
O Atlas da Violência pode expor uma informação enganadora quando não computa os dados da violência considerados ocultos. Em 2023, os dados mais recentes divulgados no início de maio deste ano, o Atlas registrou 21,2 homicídios por 100 mil habitantes, a menor taxa já registrada no estudo, coordenado pelo pesquisador Daniel Cerqueira, do Ipea, e pela diretora executiva do FBSP, Samira Bueno.
No entanto, esse dado mostra uma realidade falsa. O próprio Atlas mostra que o acréscimo dos homicídios ocultos muda a taxa estimada de homicídios no país. Com esses dados, a taxa chega a 23 casos por 100 mil habitantes.
Governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), São Paulo é o caso mais extremo nessa omissão da violência: em 2023, o estado deixou de registrar 2.277 homicídios. Dessa forma, o governador de São Paulo divulgou uma taxa de homicídios de 6,4 para cada 100 mil habitantes, mas a realidade é praticamente o dobro, com 11,2 casos por 100 mil.
“Com isso, o estado de São Paulo deixa de ser a UF menos violenta da nação, passando para a segunda posição, atrás de Santa Catarina [9 estimados por 100 mil habitantes]”, frisa o documento.
O caso dos homicídios ocultos também mostra incapacidade do estado da federação ser em esclarecer e investigar. Segundo o Atlas, entre 2013 e 2023, 8,6% das mortes por causa externa não tiveram a intencionalidade identificada, isto é, neste período, 135.407 pessoas morreram de morte violenta sem que o Estado conseguisse identificar a causa básica do óbito, se decorrente de acidentes, suicídios ou homicídios, constituindo as chamadas Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI)
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