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Desmontado o quebra-cabeça do esquema Bolsonaro e sertanejos

Reportagens e postagens na internet revelaram um esquema milionário para saquear recursos públicos, que deveriam ir para saúde, educação e segurança, mas que era direcionado para empresas ligadas a cantores sertanejos, principalmente um chamado Gustavo Lima.

(foto antonio cruz – ag brasil)

O que dá para entender é que o bolsonarismo montou com os sertanejos um esquema não só para esvaziar os recursos públicos (com shows milionários) pagos diretamente por governos municipais e, ao mesmo tempo, ser beneficiado por campanha eleitoral ilegal.

Isso ajuda a explicar também porque Bolsonaro mantém 27% de aprovação fazendo o pior governo da história republicana. Esses cantores faziam a defesa do governo e a promoção do governo de extrema-direita.

Enquanto artistas de todo Brasil lutavam contra os desmontes dos investimentos na cultura brasileira, um grupo de sertanejos eram privilegiados e recebiam milhões de reais para apoiar Bolsonaro e a destruição da cultura, da saúde e da educação.

Ao atacar a Lei Rouanet, que é mais rigorosa e impede a transferência direta de recursos públicos, visto que é preciso captar com empresa que teriam uma renúncia fiscal limitada, o esquema dos sertanejos transferia recursos diretos dos cofres públicos, prejudicando a saúde e a educação.

O esquema já rendeu abertura de investigações em Roraima e Minas Gerais, agora também o Ministério Público do Rio de Janeiro que abriu inquérito para apurar se houve irregularidades na contratação de Gusttavo Lima para um show em Magé por R$ 1 milhão.

Veja as ligações do esquema sertanejo montada pelo cientista político Leonardo Rossatto:

27 de março: o Lollapalooza Brasil vira um grande evento anti Bolsonaro após o próprio Bolsonaro entrar no TSE para “impedir manifestações políticas”. A coisa ia passar completamente despercebida se Bolsonaro não fizesse isso

14 de abril: Bolsonaro encontra com o pai de Gusttavo Lima e inclusive sobe no palanque junto com ele no interior de Minas Gerais. Gusttavo Lima desconversa e tenta desvincular imagem de Bolsonaro (inclusive criticou preço da gasolina uns dias depois)

07 de maio: Bolsonaro vai na Fenasoja encontrar com ruralistas e faz discurso contra o MST, contrapondo eles como “vagabundos” e tentando mais uma vez criar a imagem do sertanejo vinculado ao agronegócio como “trabalhador”

13 de maio: Zé Neto, da dupla com Cristiano, critica Anitta citando sua tatuagem íntima, faz discurso contra Lei Rouanet e defende Bolsonaro

16 de maio – Descobriram que o Zé Neto recebeu 400 mil reais da prefeitura de Sorriso pelo show em que criticou a Lei Rouanet. E valores similares de prefeituras ainda menores

20 de maio – outra dupla sertaneja (Matheus e Cristiano, sim, é outro Cristiano) faz a música que deve ser o jingle de campanha do Bolsonaro e apresenta a música na mansão do latifundiário Ricardo Faria. Sim, Elon Musk teve que ouvir

Quando falamos que o Ricardo Faria é latifundiário, é num nível bizarro: comprou terras PRA CARAMBA desde 2018, quando vendeu seu negócio de lavanderias (literais, até onde se sabe). Chama a atenção ele comprar em estados como Maranhão e Piauí

21 de maio – Zé Neto volta a criticar Anitta em show em Dourados/MS

23 de maio – pressionado pelo governo, Gusttavo Lima assume a dianteira da briga moralista e defende Bolsonaro através de seu locutor, em show realizado em Brasília

24 de maio – ressurge a história, publicada originalmente em março, de que Gusttavo Lima vai receber R$ 800 mil da prefeitura da cidade de São Luiz, Roraima, de 8 mil habitantes

27 de maio – Gusttavo Lima volta a defender Bolsonaro, agora usa o helicóptero de seu frigorífico em Goiânia

29 de maio – descoberto o tamanho do comprometimento de Gusttavo Lima. Sua carreira é administrada desde o final de 2021 pelo fundo One 7 (isso mesmo), fundado no final de 2018 com claro (!!!) viés de suporte ao governo Bolsonaro

E a One 7 vende show pra prefeituras como commodities, se orgulha de já ter vendido 192 shows como “mercado futuro”, de já ter acertado milhões de reais em shows. Invariavelmente em cidades pequenas para cantores bolsonaristas, a grande maioria em período pré eleitoral

A coisa é tão escancarada que Bolsonaro deu até orientação direta aos cantores sobre o que pode e o que não pode ser falado nos shows, pra evitar crime eleitoral

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