Em São Paulo – A instalação artística Retromemória, trabalho da artista visual e poeta Lenora de Barros, poderá ser vista a partir do dia 02 de abril no Museu de Arte Moderna de São Paulo. O trabalho foi desenvolvido especialmente para a Sala de Vidro do museu a convite do curador-chefe Cauê Alves. A instalação estabelece um diálogo direto com a obra Spider (Aranha), concebida por Louise Bourgeois em 1996, que foi exibida no MAM São Paulo por cerca de 20 anos nesse mesmo espaço, se relacionando diretamente com a área externa do museu no Parque Ibirapuera, assim como com o próprio Jardim de Esculturas do MAM.

Retromemória, caligrafada e escrita com mão direita e esquerda simultaneamente por Lenora de Barros (Imagem: Divulgação)

As imagens refletidas pelos espelhos junto às palavras escritas com a mão direita e esquerda simultaneamente, são fragmentadas em sílabas impressas em vinil formando a grande aranha de metal, que reflete a memória do local diante do seu diálogo artístico com Louise Bourgeois. O trabalho é composto também por uma instalação sonora que ecoa a voz da própria artista Lenora de Barros, proferindo as palavras “memória”, “aranha”, “emaranha” repetidamente. Ao se entrelaçarem, essas palavras produzem novos sons e sentidos como uma teia dominando o espaço. O gráfico e o fonético da palavra se aproximam da dimensão verbivocovisual inventada pelo poeta irlandês James Joyce. O tratamento sonoro é assinado pelo compositor e produtor cultural Cid Campos.

A instalação expressa o movimento fragmentado da memória a partir da utilização do espelho retrovisor. A artista trabalha o conceito da retrovisão, o olhar para trás para andar para frente, o movimento de ir e vir, formando representações e projetando luzes pela sala. Retromemória traz ao público o passado recente, um momento que passou, para assim conseguir se olhar internamente pelo espelho e caminhar em direção ao futuro.

Para o curador-chefe Cauê Alves, “no momento em que o MAM apresenta em sua programação a segunda geração da arte moderna e a abstração geométrica, Lenora de Barros nos faz pensar sobre as obras que já foram exibidas no museu, nos ajudando a superar as perdas e enfrentar os desafios do presente.”

“A estrutura silábica representa esses fragmentos de memória, e, no caso deste trabalho, remete diretamente à memória da Aranha de Louise. A expressão na caligrafia, na projeção de luzes e reflexos, além da dimensão sonora criada, formam essa teia pelo espaço expositivo”, comenta Lenora de Barros.

A Aranha de Bourgeois

(Foto: Edouard Fraipont/Divulgação)

Uma das famosas esculturas de aranha criadas por Louise Bourgeois a partir dos anos 90, Spider (Aranha), de 1996, chegou ao Brasil no mesmo ano em que foi criada para participar da 23ª Bienal Internacional de São Paulo, com curadoria de Nelson Aguilar (curador-chefe) e Agnaldo Farias (curador adjunto). A escultura de três metros de altura integrou uma sala especial em homenagem à artista que tinha como curadores Jerry Gorovoy e Paulo Herkenhoff.

Adquirida pelo Itaú Cultural, no ano seguinte a obra passou a ser exposta na Sala de Vidro do MAM São Paulo, em regime de comodato que perdurou por 20 anos. A artista a considerava o exemplar mais bem montado entre as suas esculturas de aranha. Outros exemplares estão em coleções com as da Tate Modern (Londres) e National Gallery (Washington). Ao longo dos anos em que esteve no MAM, a obra sempre chamou muito a atenção dos visitantes e conversou com a área externa do museu e os entornos do Parque Ibirapuera. No Panorama da Arte Brasileira de 2003, o artista Ernesto Neto desenvolveu um diálogo com a Aranha com a obra Nóós óvos a vida.

Em 2017, Spider (Aranha) foi enviada pelo Itaú Cultural para a Fundação Easton, em Nova York, para averiguação e restauro, de modo a garantir a sua longevidade e possibilitar a sua exibição em espaços expositivos diversos. Um ano mais tarde, a escultura voltou para o MAM, por três meses, antes de seguir viagem para ser exibida em outros estados brasileiros. Primeiro, o Itaú Cultural a levou para Minas Gerais, onde foi vista pelo público na Galeria Mata do Inhotim. Na sequência, foi para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Em 2019, seguiu para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e, ainda no mesmo ano, chegou ao Museu de Arte do Rio (MAR).

Ao todo, neste conjunto de exibições, a escultura foi vista por mais de 188 mil pessoas. O plano de prosseguir as itinerâncias em 2020, começando por Fortaleza, foi suspenso em decorrência da pandemia de Covid-19, mas continua no radar do Itaú Cultural. Enquanto espera seguir viagem, Spider (Aranha) está guardada no acervo da Coleção Itaú Cultural.

Retromemória, de Lenora de Barros

Período expositivo: De 02 de abril a 03 de julho

Local: MAM São Paulo

Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)

Horários: terça à domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Telefone: (11) 5085-1300

Ingresso: R$25,00. Gratuidade aos domingos. Agendamento prévio necessário.
Ingressos disponibilizados online pelo link
Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de SP, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.

Acesso para pessoas com deficiência

Restaurante/café

Ar-condicionado

(Carta Campinas com informações de divulgação)