.Por Susiana Drapeau.

A presença de Caetano Veloso, Alinne Moraes, Sonia Braga, Leticia Sabatella, Marina Person, sob a liderança de Paula Lavigne, foi o grande ato histórico após o golpe parlamentar de 2016.

O ato foi também uma lição importante para as lideranças do PT, que têm sido massacradas desde a vitória de Dilma Rousseff nas eleições de 2014, mas não entendem o que está acontecendo.

O show de Caetano Veloso, que foi proibido pela Justiça a pedido do Ministério Público, se transformou em ato e significou um primeiro rompimento ao apartheid social e simbólico definido como política pública após o golpe.

O golpe isolou as classes pobres e marginalizadas simbólica e economicamente. A cidadania ficou aprisionada ideologicamente.

Na prática, o golpe de Eduardo Cunha e Michel Temer com o apoio de líderes evangélicos e do PSDB recolocou todos os recursos do Estado a serviço das classes de alto poder econômico. Os projetos que atendiam as classes médias e pobres foram congelados.

O movimento golpista se tornou praticamente hegemônico com o apoio de setores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da grande mídia.

O apartheid estava dando certo: isolamento do PT,  fim de programas sociais do governo anterior, congelamento de investimento em Saúde e Educação, fim da aposentadoria, fim das garantias mínimas ao trabalhador, ração para pobre, volta do uso de trabalho escravo  etc.

Essa força retrógrada organizada fez emergir grupos fascistas e permitiu a ascensão de um candidato que representa a violência do Estado e o fim dos direitos civis.

Paula Lavigne sentiu na pele a ação desses grupos fascistas.

Tudo ia bem, mas o movimento feito por Paula Lavigne, levando Caetano Veloso à Ocupação do MTST, abalou a música da orquestra segregacionista.

Abalou porque rompeu simbolicamente o isolamento dos pobres. E é isso que o PT não entendeu. Iludido com o protagonismo dos governos Lula e Dilma, não consegue sair do círculo fechado em que o golpe o colocou.(Susiana Drapeau)