Em São Paulo – De 25 a 27 de junho, entra em cartaz a peça “Um Estudo sobre Dora”, no Theatro Municipal. O projeto, dirigido e atuado por Sara Antunes, foi indicado ao Prêmio APCA 2021 de melhor espetáculo, além da indicação ao Prêmio APTR de Teatro em quatro categorias, incluindo melhor atriz e espetáculo.
Trata-se da abertura do processo de pesquisa para a estreia do espetáculo presencial, com novas cenas e participações especiais. A apresentação faz parte do projeto Teatro no Theatro, que traz espetáculos teatrais para o Theatro Municipal. A peça conta a história de Maria Auxiliadora Lara Barcelos, a Dora, uma estudante mineira de medicina que, aos 23 anos, entrou para a luta armada contra a ditadura militar. Ela foi presa, torturada e exilada para a Alemanha, onde suicidou-se em 1976, aos 31 anos.
A montagem é estruturada como um caleidoscópio fragmentado mesclando trechos de cartas, imagens de arquivos e relatos autobiográficos da atriz Sara Antunes. Angela Bicalho, mãe da atriz, faz uma participação especial traçando um paralelo da vida de Dora com a trajetória familiar de Sara. Dora, mineira como os pais de Sara, nasceu no mesmo ano que a mãe de Sara que também se envolveu na resistência à ditadura, assim também aconteceu com o pai da Sara, Inácio Bueno, que foi preso e exilado.
“Ao reconstruirmos a subjetividade de períodos traumáticos que deixaram marcas profundas na história deste país, confrontamos a política da amnésia com que se pretende, reiteradamente, apagar um passado incômodo para criar campos de ignorância histórica que, novamente, convocam abertamente forças repressoras. Dora é um projeto importante de reparação histórica, de pretensão multidisciplinar em que as lutas femininas do Brasil estão em foco”, explica Sara Antunes.
Utilizando poucos elementos cênicos, a direção de arte se apoia na escrita a partir das cartas enviadas da prisão e do exílio trocadas entre Dora e sua mãe, Clélia Lara Barcelos. A direção tece uma metáfora através de fios vermelhos que viram vestidos e que viram cartas utilizando plataformas de escrita como retroprojetor, paredes, projeções.
Vestidos vermelhos, baldes e água são elementos que partiram de indicações nas cartas. A peça cobre o período de 1965 a 1976, e a trilha sonora inclui Tropicália, Violeta Parra e Torquato Neto, canções que marcaram a época e que Dora ouvia e até recomendava. Imagens de arquivo pessoais e documentos oficiais, como áudios de rádio, vídeos, fotos, recortes de jornais e revistas, são usados em cena, mesclando momentos de objetividade com experimentação, apoiados por elementos audiovisuais.
Para mais informações, acesse o site do Theatro Municipal de São Paulo.
Teatro no Theatro — Um Estudo sobre Dora
Theatro Municipal
25/06/2022 • 19h
26/06/2022 • 19H
27/06/2022 • 19H
[Theatro Municipal — Cúpula]
Ficha técnica
Sara Antunes, direção, texto, atuação e figurino
Henrique Landulfo, assistente de direção e direção audiovisual
Henrique Landulfo e Sara Antunes, concepção de imagem
Luiza Magalhães, pesquisa de dança
Camila Landulfo e Sara Antunes, direção de arte
Wagner Antônio, luz
Edson Secco, desenho sonoro
André Grynwask, projeção
Angela Bicalho, participação
Corpo Rastreado, produção
Classificação 14 anos
Duração 60 minutos
Ingressos R$ 30,00
(Carta Campinas com informações de divulgação)