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Da obra de Tchekhov, ‘Por que não vivemos?’, com a cia. brasileira de teatro, se interroga a respeito da vida que podia ter sido

Em São Paulo – Após temporadas de sucessos no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e em São Paulo, o espetáculo Por que não vivemos?, com direção de Marcio Abreu, reestreia no Sesc Santo Amaro (R. Amador Bueno, 505 – Santo Amaro, SP) no dia 20 de maio de 2022. A temporada vai até 12 de junho, sempre de sexta a domingo.

Por que não vivemos (Foto: Nana Moraes)

Após se dedicar à criação de dramaturgias originais, montagens e traduções de autores contemporâneos inéditos, a companhia brasileira de teatro retorna aos clássicos sem perder, no entanto, o caráter de inovação. Escrita pelo dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904) por volta dos 20 anos, a história do professor Platonov foi descoberta nos arquivos do seu irmão após a sua morte, e publicada em 1923. 

A vontade da companhia de montar esse texto vem desde 2009. Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar assinam a adaptação da obra, feita a partir de uma tradução original do russo por Pedro Alves Pinto e de uma publicação francesa. Embora não tenha um título oficial, a peça foi publicada em diversos países como Platonov em homenagem a um dos personagens, o professor Mikhail Platonov. Foi somente no final da década de 1990 que a obra ganhou traduções e montagens em diversos teatros da Europa. Em 2017, os atores Cate Blanchett e Richard Roxburgh estrearam uma versão do texto na Broadway, em Nova York, chamada de The Present. Giovana conta que o processo de adaptação também contou com atualizações sobre dinâmicas e relações que não fariam tanto sentido de serem postas em cena nos dias de hoje. “Também reduzimos o número de personagens, fizemos cortes e reposicionamos cenas para que os assuntos centrais do texto não fossem perdidos, mas sim condensados”, explica Giovana.

Por ser uma obra sem título oficial, o grupo batizou a peça com uma pergunta chave que está inserida no texto: por que não vivemos como poderíamos ter vivido?. “Essa questão, que se abre para tantas outras, é um pouco a alma dessa peça”, diz Marcio.  “Quando esse texto foi resgatado, não havia capa nem título. Como outras peças em que o personagem principal dá nome ao texto, como Ivanov, se deu esse nome Platonov”, conta Giovana Soar, que ressalta que o título escolhido pela companhia traduz o drama que permeia o espetáculo. “São pessoas que gostariam de estar em outro lugar, mas não fizeram nada para isso. Mostra como a trama da vida vai se desenrolando e as pessoas vão caindo na armadilha de ficar onde estão”. 

O diretor complementa ainda que o título estabelece uma dinâmica política ao apontar simultaneamente para o passado que não foi vivido e para uma convocação a um futuro que pode ser construído. Para ele, a encenação busca propor reflexões sobre as singularidades dos sujeitos, a conexão coletiva e uma consciência sobre as diferenças. “Os corpos dos atores se reconhecem na estrutura de um texto escrito no final do século XIX e as dinâmicas estabelecidas nos ensaios fizeram com que ele se atualizasse, conferindo ainda mais força à dimensão política da peça”, conclui.

Por que não vivemos (Foto: Nana Moraes)

A peça trata de temas recorrentes na obra de Tchekhov, como o conflito entre gerações, as transformações sociais através das mudanças internas do indivíduo, as questões do homem comum e do pequeno que existem em cada um de nós, o legado para as gerações futuras – tudo isso na fronteira entre o drama e a comédia, com múltiplas linhas narrativas. “É o primeiro texto de Tchekhov, um texto muito jovem, mas muito revisitado em diversos países porque tem nele o que depois vem a ser o cerne do Tchekhov”, diz o diretor. 

A encenação propõe uma perspectiva de convivência e proximidade com o público através de deslocamentos dos atores pelo espaço e pela quebra da frontalidade. Dessa forma, o público deixa de ser apenas espectador para também se tornar coparticipante das ações que ocorrem em cena 

“A montagem tem um foco muito específico nas personagens femininas. São elas que causam transformação, que caminham, que querem mudanças, contravenções e que enfrentam conceitos”, conta Giovana. A artista complementa que esses traços estavam no texto de Tchekhov, mas foram acentuados na adaptação. Para ela, o olhar do autor causava uma espécie de premonição para os movimentos futuros que se sucederam. 

