O brasileiro reclama do governo por causa da carga tributária, mas 22% de todos os impostos nem chegam nas mãos do governo. Eles vão direto para os rentistas com os pagamentos dos juros da imaculada dívida pública. No Brasil, ninguém pode questionar qualquer coisa sobre a dívida pública, nem se há falcatruas ou pagamentos excessivos e incorretos. É uma dívida sacro santa que leva cerca de 22% de todos os impostos pagos pelos brasileiros.
Aliás, a legislação que obrigou o comerciante a informar a carga tributária na nota fiscal deveria também informar que 22% vão para pagamento dos juros da dívida pública. É a famosa “bolsa banqueiro”.
Os cálculos dos custos da dívida foram feitos por Lauro Veiga Filho, em artigo publicado no GGN. Nele, o autor lembra que 22% dos impostos pagos pelos brasileiros não geram um emprego, não pagam qualquer salário ou financiam qualquer indústria. Na realidade, só aumentam a concentração de renda mundial.
Segundo Lauro Veiga, os dados da Receita e do BC, referentes a 2022, mostram que os governos em todos os níveis arrecadaram em torno de R$ 3,342 trilhões, em valores nominais (quer dizer, sem atualização com base na inflação). Daquele total, perto de R$ 734,913 bilhões, algo como 7,41% do PIB, foram destinados ao pagamento de juros, num tipo de despesa que não contribuiu para que a economia gerasse um único emprego ou produzisse um mísero parafuso. Ao contrário, o mais provável é que o arrocho monetário em curso (quer dizer, a cobrança de juros estratosféricos) tenha inibido a produção de bens e mercadorias, impedindo a criação de novos empregos ou mesmo gerando perdas de vagas.
“A despesa com juros, numa conta raramente apresentada pelas correntes de economistas que sustentam o pensamento hegemônico no País, representou precisamente 21,99% de toda a carga tributária (2022), diante de 16,98% em 2021, quando o gasto com juros havia alcançado R$ 499,308 bilhões diante de uma carga tributária bruta de R$ 2,941 trilhões”, anota. No último ano do governo Bolsonaro, os rentistas levaram 22% de todos os impostos pagos no Brasil.
“Na comparação entre os dois períodos, sempre em valores nominais, enquanto a carga total de impostos avançou 13,63%, os juros saltaram 47,19% na saída de 2021 para 2022. As despesas com juros, além do mais, cresceram a um ritmo mais de quatro vezes superior à variação nominal do PIB no mesmo intervalo. Mantidas nos níveis atuais, as taxas de juros tendem a agravar enormemente o cenário fiscal, ao assumir proporções extravagantes em relação ao tamanho da economia, num “risco fiscal”, para repetir o jargão dos “doidos por ajuste” (entenda-se, corte de despesas), muito mais relevante do que a própria despesa primária (que não inclui o gasto com os juros)”. Veja texto completo no GGN.
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