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1)Liberdade:

Liberdade é mais dentro que no vento,
Atada a cada grão de preconceito,
Que a ignorância planta em nosso peito,
E o medo faz crescer como um fermento.

Liberdade é mais questão de acreditar,
Que a nossa liberdade é nossa crença,
Que só nos fortalece a diferença,
E só eu mesmo posso me mudar.

A liberdade espera o bom momento,
De nos alimentarmos de clareza,
Iguaria incomum que vive presa,
Aos pés da história e do conhecimento.

E quando a liberdade nos sorrir,
Voará livre pra fora de nós,
E o grito que brotar da nossa voz,
Destruirá pra sempre o possuir.

Será um tempo então de pura paz,
Abraçaremos nossos diferentes,
Terá seu fim a era das correntes,
Diferentes, enfim, livres iguais.

E para chegar tão longe na verdade,
Sigo pelo “por quê?”, fujo do “amém”,
E cuidarei de não privar ninguém,
De tentar libertar a liberdade.

 

2)A mudança em si…

Será que importa a esquerda ou a direita, tampouco qual religião ou seita, que deus seja cristão ou muçulmano? Talvez seja a certeza o mal humano… Esta certeza inócua e tão oposta, escolha a sua e perderá a aposta. O Sol já foi o centro disso tudo, queimamos as mulheres com estudo, a Terra já foi plana, já viemos do barro, o que vale é a grana, o melhor é o meu carro, o índio já foi bicho, o negro já foi lixo. E tantas gerações andaram tortas, tantas pessoas boas foram mortas, já tingimos de sangue nossas botas pra defender certezas idiotas, porque alguém nos manda produzir, porque um deus não deixa questionar. E temos medo de evoluir, não aprendemos a nos libertar. Nós construímos muros e não pontes, e limitamos nossos horizontes. Vamos morrer de novo odiando o vizinho porque “um nada” nos diferencia, ou nossa semelhança surgiria se tentássemos trilhar outro caminho? Que enfim as grandes discussões eternas, tornem profundas incursões internas. Que não tenhamos pudores de nos descobrir, nunca mais nos deixemos explorar, nenhum pastor nos há de conduzir, que a liberdade seja o nosso ar! Que onde reina o poder, o medo, a dor, floresça o anarquismo interior!

 

 3)É mesmo conveniente?

Letras, palavras, contextos, podem vir, vamos chegando, eu só acato, eu não mando, sinto, cato e vou juntando, lavrando o pó do porvir, pra que talvez, quando em quando, se o mau tempo persistir e continuar rondando, alguém prefira sorrir. Mas se até na medicina dizem que chorar faz bem, planto vírgulas na esquina da vida, que só ensina, para quem, num desabafo, queira prantear também. Nunca rimo amor com dor, toda verdade é mentira, caminho longe da ira, que ela eu não tenho onde por. Fujo, sem virar covarde, para bem dentro de mim, é lá que um fogo me arde, é lá que sopra uma brisa, é lá que mora o descanso que meu cansaço precisa pra imaginar por que eu vim. Não creio ser impossível desacreditar da guerra, não cultivar inimigos, esquecer deuses antigos que povoam nossa Terra, crescidos na ignorância do temor e da ganância, que desde um tempo infinito se alimentam do conflito, intrigam contra o irmão, são os pais da ilusão, não importa como seja, dependem de alguma igreja ou de uma arma na mão. Eu acredito num deus que goste de esclarecer, tenha muito bom humor, que não reprima o amor, que não goste de segredo, que habite os seres humanos e por ventura, outros planos, mas que nunca gere o medo. Esse deus nos deixa livres pra seguir a natureza, para estreitar as distâncias, zerar as intolerâncias e ver muito mais beleza. Adorar as amizades, entender outras verdades, ter muitas opiniões e aceitar tantas além. Explorar nossas paixões, longe da ilusão da posse, livres do peso da culpa, sem ter que magoar ninguém, porque nenhum deus de lupa vai achar que é errado e espalhar o seu castigo, julgando ser um pecado um desejo tão antigo e um querer tanto bem. Eu nunca que vou sair desse meu eu imperfeito, mas acho que é meu direito versar minha imperfeição, solto o coração e a mente pro mundo maravilhoso que é todinho da gente e usamos como prisão. Eu vou no rumo do vento, carregando uma semente que faça num só vivente, que um dia me tenha lido, brotar o questionamento, se é mesmo conveniente… morrer sem se ter vivido?

 

4)Pra Todo Mundo Ver:

Os meus pertences, deixo num museu,
Roupas, vaidades, fiapos de ira,
Discos, temores, restos de mentira,
E as mil máscaras que jurei ser eu.

Fazendo mais um apanhado breve,
Meus preconceitos e quinquilharias eu despejo,
Junto ao peso da culpa e do desejo,
E da expectativa de ser leve.

Me desfaço por fim do meu escudo,
Que nada mais pode me fazer mal,
E frente a um eu desnudo, original,
Vou me entender melhor, solto de tudo.