Por que não vivemos? estreou em julho de 2019 no CCBB do Rio de Janeiro, e passou no mesmo ano pelos CCBBs Belo Horizonte e Brasília. Em 2020, o espetáculo estreou em São Paulo no Teatro Municipal Cacilda Becker, mas com o início da pandemia teve que suspender sua temporada. 

SINOPSE CURTA

Na adaptação da companhia brasileira de teatro, a história não se desenrola num lugar definido, tampouco na época em que foi escrita. Ambientada numa propriedade rural de uma jovem viúva, a história se passa durante uma grande festa, na qual está presente Platonov, um aristocrata falido. Ele se tornou professor, por despeito e para camuflar sua revolta contra seu falecido pai e a sociedade. Bem articulado, brilhante e sedutor, ele é admirado e invejado. Seu reencontro com Sofia, um amor de juventude, reaviva seu desespero. 

A companhia brasileira de teatro é um coletivo de artistas de várias regiões do país fundado pelo dramaturgo e diretor Marcio Abreu em 2000, em Curitiba, onde mantém sua sede num prédio antigo do centro histórico. Sua pesquisa é voltada sobretudo para a criação contemporânea. Entre suas principais realizações, peças com dramaturgia própria, escritas em processos colaborativos e simultâneos à criação dos espetáculos, como “PRETO” (2017), “PROJETO BRASIL” (2015), “Vida” (2010), “O que eu gostaria de dizer” (2008), “Volta ao dia…” (2002). Há ainda uma série de criações a partir da obra de autores inéditos no país: “Krum” (2015), de Hanock Levin; “Esta Criança” (2012), de Joël Pommerat; “Isso te interessa?” (2011), a partir do texto “Bon, Saint-Cloud”, de Noëlle Renaude; “Oxigênio” (2010), de Ivan Viripaev. A companhia realiza frequentes intercâmbios com outros artistas no país e no exterior. Estreou na França em 2014 o espetáculo “Nus, ferozes e antropófagos” em parceria com o coletivo francês Jakart. Mantém um repertório ativo e que circula com frequência. Recebeu os principais prêmios das artes no país.

Mais informações: www.companhiabrasileira.art.br 

FICHA TÉCNICA

Por que não vivemos?

Da obra Platonov, de Anton Tchekhov

Direção: Marcio Abreu

Assistência de Direção: Giovana Soar e Nadja Naira

Elenco: Camila Pitanga, Cris Larin, Edson Rocha, Josy.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Bolzan, Rodrigo Ferrarini e rodrigo de Odé

Adaptação: Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar

Tradução: Pedro Augusto Pinto e Giovana Soar

Direção de Produção: José Maria 

Produção Executiva: Cássia Damasceno

Iluminação: Nadja Naira

Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino

Direção de movimento: Marcia Rubin

Cenografia: Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura

Figurinos: Paulo André e Gilma Oliveira

Direção de arte das projeções: Batman Zavareze

Edição das imagens das projeções: João Oliveira

Câmera: Marcio Zavareze

Técnico de som | projeções: Pedro Farias

Assistente de câmera: Ana Maria

Assistente de produção: Luiz Renato Ferreira

Operador de Luz: Henrique Linhares e Ricardo Barbosa

Operador de vídeo: Michelle Bezerra e Sibila

Operador de som: Bruno Carneiro e Felipe Storino

Cenotécnico e contrarregra: Alexander Peixoto

Máscaras: José Rosa e Júnia Mello

Fotos: Nana Moraes

Programação Visual: Pablito Kucarz

Assessoria de Imprensa São Paulo: Canal Aberto 

Difusão Internacional: Carmen Mehnert | Plan B

Administração: Cássia Damasceno

Criação e Produção: companhia brasileira de teatro

Por que não vivemos?

20 de maio a 12 de junho de 2022

Sextas, às 20h, sábados e domingos, às 18h

Local: Sesc Santo Amaro (R. Amador Bueno, 505 – Santo Amaro, SP)

Ingressos: R$ 40/ R$ 20/ R$ 12

Capacidade: 279 lugares

Duração: 150 min

Gênero: Comédia Dramática

Classificação indicativa: 16 anos

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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