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Grafites de mulheres negras inspiram estudantes de escola pública na periferia de Campinas

(foto: divulgação)

Os estudantes da Emef Maria de Fátima Faria Área, no Jardim das Bandeiras, bairro periférico na região Sul de Campinas, foram recebidos com uma nova inspiração nessa volta às aulas, com as portas das salas decoradas por grafites retratando mulheres negras que fazem ou fizeram história em suas áreas de atuação. Ao todo, são nove artistas, cientistas, cantoras, atletas, escritoras e pensadoras: Jaqueline Goes, Lélia Gonzalez, Djamila Ribeiro, Carolina Maria de Jesus, Fernanda Garay, Rebeca Andrade, Alcione, Glória Maria e Zezé Motta.

Foram os próprios alunos que escolheram os rostos que estariam nas portas. Em junho, estudantes e voluntários se reuniram em um mutirão para colorir o pátio e, este mês, as artes foram finalizadas pelos artistas Azevê (Fábio Azevedo), Arroz (Lucas Arroz) e Nay (Nayara Gomez).

“Espero que traga a mensagem de representatividade, força, inteligência, capacidade, que os adjetivos de cada uma dessas mulheres se reflitam na vida e no caminho de cada aluno. São pessoas geniais e inspiradoras que agora habitam essas portas”, afirma Azevê.

Para Arroz, a arte cria novos vínculos dentro do ambiente escolar. “Desde o mural, que teve a participação de muitas pessoas da escola e outros voluntários, até a finalização das portas, o projeto foi muito especial. Vimos o sorriso no rosto dos estudantes e agora que terminamos vamos deixar isso estampado no cotidiano, gerando neles esse pertencimento de que a escola é de todos e para todos”, diz.

Única mulher do grupo de artistas, Nay destaca a importância de retratar rostos femininos. “Estamos trazendo figuras que são mulheres poderosas e isso é muito inspirador. Podemos ser o que a gente quiser e essas mulheres são a prova de que todo sonho é possível”, destaca.

A iniciativa faz parte do Oásis Educar, promovido por jovens de várias escolas públicas de Campinas que fazem parte da Academia Educar, da Fundação Educar. “Temos certeza de que essas portas com a referência de mulheres negras fortalecerão o trabalho de educação antirracista e valorização das mulheres que a escola vem realizando”, destaca Cristiane Stefanelli, gestora da fundação. Neste ano letivo, o tema escolhido para ser abordado de forma transversal nas escolas municipais é “Educação Antirracista”.

Quem são as mulheres retratadas

Fernanda Garay – Jogadora de vôlei, fez parte da equipe brasileira na conquista do ouro na Olimpíada de Londres, em 2012, e da prata nos Jogos de Tóquio, em 2021

Rebeca Andrade – Primeira ginasta brasileira e latino-americana a se tornar campeã olímpica, em 2020. Também é bicampeã mundial no salto (2021, 2023) e campeã mundial individual geral de 2022. Em Paris 2024, ela subiu quatro vezes no pódio e se tornou a atleta brasileira com mais medalhas em Olimpíadas: foi ouro no solo, prata no individual geral e no salto, e bronze por equipes.

Jaqueline Goes – A biomédica e pesquisadora foi reconhecida internacionalmente por coordenar o mapeamento do genoma da Covid-19. Neste ano, ela foi nomeada embaixadora da Ciência no Brasil.

Lélia Gonzalez – Professora, escritora, filósofa, antropóloga e ativista, foi uma das principais intelectuais do feminismo negro no Brasil e referência nos estudos de gênero, raça e classe.

Djamila Ribeiro – A filósofa se tornou uma das principais vozes atuais quando se fala no combate ao racismo, autora de livros como “Pequeno Manual Antirracista” e “O que é Lugar de Fala?”.

Carolina Maria de Jesus – Com apenas dois anos de estudo formal, é considerada uma das mais importantes escritoras negras da literatura brasileira, tendo ficado nacionalmente conhecida em 1960 após a publicação do seu livro “Quarto de Despejo”.

Glória Maria – Jornalista, nasceu na Vila Isabel, no Rio. Foi a primeira repórter a transmitir reportagens ao vivo na televisão no Brasil. Apresentou o Jornal Hoje, o Fantástico e foi repórter especial do Globo Repórter.

Zezé Motta – Atriz premiada e cantora, fez sua estreia nos anos 1960 na peça “Roda Viva”, de Chico Buarque. Um de seu papéis mais marcantes e que consolidou sua carreira foi Chica da Silva no filme “Xica da Silva”, em 1976.

Alcione – A maranhense é um dos principais nomes do samba no Brasil. Conhecida como “Marrom”, “Dama do Samba” e “A Voz do Samba”, tem 39 álbuns lançados.

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