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01 de janeiro de 2023, uma data para a História: A posse de Luís Inácio Lula da Silva e o reencontro do Brasil com ele mesmo!

.Por Christian Ribeiro.

A posse de Luís Inácio Lula da Silva marcou um reencontro do povo brasileiro com a esperança, de pelo menos termos uma perspectiva de convivência social baseada na inclusão, respeito as nossas diferenças e diversidades. Respeito, de fato, as liberdades e a Democracia! Um ato de comunhão, de pacificação simbólica, contra todo o mal e ódio que nos cercou e sufocou desde o golpe de 2016 e, principalmente, que se radicalizou a partir do desgoverno maldito de Jair Messias Bolsonaro e de todo mal por ele representado e encarnado.

Muito mais do que uma posse, foi momento de libertação, de expurgar todas as dores e sofrimentos, de gritar ao mundo que apesar de tudo, estamos vivos, resistimos e não desistimos de fazer mudar os rumos da roda da História em direção a construção de uma sociedade realmente e radicalmente justa, democrática e igualitarista em direitos e oportunidades, para nos tornarmos de fato uma nação de todos, para todos e por todos! Para assim finalmente abraçarmos a completude civilizatória que parece sempre a bailar, fugindo – ou sendo retirada – de nossos braços!

Mas que tal perspectiva histórica do que ontem se passou na cerimônia de posse e dos discursos proferidos por Lula não soe como ilusão desvairada. Nem como falta de senso crítico. As batalhas que virão para destruir o legado bolsonarista que foi institucionalizado na última gestão, assim como o seu ideário que se faz vivo e ativo em meio aos nossos cotidianos sociais. Não será nada fácil, teremos quatro anos de tensionamento e disputa política todos os dias, em que a pressão popular e dos movimentos progressistas serão elementos chave para o sucesso do terceiro mandato lulista. E por mais que as contradições e indignações inerentes a qualquer projeto de governança, ainda mais num baseado na formação de uma “Frente Ampla” política, possam vir a desagradar por vezes a sua base ideológica de viés progressista, não poderemos deixar de ter a perspectiva de que um eventual fracasso dessa nova gestão presidencial, representará uma grande perspectiva de volta do pesadelo fascista, mesmo com um novo rosto, a centralidade decisória de nossa política institucional-governamental. E não teremos por toda eternidade uma figura com o arcabouço político e histórico, com sua habilidade de temperança e gestora, para desenvolver uma união, mesmo que imperfeita e contraditória, organizada e dinâmica para suplantar as forças reacionárias e antidemocráticas.

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Luís Inácio Lula da Silva, o filho de Dona Lindu, aquele que representa tantos outros e outras “Silvas” que formam e constroem o Brasil, que teve ontem consagrada a sua trajetória de vida, literalmente, pelas mãos do povo! Numa subida de rampa e entrega de faixa que já faz parte da História de nosso país! Como que demonstrando que desde ontem a vontade do bem comum, do bem querer coletivo, voltou a ser norma, ou pelo menos meta, nesse país. Que nós não somos apenas o ódio e intolerância, mas os melhores sonhos e as vontades de todas as pessoas que morreram para dar um outro sentido, para construir um outro sentido de sociedade, rompendo com nossa herança de racismo e elitismo, de perpétuo arcaísmo e conservadorismo.

A diversidade viva que se fez representar no grupo de pessoas que subiu a rampa presidencial e lhe colocou a faixa atravessada no peito, teve como simbolismo o efeito de representar o povo coroando e legitimando um dos seus. E isso, depois de tudo que ocorreu nos últimos anos, não foi pouca coisa. Muito pelo contrário, foi um ato político gigantesco e poderoso, que atestam a vitalidade do campo popular progressista no país, da ocorrência de vontades, historicidades, saberes e potências que mesmo escondidas ou renegadas na maior parte do tempo, existem e são o que de melhor nos caracteriza como povo, como expressão de plena humanidade!

