(foto: can/divulgação)

O “Fóssil do Dia” desta quarta-feira (20) na 29ª Convenção do Clima das Nações Unidas (COP29), em Baku, no Azerbaijão, foi para a União Europeia (UE). O prêmio é concedido pela Climate Action Network (CAN) aos países que estão “fazendo o máximo para alcançar o mínimo” e “fazendo o melhor para ser o pior” nas negociações e ações climáticas. A Suíça recebeu a “menção desonrosa”.

O bloco europeu, responsável historicamente por altas emissões de gases de efeito estufa que impactam todo o planeta, defende a destinação de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões em investimentos para que países em desenvolvimento possam enfrentar as mudanças climáticas. Aplicada a inflação, destaca a CAN, isso significaria o mesmo patamar de financiamento público em comparação à meta de US$ 100 bilhões definida há 15 anos.

De acordo com a CAN, mais da metade do financiamento climático internacional da UE não são subsidiados e muitos países em desenvolvimento acabam enfrentando crises de endividamento. “A UE disse repetidamente que quer ser a construtora de pontes na COP29. Bem, se você quer construir uma ponte, precisa mostrar algo concreto. E sobre isso, números concretos ou ação, tem havido um silêncio ensurdecedor”, afirmou Emilia Runeberg, especialista em finanças climáticas da CAN. “O que está em jogo aqui não é apenas o multilateralismo ou a credibilidade dos compromissos internacionais da UE — são vidas humanas e a saúde e os ecossistemas do nosso planeta”, acrescentou.

A Suíça levou a menção desonrosa pela falta de contribuição ao fundo de Perdas e Danos e pela ausência nas discussões sobre o financiamento climático. “É hora de fazer os poluidores pagarem e o setor financeiro suíço é responsável por emissões 18 vezes maiores do que o total de emissões nacionais da Suíça . Se fosse um país, seria o sexto maior emissor global”, destacou a CAN.

O primeiro Fóssil do Dia da COP29 foi entregue no dia 15 deste mês ao G7, composto por Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido, por se negar a assumir responsabilidade fiscal em relação à crescente dívida climática. “Eles chegaram à COP29 sem apresentar nenhuma proposta de valor para a Meta de Financiamento Climático (NCQG). Este clube exclusivo, cujos membros estão entre os dez maiores emissores históricos, quer que todos os outros tenham a mesma responsabilidade pela crise climática para a qual contribuíram significativamente. Onde está a responsabilidade por suas ações?”, questionou o CAN

No dia 16, o prêmio ficou com a Itália, por estimular a exploração de combustíveis fósseis. O país é o segundo maior importador de gás da Europa, de acordo com a CAN, mantendo estreita relação comercial com o Azerbaijão, o anfitrião do evento. “Os dois países comercializam combustíveis fósseis como cartas de Pokémon, com o Azerbaijão sendo o segundo maior fornecedor de gás fóssil da Itália”, ressalta a CAN.

Outros vencedores do Fóssil do Dia foram A Coreia do Sul (dia 18), por usar dinheiro público para sustentar a indústria de combustíveis fósseis ao invés de aplicar em ações climáticas, e a Rússia (dia 19), que, segundo a CAN, está usando seu pavilhão na COP29 para promover e intermediar acordos de cooperação sobre petróleo e gás. “A Rússia está vivendo 20 anos no passado, prometendo ser neutra em carbono até 2060. Para adicionar uma cereja no topo, a Rússia está contando o gás fóssil e a energia nuclear como energia limpa”, justifica a CAN sobre a concessão do prêmio.