Uma pesquisa surpreendente feita com evangélicos frequentadores da Marcha para Jesus e católicos mostrou que a maioria tem um perfil progressista e que eles discordam da posição de políticos de extrema direita e de pastores milionários que atuam promovendo o discurso em favor de grupos radicais de direita. O interessante é que esses políticos e pastores de extrema direita se referem ao Brasil como um país ‘conservador’, o que a pesquisa desmente mesmo dentro dos fiéis. A pesquisa confirma pesquisa anterior da USP e Unifesp com relação à mulher e aos homossexuais.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser). O estudo foi feito a partir de metodologias quantitativas e qualitativas nos ambientes digitais e nas ruas, em entrevistas realizadas nas Marchas para Jesus em São Paulo, no Rio de Janeiro e Recife, entre junho e dezembro de 2023. Em cada uma das marchas, foram entrevistadas cerca de 200 pessoas, com um total de 673 entrevistas, 53% delas com participantes com idade entre 16 e 39 anos. Na segunda fase da pesquisa, o Iser também analisou o uso de mídias digitais por grupos católicos e evangélicos, bem como as narrativas que têm sido veiculadas sobre a questão ambiental e climática.
Sobre as questões climáticas, a maioria dos evangélicos discordam totalmente dos políticos de extrema direita que negam os efeitos das mudanças climáticas, ainda que esses políticos usem essa população para angariar votos e reforçar o negacionismo. De acordo com o levantamento, 70% dos entrevistados discordam totalmente da afirmação de que o aquecimento global é uma mentira, ou seja, uma parcela considerável dos evangélicos praticantes reconhece os impactos do aquecimento global e da mudança climática em seu cotidiano.
A pesquisa também mostra que os evangélicos e católicos desqualificam algumas fake news, como não acreditar que a terra é plana e acreditar que existe aquecimento global. Ou seja, os políticos de extrema direita usam o pensamento minoritário dos evangélicos para se promoverem radicalmente transformando esse pensamento em totalitário. A grande maioria dos entrevistados (69%) entende que a responsabilidade pelas mudanças climáticas é a ação humana.
Evangélicos também demonstraram se posicionar em defesa de territórios indígenas em relação ao agronegócio. Em relação à frase “nenhum fazendeiro tem o direito de invadir terra indígena”, 70% concordam totalmente. Ou seja, se posicionam de forma progressista em oposição a bancada de políticos de direita e extrema direita, apoiados por pastores milionários, e que atacam constantemente os indígenas e aprovaram a violência do chamado Marco Temporal, que praticamente acaba com a possiblidade de demarcação de terras indígenas.
Políticos e pastores de extrema direita usam uma minoria de evangélicos para se legitimar em discursos de intolerância e ganância.
Outras perguntas também opõem totalmente os evangélicos de seus pastores milionários que atuam politicamente com discursos radicais e políticos de extrema direita como o ex-presidente Jair Bolsonaro. Uma das frases apresentadas aos evangélicos consiste numa variação de uma declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trata-se da afirmação de que “a Amazônia não pega fogo por ser úmida”. A maioria (63% ) dos entrevistados afirmaram discordar totalmente, seguido de “discordo em parte” (16%). No total, 89% discordam dessa mentira divulgada pelo ex-presidente. (Com informações a Agência Brasil)
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