Sala de Vídeo do MASP exibe ‘Fordlândia’, de Melanie Smith, uma montagem sensorial sobre as formas de vida locais e a natureza

Até o dia 14 de agosto, pode ser vista no MASP – Museu de Arte de São Paulo, a exposição “Melanie Smith”, na Sala de Vídeo do museu.

(Imagem: Divulgação)

Desde os anos 1980, a artista Melanie Smith (Poole, Inglaterra, 1965) vive entre Londres e a Cidade do México, e sua obra investiga os processos de modernização na América Latina. 

O vídeo Fordlândia (2014) mostra fragmentos do distrito de mesmo nome localizado às margens do rio Tapajós, no Pará. A Fordlândia foi concebida em 1927 pelo magnata estadunidense da indústria automobilística Henry Ford (1863-1947), como uma fábrica de extração de látex de seringueiras. Outras espécies dessa planta foram modificadas em laboratório e plantadas na região. Além da fábrica, havia um projeto de urbanização que levou migrantes a povoar o distrito, que tinha escolas, hospitais, espaços recreativos – como um campo de golfe – e casas pré-fabricadas nos Estados Unidos. Tudo isso demonstra como o modo de vida norte-americano foi transposto para a Amazônia, em um claro processo colonizador. Na fábrica, eram aplicadas rígidas normas de comportamento: um regime de 8 horas de trabalho diário, pautado por sirenes e relógios de ponto, alimentação baseada em hambúrgueres, proibição de consumo de álcool, entre outras formas de controle – o que levou a uma revolta, em 1930, duramente reprimida pelo exército. 

Nos anos 1940, as seringueiras, plantadas com pequena distância entre uma árvore e outra, foram atacadas por pragas, mas já era possível fabricar látex sintético de maneira mais rentável, o que levou ao fechamento da fábrica em 1945. Os trabalhadores continuaram no distrito, onde passaram a desenvolver a agricultura e a pecuária. 

O vídeo Fordlândia mostra a cidade e a interação da natureza com a arquitetura desenvolvida ao longo do tempo. A obra é construída por associações livres e não sincronizadas entre imagens e sons. A montagem das cenas é feita por relações de formas, texturas e cores, e alternância de tomadas próximas e distantes, o que produz uma narrativa não linear (sem começo, meio e fim) e de forte apelo sensorial. Longe de ser uma denúncia dos absurdos da modernização, o vídeo mostra as formas de vida e sociabilidade surgidas na Fordlândia para além das tentativas de controle de seu criador, no início do século 20.

Sala de Vídeo: Melanie Smith é curada por Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP.

Ao longo de 2021 e 2022, a programação da Sala de Vídeo integra o ciclo das Histórias brasileiras no MASP e, em 2022, inclui trabalhos de Letícia Parente, Tamar Guimarães, Melanie Smith, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca e Aline Motta.

Mais informações e ingressos AQUI.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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