados da universidade norte-americana, que está focada no estudo da intoxicação por álcool, para inciar o experimento. “Talvez aqui no Brasil demore um pouco. Através das pesquisas de lá, a gente consegue mostrar que ela [molécula] não é tóxica e, de repente, isso pode antecipar os testes em humanos aqui”, disse.  (Agência Brasil)