Página no Facebook traz informações sobre assassinato de estudante da Unicamp

Uma página criada por amigos de Denis Papa Casagrande, assassinado no último sábado na Unicamp, traz informações sobre a morte do estudante, faz crítica à cobertura da mídia e diz que houve omissão de socorro. Veja abaixo o conteúdo da página criada na rede social Facebook.

A VERDADE SOBRE O ASSASSINATO DE DENIS CASAGRANDE

Denis Casagrande
Página do Facebook

Dia 21/09/2013, às 3h30 da manhã, o estudante Denis Papa Casagrande da Universidade Estadual de Campinas foi brutalmente assassinado. As informações da mídia oscilam entre o descaso e a distorção da história real. Por conta disso e visando preservar o mais importante, a memória de Denis, apresenta-se esta nota com o intuito de descrever com maiorprecisão a tragédia.

Com outros amigos, Denis estava em um aniversário do qual seguiram para uma festa dentro de sua universidade, UNICAMP. Por volta das 2h24, ele e quatro amigos estacionaram o carro em frente à entrada do campus e chegaram à festa. Vários carros estavam parados por todos os lados e muitas pessoas seguiam para a praça do Ciclo Básico. Denis estava tranquilo e disse que não pretendia beber, pois às 6h da manhã encontraria seu irmão para seguirem em uma viagem familiar, pela qual estava ansioso. Andaram até o Teatro de Arena onde encontraram outros amigos. Lá ficaram conversando e ouvindo as bandas que participavam do festival. Segundo alguns amigos que estavam com ele, Denis disse que iria dar uma volta, o que é completamente normal em festas e se separou do grupo. Essa foi a última vez em que foi visto com vida pelos amigos.

Minutos depois, por volta de 3h35, uma pessoa que reconheceu Denis desfalecido no chão e ferido, já inconsciente, procurou e encontrou um de seus amigos alertando-o sobre o estado em que o estudante se encontrava. Confirmada a situação, informou seus outros amigos que foram ao encontro de Denis. Lá, souberam que uma ambulância fora chamada e não viram sinais de briga: só Denis deitado no chão, sem camisa, com marcas de golpe de faca no meio do peito ensanguentado na barriga, a boca roxa e já muito pálido. Algumas pessoas, se dizendo estudantes de enfermagem, tentavam reanimá-lo enquanto seus amigos gritavam desesperados por socorro no meio da festa que ainda acontecia. Os vigilantes da guarda patrimonial da Unicamp que ali estavam foram alertados várias vezes, mas não ofereceram socorro, mesmo estando de carro e cientes do ocorrido. É importante ressaltar que a atitude dos vigilantes foi de descaso, indiferença e negligência. Não se sabe, ao certo, o porquê de tal postura, mas vale frisar que houve omissão de socorro. Além disso, nesse tipo de evento, não é autorizada a entrada de veículos particulares dos alunos no Campus, o que impossibilitou que ele fosse levado ao Hospital das Clinicas, localizado a menos de cinco minutos de carro.

Por volta das 4h00, um dos carros da vigilância resolveu entrar na praça do Ciclo Básico para prestar socorro após muita pressão por parte dos presentes. Dessa maneira, alguns alunos começaram a colocavam Denis no banco traseiro do carro, quando o veículo do Samu chegou. Tudo isso, após trinta minutos do primeiro contato. Então, retiraram Denis e aplicaram os procedimentos de primeiros socorros. Tentavam reanimá-lo mas, ao que tudo indica, já era tarde demais.

No entanto, o que aconteceu entre o momento em que Denis se separou dos amigos e as fatídicas 3h30?
Pouco foi divulgado oficialmente e as informações publicadas até o momento na mídia são no mínimo inverossímeis e distorcidas.
Primeiramente, sabe-se que não foi uma briga que causou o assassinato de Denis e sim o assassinato de Denis que desencadeou a revolta dos presentes. Assim, manchetes que contém “confusão” e “briga generalizada” devem ser deixadas em descrédito.
Várias pessoas que estavam no local viram a forma covarde e brutal com a qual Denis foi agredido enquanto estava no chão: vários chutes e até golpe de skate no rosto. Vale a pena ressaltar que há menos de um mês Denis não conseguia andar sem muletas, pois se recuperava de um processo cirúrgico no joelho direito, de maneira que sua locomoção permanecia comprometida. A tal “briga” veiculada pela mídia só aconteceu quando pessoas que presenciavam a agressão gratuita se solidarizaram com Denis – que não estava com os amigos – para impedir que a violência continuasse.

Também é sabido que a Unicamp não disponibiliza banheiros abertos durante as madrugadas perto do Teatro de Arena. É comum então os frequentadores das festas usarem espaços abertos próximos ao local como banheiro. Logo, podemos incluir a palavra “banheiro” na lista de distorções da mídia.
Quem o conhecia sabe muito bem que Denis nunca apresentou histórico de comportamento desrespeitoso como o que tem sido veiculado. Além do mais, nunca participaria de uma “briga” como essa e tampouco por uma garota totalmente desconhecida. Ser personagem de uma “briga passional” não é algo condizente com o caráter de Denis.
Dessa forma, contrastando as suposições que tem sido apresentadas com o que se conhece do caráter de Denis, é impossível aceitar a versão que circula nos meios de informação,

Denis Papa Casagrande tinha 21 anos e era aluno do segundo ano do curso de Engenharia de Controle e Automação da UNICAMP, um dos mais conceituados do Brasil. Personagem importante da vida acadêmica, era atleta e participava da Associação Atlética do seu curso como membro ativo. Queria se recuperar logo do joelho para voltar às quadras. Fazia parte também do Conselho Discente do curso e era representante dos alunos na Comissão de Graduação. Além disso, mantinha um bom desempenho acadêmico o qual lhe permitia sonhar com uma bolsa para realizar um intercâmbio estudantil.

Denis tinha pais, irmãos, amigos e uma vida: assim como nós. Hoje, somos todos Denis. (Somos Todos Denis)

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