Campinas guarda um tesouro, que agora será aberto e compartilhado com a população, trazendo à tona quase 100 anos de história do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira e sua relevância nacional nos campos da psiquiatria e da saúde mental.  Parte deste rico acervo está presente na exposição Arte Viva, que será aberta ao público no próximo dia 10 de dezembro, sexta-feira, no Museu Vivo Cândido Ferreira, no distrito de Sousas, em Campinas, com entrada gratuita.

Cartazes lambe-lambe (Foto: Divulgação)

A exposição, com curadoria da artista plástica e performer Cecília Stelini, é resultado de um minucioso trabalho de estruturação do acervo de aproximadamente 22 mil itens museológicos do Museu Vivo, que inclui objetos de artes, objetos de valor histórico e documentos audiovisuais, entre fotografias e vídeos.

A estruturação foi realizada ao longo de 2021 por profissionais de museologia por meio de recursos do PROAC 13/2020, referente à Modernização de Museus, Arquivos e Acervos do estado de São Paulo e a exposição é oferecida pelo Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, como contrapartida do projeto.

Abertura Arte Viva

Para marcar este momento, a abertura será no dia 10 de dezembro, às 9h, com uma programação especial aberta ao público, que contará com a apresentação da Roda de Música da Casa dos Sonhos, além de uma Roda de Conversa, às 10h, sobre a exposição e a estruturação do Museu Vivo. O bate-papo será mediado pela psicóloga Bianca Bedin, coordenadora geral do projeto, e reunirá as provocadoras Cecilia Stelini, artista visual e performer, curadora da exposição; Gal de Sordi, gestora do projeto, psicóloga e artista, especialista em Educação, Arte e Multimeios; e Juliana Siqueira, doutora em Museologia e especialista cultural na Secretaria Municipal de Cultura de Campinas, que colaborou com a estruturação do Museu Vivo Cândido Ferreira.

“Com a estruturação dos acervos, todo esse rico patrimônio museológico pode ser preservado e valorizado para que o museu permaneça dinâmico. Além da possibilidade de novas parcerias para explorar mais sistemática e profundamente os registros da instituição, fazendo avançar o conhecimento sobre a história da psiquiatria, da reforma psiquiátrica brasileira e do movimento da luta antimanicomial”, destaca Bianca Bedin.

A exposição Arte Viva ficará em cartaz até o dia 28 de janeiro de 2022 e segue todos os protocolos de segurança. A partir do dia 12 de dezembro, as visitas poderão ser feitas de segunda a sexta, das 8h às 17h, com agendamento pelo e-mail [email protected].

Mostra traz obras de arte, objetos históricos e material audiovisual

Arquivo histórico audiovisual (Foto: Divulgação)

A exposição Arte Viva terá quatro salas, sendo que três delas são antigos quartos fortes da época em que a instituição era denominada como hospital psiquiátrico. Uma sala foi reservada para o público ter acesso a uma mostra de obras do acervo artístico com peças e quadros criados por pacientes do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira. Em outro espaço, a reprodução do ambiente utilizando objetos históricos do local e o terceiro quarto traz uma exposição audiovisual com fotos artísticas da instituição.

No hall de entrada, o espaço foi todo envolvido com uma exposição coletiva de cartazes lambe-lambe produzidos durante o segundo semestre de 2021 por pessoas da comunidade do Museu Vivo Cândido Ferreira, como usuários, funcionários, voluntários e artistas parceiros com a proposta de trazer a produção atual de arte na instituição.

Do extenso acervo, 500 itens foram selecionados e estão disponíveis na plataforma virtual Tainacan para o acesso do público em geral por meio do link https://museuvivo.candido.org.br.

“Vale destacar o valor artístico das obras produzidas por usuários do Serviço de Saúde, que hoje integram o acervo do Museu Vivo. Dezenas de artistas já participaram de exposições, salões e concursos de arte fora do contexto terapêutico, tendo recebido prêmios, além de reconhecimento e visibilidade nacional e internacional. A organização do acervo e sua disponibilização para pesquisas no campo da arte propiciará a ampliação da circulação dessas obras, bem como do reconhecimento de seu valor artístico e de seus autores”, pontua Gal de Sordi.

Museu Vivo Cândido Ferreira

FOTO CANDIDO FERREIRA – UM DOS PRÉDIOS DO MUSEU VIVO

O Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira é uma instituição filantrópica de saúde mental inaugurada em 1924, no distrito de Sousas, em Campinas (SP). As inúmeras atividades no campo da saúde, da convivência da diversidade humana e da cultura, desenvolvidas como processos terapêuticos e de inclusão social, resultaram na produção continuada de um variado e rico acervo que estão hoje no Museu Vivo Cândido Ferreira, que integra a história da saúde mental no país. Sua sede, localizada em área de proteção ambiental do município, conta, ainda, com dois edifícios tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas – Condepacc.

O acervo congrega artistas periféricos e acadêmicos, da cultura popular e das galerias de arte, passando por movimentos como a arte postal e o grafitti, e manifestações como o carnaval e a capoeira. Essa comunidade produtora de uma cultura crítica, inclusiva e afetiva, estende-se para além da cidade de Campinas, alcançando laços regionais e nacionais.

Sobre o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira

Fundado em 1924, o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira é uma entidade filantrópica que desde seu início, acolhe, cuida, trata de forma gratuita de pessoas com transtornos mentais e dependência química da cidade de Campinas.

Até a década de 1990, o Cândido Ferreira realizou atendimentos como hospital psiquiátrico acompanhando os modelos tradicionais de tratamento da época.

A partir de então, a instituição passou a ampliar suas ações por meio da Reabilitação Psicossocial, visando oferecer serviços com bases comunitárias, proporcionando, além do tratamento de saúde mental, também a inclusão social dos usuários.

O Cândido Ferreira foi pioneiro na adesão ao movimento da Reforma Psiquiátrica, adotando o tratamento humanizado, abolindo o uso de eletrochoque, camisa-de-força e o confinamento dos pacientes.

Com 39 unidades de serviço alocadas em todas as regiões de Campinas, o Cândido Ferreira realiza cerca de 6.500 atendimentos ao mês e conta com 950 funcionários.

Crianças, adolescentes, adultos e idosos são acolhidos e atendidos em unidades que realizam desde o tratamento psiquiátrico até a inclusão pelo trabalho, visando como objetivo comum, a valorização da vida.

Os atendimentos são oferecidos nas estruturas:

– CAPS (Centros de Atenção Psicossocial);

– Centros de Convivência;

– Consultório na Rua;

– Residências Terapêuticas;

– Oficinas de Inclusão Social pelo Trabalho e Projetos Culturais.

Todos os serviços do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira compõem a RAPS – Rede de Atenção Psicossocial.

Para mais informações sobre o Cândido Ferreira, acesse o site

https://candido.org.br/portal/.

Abertura da Exposição Arte Viva – Museu Vivo Candido Ferreira

Quando: 10 de dezembro

Horário: 9h

Visitas agendadas: a partir de 12 de dezembro, das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira pelo email: [email protected].

Entrada gratuita

Endereço: R. Antônio Prado, 430 – Distrito Sousas, Campinas – SP

(Carta Campinas com informações de divulgação)