Lucro acima da vida O filme, Lucro acima da vida, uma ficção baseada em fatos reais, que conta a história de contaminação por agrotóxicos na fábrica da Shell/Basf em Paulínia/SP, chegou as telas neste final de semana.  Por causa de anos de contaminação por agrotóxicos, cerca de 70 ex-trabalhadores já morreram, a maioria, em decorrência do câncer.

O filme ainda é tema de debate na 20ª edição do Congresso do Núcleo Piratininga de Comunicação que acontece nesta semana no Rio de Janeiro. Devido ao poder financeiro de Shell/Basf o caso de contaminação na fábrica de Paulínia, por anos foi negligenciado pelo poder público e pela imprensa. O filme mostra toda a luta dos ex-trabalhadores para conseguir levar o caso à justiça e ter o devido reconhecimento pelas autoridades competentes.

O elenco tem vários atores Globais: Aílton Graça, que interpreta a Xana Summer na novela Império, Zezé Motta e Pedro Pauleey que estão na novela Boogie Oogie também da Globo, Deo Garcez que fez novelas como o Cravo e a Rosa(Globo) e Escrava Isaura (Record), João Vitti que também atuou na novela o Cravo e a Rosa e na série Milagres de Jesus da Record e Denis Derkian ator que atuou na Malhação e na novela Insensato Coração (Globo).

O filme foi rodado em locações nas cidades de Campinas e Paulínia. Cerca de 100 ex-funcionários da Shell/Basf atuaram como figurantes. O papel principal é do ator Deo Garcez. Ele interpreta o coordenador da Atesq (Associação dos Trabalhadores Expostos às Substâncias Químicas), entidade que junto com o Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e região, encarou os 12 anos de batalha judicial.

Para o ator, a oportunidade de participar deste filme é única. “Fazer parte de um projeto como este, que trata de uma tragédia humana e ambiental, em que tantas vidas foram perdidas, e o sofrimento ainda perdura, certamente dignifica e dá sentido a qualquer artista preocupado com sua função social”, declara o ator.  João Vitti é quem interpreta o diretor do Sindicato dos Químicos, Arlei Medeiros “Meu desejo é que esse filme, além de ser um brado contra a ganância desmedida, seja porta voz das vítimas do caso Shell”, disse João.

A direção é de Nic Nilson, jornalista e cineasta que já roteirizou e dirigiu vários filmes como, Turma do Capi e Um Natal Diferente. “Vamos mostrar essa história pela lente de quem viveu, lutou e segue com uma vida transformada pela inconsequência dessas multinacionais que no exterior estavam proibidas de produzir os agrotóxicos que vieram manipular no nosso país”, lembra o diretor.

O longa foi produzido pela Atesq (Associação dos Trabalhadores expostos às substâncias químicas), Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e região e a Fetquim (Federação dos Trabalhadores do ramo Químico do Estado de São Paulo.) A produção contou ainda com centenas de doações de pessoas sensibilizadas e envolvidas na causa para finalizar o projeto

Histórico:
-Em 1977 Shell inaugura fábrica de agrotóxicos no bairro Recanto dos Pássaros em Paulínia, interior de São Paulo.
– Por décadas os trabalhadores manusearam substâncias altamente tóxicas ao organismo humano, compostas por substâncias organocloradas com potencial cancerígeno, além de respirarem metais pesados e outros componentes químicos que eram queimados nas caldeiras da fábrica.
-Em 1995, parte da área é vendida para a empresa Cyanamid e a Shell reconhece a contaminação do solo e águas subterrâneas. Por causa disso, a Shell adquiriu todas as plantações de legumes e verduras das chácaras ao entorno e passou a fornecer água potável à população.
-Em 2000, a Basf compra a Cyanamid e mantém a mesma atividade industrial.
2001- Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e região entra na justiça contra as empresas
– Em 2002 o Ministério do Trabalho e Emprego, em ação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, interdita todas as atividades da fábrica.
– Em 2007 a Justiça do Trabalho de Paulínia condena as empresas a custearem o tratamento médico de todos os ex-trabalhadores, assim como de seus filhos, e a pagar uma indenização por danos morais no valor total de R$ 1,1 bilhão.
– O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região negou recurso impetrado pelas empresas Shell do Brasil e Basf S/A contra decisão em primeira instância que condena as multinacionais ao custeio de tratamento de saúde de ex-funcionários e ao pagamento de uma indenização bilionária por danos morais.
-O caso vai parar no Tribunal Superior do Trabalho em Brasília-DF.
-Em 2013 as negociações são retomadas e um acordo é firmado entre as empresas e os ex-trabalhadores.O acordo fixou o direito ao tratamento médico vitalício para 1058 ex-funcionários e dependentes, indenizações individuais e uma indenização por dano moral coletivo de R$ 200 milhões.

Serviço:
Local: Cine Topázio no Polo Shopping de Indaiatuba
Endereço: Alameda Filtros Mann 670
Datas e horários:
7/11 às 19h30
8/11 às 15h