Mesmo com os riscos de cairmos no velho mito do “pai salvador” que tanto marca os momentos de nossa história, Lula tem para si a missão de organizar a reconstrução de um país destroçado não só financeiramente, mas arruinado socialmente. Além de cindido, fraturado por um radicalismo fascista e genocida, que nos colocou em xeque enquanto povo. Dificuldades nada triviais que desafiam como nunca sua habilidade de concertação e de conciliação. Para nos devolver ao menos uma normalidade de convivência entre os contrários, de respeito as regras democráticas, de estímulo e desenvolvimento de uma rede de proteção e fomentação de direitos sociais universais, em que o Estado volte a ser agente social de mudanças estruturais inclusivas e participativas. Não existe pessoa que pudesse encarar essas pelejas que não fosse Lula, sua trajetória de vida e o seu compromisso, em representar e dar voz aos sempre mais oprimidos e marginalizados. Um legado dos mais extraordinários, sempre pautado pelo combate ante as desigualdades e autoritarismos tão típicos de nossa sociedade. Que embarca agora, aos 77 anos de idade, no maior desafio de sua vida. Sendo esta já marcada por acontecimentos e fatos tão marcantes, tão significativos, como escapar das garras da seca no agreste pernambucano, em cima de um “pau-de-arara”, para dali ganhar asas para construir o seu próprio destino, para desde então ganhar e modificar o mundo! Para agora, mais uma vez, escrever novas páginas dessa biografia tão única! Que alguns fizeram de tudo para encerrá-la violentamente e arbitrariamente! Mas que os sopros de verdadeira justiça não deixaram…

Não será um governo perfeito, nem dos sonhos. Terá falhas e incompletudes, mas ao seu final, no seu todo, deverá ser um governo que reconduzirá o Brasil aos caminhos dos bons ventos da História. Uma reconstrução de um país, novamente em busca de se realizar como uma terra de generosidades e esperanças infinitas! Não podemos mais normalizar, em nome de respeito as regras e vontades do “Mercado”, convivermos e aceitamos termos 33% de nossa população passando fome. Cem milhões de brasileiros não tendo o que comer, num dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Alguma coisa deve ser feita, tentada, buscada, para romper essa normalidade maldita do absurdo que pondera tais atrocidades. Para não se compactuar com a defesa do racismo, do feminicídio, da homofobia, da xenofobia, e nem mais fomentar as intolerâncias religiosas, políticas e ideológicas, ou a promulgação de ideários de morte, como neonazismo, fossem legitimados como modelos de sociabilidades a ser seguidas e reproduzidas. A candidatura Lula, se deu por estas perspectivas e por estes recortes, não só em sentido histórico, mas, principalmente, humanitário. Nunca a dicotomia entre civilização x barbárie se fez para valer, como nessa última eleição presidencial.

E os discursos proferidos ontem por Lula, assim como a repercussão dos mesmos pela multidão que acompanhou a sua posse, demonstrou que ele possui a plena noção dessa sua nova e descomunal missão. Tendo a consciência de que, nesse caso, não há espaços para a derrota!

Tempos árduos e difíceis se avizinham, não será fácil – na verdade nunca foi. Mas a reconstrução do Brasil não pode mais tardar! A hora é agora e a este desafio, todos os verdadeiramente compromissados com os valores democráticos e com o objetivo de mudar os eixos civilizatórios do país devem contribuir ao sucesso dessa empreitada! Pois o governo Lula não será um governo acima de seu povo, mas que se constituíra e se dará a partir da sua organicidade popular, que deverá lhe dar sustentação e gestão política, ante a gana oportunista representada pelo “Centrão” – ou o discurso de loas a Democracia e defesa do povo brasileiro, proferido pelo Rodrigo Pacheco, convenceu alguém? – e ao ressentimento dos derrotados no último pleito.

A esperança, novamente venceu o medo! Derrotou o ódio, a intolerância e toda uma série de preconceitos. Deixamos de ser párias perante o mundo! Nos reencontramos com a nossa alma, nos reencontramos com a nossa felicidade! O Brasil voltou a ser o Brasil, descendo majestosamente a ladeira da vida sem medo ou pudores de ser quem somos de fato!

Os tempos do inverno findaram entre nós… Por mais que ainda sintamos os seus efeitos, seu tempo findou-se! Germina agora a Primavera, enquanto aurora de novos e melhores tempos, que cabe a cada um de nós cuidarmos, regá-los e provê-los para a construção, desde já, de um futuro mais digno, justo e humano para todos que habitam e dão sentidos, cores e valores a essa terra brasilis!

Os desafios não serão simples, nem poucos, mas apesar de tudo e de todos, haveremos de vencer! Pois nós, merecemos ser felizes! Luta e empenho não nos faltará! Que façamos isso acontecer de fato, para definitivamente mandarmos todo o mal “já ir embora”, de uma vez por todas e para todo o sempre!