
Campinas está prestes a completar uma marca incômoda e simbólica: quase 15 anos sem o funcionamento de seu principal espaço cultural, o Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes (CCC), fechado desde 2011. A promessa agora é de que a tão aguardada reabertura aconteça em julho de 2025.
Desde seu fechamento, o CCC foi palco de um enredo que mistura burocracia, ineficiência pública e sucessivos atrasos. A licitação para sua reforma só foi lançada em 2020 — quase uma década após o fechamento. A primeira fase da obra, iniciada tardiamente em outubro daquele ano, só foi concluída três anos depois, em novembro de 2023.
Agora, com a segunda etapa em andamento e previsão de entrega para meados deste ano, resta um custo elevado não apenas em cifras — que somam mais de R$ 62 milhões até o momento —, mas também para a vida cultural da cidade, para artistas e para o público.
É fato que a reforma tem aspectos técnicos importantes. A modernização inclui um sistema de áudio, vídeo e iluminação de última geração, acessibilidade, infraestrutura para tradução simultânea e até concha acústica — tecnologia presente apenas no Teatro Municipal de São Paulo, segundo informações do governo municipal.
Na primeira fase, foram reformados palco, camarins, sala de ensaio da orquestra, áreas expositivas, foyer e espaço do café/restaurante, onde no passado funcionou o La Recoleta e que será palco de apresentações musicais. Houve a substituição de todas as instalações hidráulicas e elétricas, adequações de acessibilidade e drenagem. O Teatro de Arena foi impermeabilizado para conter as infiltrações que ameaçavam a estrutura do CCC.
A segunda etapa envolveu novas instalações e automação da luminotécnica de toda a área do complexo, a iluminação cênica, áudio e vídeo e a cenotecnia, com intervenções na estrutura do piso do palco e fosso da orquestra, maquinaria cênica totalmente motorizada, estrutura metálica da passarela técnica e urdimento (armação no teto do palco que permite a fixação e o funcionamento dos dispositivos cênicos), poltronas e carpete na plateia. A capacidade foi ampliada de 503 para 521 lugares.
Identidade cultural
Mas toda essa excelência planejada não pode apagar a realidade do abandono prolongado. Um teatro fechado por quase uma década e meia não é apenas uma obra inacabada — é a ausência de um espaço de expressão, formação e encontro. Nesse tempo, artistas locais perderam palco e o público ficou órfão de um equipamento cultural essencial.
O Centro de Convivência não é apenas um edifício: ele é parte da identidade de Campinas. Ocupa uma área simbólica, formada pela fusão de antigos terrenos públicos no Cambuí, com arquitetura arrojada e uma praça em seu entorno. O projeto leva a assinatura do arquiteto Fábio Penteado. O complexo cultural foi inaugurado em 1976, pouco mais de uma década depois da demolição do Teatro Municipal Carlos Gomes, construído em 1930 e derrubado em 1965, sob protestos da população. E leva também o nome do maestro campineiro.
O que se espera, agora, é que o CCC seja um espaço para programação diversa, fomento à produção local e com amplo acesso. Terminadas as obras e a a fase de testes, serão abertas as licitações para que o teatro, galerias e demais áreas sejam ocupadas.
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