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Cooperativas de produtos saudáveis do MST captam mais de 100% do valor proposto com Finapop

(imagem: reprodução)

Finapop (Financiamento Popular para Produção de Alimentos Saudáveis), que iniciou em outubro uma primeira oferta para investimentos na plataforma voltada para o perfil pessoa física, com aportes a partir de R$100,00 (cem reais) conseguiu captar mais recursos do que o valor previsto para financiar as cooperativas. A cooperativa Concentra, de Minas Gerais, captou 106,9%.

A plataforma do Finapop oferece uma oportunidade para que qualquer um possa impactar novos negócios e participar de um movimento com propósito. Os investimentos possuem uma remuneração pré-fixada de 11% ao ano, superior à poupança.

A organização chama atenção para o investimento com propósito porque ele possibilita financiamentos que promovem a transição agroecológica. Os investidores vão contribuir com projetos de agricultura familiar, que produzem alimentos diversificados e saudáveis. Em tempos de emergência climática, a iniciativa é uma forma de enfrentar a crise, gerando impactos ambientais, sociais e econômicos.

“Ao viabilizar financiamentos justos e sustentáveis, a plataforma constrói novas relações no mercado financeiro, fundamentadas na preocupação com a humanidade e com a natureza, solidificando-se como uma ferramenta essencial para a transformação da agricultura e da economia no Brasil”, destaca o diretor executivo do Finapop, Luis Costa.

O Finapop foi fundado em 2020 e tem se destacado como uma ferramenta de transformação econômica e social no Brasil. Em quatro anos, ele viabilizou 109 financiamentos, totalizando 70,2 milhões de reais, distribuídos entre 61 cooperativas e associações das áreas de reforma agrária. Esses projetos beneficiam diretamente 25 mil famílias em todas as cinco regiões do país.

O negócio foi concebido para facilitar o acesso ao crédito por organizações de famílias assentadas, tradicionalmente excluídas pelos mecanismos financeiros convencionais. Desde sua origem, ele atende às demandas das cooperativas e associações, e além do financiamento, proporciona assessoria às organizações que acessam o crédito, conectando-as a um ecossistema de ferramentas e soluções para os desafios da agricultura e comercialização.

Colheita do arroz agroecológico. Foto: Tiago Giannichini

Luis destaca que a ideia é servir de ponte entre a cidade e o campo, unindo a agricultura familiar com o desejo de investidores em apoiar projetos comprometidos com a transição agroecológica, a soberania alimentar e o respeito ao meio ambiente. “É uma ferramenta essencial para aqueles que cultivam alimentos saudáveis e com consciência ambiental, fundamentais para a vida e sustentabilidade do planeta”, reforça.

O Finapop oferece três linhas de financiamento: CAPEX, que visa aprimorar as agroindústrias por meio da construção, reforma, expansão de instalações e aquisição de maquinário, aumentando a produção e a autonomia das cooperativas; Capital de Giro, crucial para a aquisição de matéria-prima, melhorando a liquidez e a capacidade de remuneração justa dos produtores, fortalecendo a relação com a base cooperada; e Capital Semente, destinado ao desenvolvimento de novas iniciativas e ao avanço de associações e cooperativas, promovendo a inclusão e o crescimento produtivo e organizativo.

Casos de Sucesso

A Cooperativa Da Terra, localizada em Itaberá/SP, com atuação voltada para a produção de grãos, é um exemplo de sucesso. A organização teve acesso às três linhas de financiamento do Finapop, totalizando um empréstimo de 2,3 milhões de reais. Com esse valor, a cooperativa realizou a instalação de uma biofábrica, adquiriu suplementos, matéria-prima para a produção de feijão orgânico e uma embaladora, entre outros investimentos. Esses recursos permitiram uma redução de 30% nos custos de produção, aumento de receita média por safra e a ampliação dos canais de comercialização.

Os impactos ambientais e sociais também foram notáveis. A área cultivada com utilização de bioinsumos cresceu de 15 para 750 hectares. Durante a safra, foram produzidos 6 mil litros de bioinsumos agrícolas, resultando na redução de aproximadamente 900 litros de fungicidas e inseticidas em três anos.

Socialmente, houve um aumento no número de associados, redução do trabalho manual com mais automação, maior autonomia para os agricultores e melhores condições de trabalho. Além disso, a cooperativa gerou empregos diretos para jovens, fortalecendo a economia local e promovendo o desenvolvimento comunitário.

Grande parte da produção das cooperativas da Reforma Agrária são destinadas para atender a demanda de políticas públicas, como a alimentação escolar. Foto: Wellington Lenon.

Outro caso de sucesso é da COPAVI, do Paraná, que atua na produção de derivados de cana de açúcar e leite. A cooperativa acessou R$ 2.900.000,00, que foram fundamentais para incremento da indústria de açúcar mascavo, melado, cana e na atividade leiteira para a produção de iogurtes e queijos. O financiamento proporcionou aumento da capacidade técnica e dos padrões de qualidade da produção.

Economicamente, a cooperativa viu um aumento de 50% na receita esperada para 2024, ampliou seus canais de comercialização e aumentou a capacidade de produção de 2,5 toneladas por dia para 4,5 toneladas por dia. Ambientalmente, a COPAVI diminuiu as emissões de resíduos, eliminou o uso de madeira nas caldeiras, aumentou a eficiência energética e mecanizou seus processos de produção. No aspecto social, a cooperativa melhorou a renda das famílias, ofereceu melhores condições de trabalho e aprimorou a segurança alimentar das famílias associadas.

Na região nordeste, um caso de destaque foi da ACANOR, localizada em Caruaru-PE. A associação, que se dedica à produção de milho, frutas e verduras, direcionou o investimento de 50 mil reais para a produção de milho crioulo, beneficiamento da matéria-prima e comercialização de cuscuz. Esta iniciativa não só fortaleceu práticas agrícolas livres de transgênicos, mas também preservou sementes crioulas e resultou na produção de 20 toneladas de cuscuz, beneficiando a qualidade dos alimentos oferecidos à comunidade.

Os impactos sociais foram significativos: a ACANOR conseguiu entregar alimentos livres de transgênicos para a merenda escolar (PNAE), assegurando a aquisição de matéria-prima para a produção de cuscuz e aumentando a renda das famílias associadas. Além disso, houve um fortalecimento do associativismo, melhoria da segurança alimentar e promoção de experiências que envolvem a organização de jovens, grupos de mulheres e a cooperação. (Com informações Da Página do MST)

Para acessar a plataforma, clique aqui.

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