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A multiplicidade da música de concerto brasileira é tema de ‘concerto itinerante’ da Sinfônica da Unicamp

Na próxima quinta-feira, 02 de dezembro, a Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) realiza seu concerto de retomada na Casa do Lago, evento gratuito que inaugura o retorno às atividades presenciais abertas ao público.

A proposta do concerto presencial, que seguirá todos os protocolos de segurança da Universidade e das autoridades públicas, é oferecer ao público uma experiência diferente, incomum, tornando-se um “concerto itinerante” através de diferentes espaços da Casa do Lago. O público poderá acompanhar a trajetória dos músicos pelos espaços, podendo assistir aos dois quintetos de sopros e a orquestra de cordas.

(Foto: Divulgação)

O tema do repertório a ser apresentado tem como base a música de concerto brasileira e as suas diferentes facetas, em estilo descontraído, trazendo ritmos de tango, valsa brasileira e chorinhos, tal como presente na Suíte Belle Époque in Süd-Amerika, do compositor e maestro Júlio Medaglia. Em destaque, a Orquestra estreia a peça “Ignis”, da compositora Elodie Bouny, em referência aos incêndios da Amazônia, além de dois arranjos para quinteto de metais, de obras para piano de Ernesto Nazareth escritos pela compositora e professora Denise Garcia.

Ainda no programa, as cordas tocam Contos n.1 “A cidade adormecida”, do compositor paulista Alexandre Guerra, peça que descreve uma tripulação corsária que encontra uma cidade onde as pessoas estão congeladas no tempo, obra trazida como uma metáfora à vida das pessoas durante a pandemia.

Mais detalhes do concerto de retomada

Como solução para os protocolos de segurança da Covid-19, o concerto de retomada das atividades presenciais propõe uma experiência incomum, um concerto itinerante onde as pessoas se deslocam com suas cadeiras para assistir aos dois quintetos de sopros e a orquestra de cordas da OSU. Será um concerto “itinerante” em diversos espaços na Casa do Lago.

O tema do repertório será a música de concerto brasileira e as suas diferentes facetas, em estilo descontraído, trazendo ritmos de tango, valsa brasileiras, chorinhos, como escutados na Suíte Belle Époque in Süd-Amerika, do compositor e maestro Júlio Medaglia. Em destaque, a orquestra estreia a peça “Ignis”, da compositora Elodie Bouny, em referência aos incêndios da Amazônia, e dois arranjos para quinteto de metais, de obras para piano de Ernesto Nazareth, escritos pela compositora e professora Denise Garcia. Ainda no programa, as cordas tocam Contos n.1 “A cidade adormecida”, do compositor paulista Alexandre Guerra, que descreve uma tripulação corsária que encontra uma cidade onde as pessoas estão congeladas no tempo, obra trazida como uma metáfora à vida das pessoas durante a pandemia.

Ernesto NAZARETH (Denise Garcia, arr.) (7 min)

Crê e espera (1896)

Tenebroso (tango brasileiro publicado em 1913)

Quinteto de Metais

Samuel Brisolla, trompete

Oscarindo Roque Filho, trompete

Silvio Batista, trompa

João José Leite, trombone

Paulo César da Silva, tuba

O Quinteto de Metais estreia dois arranjos da compositora e professora do Instituto de Artes, Denise Garcia, de duas peças para piano de Ernesto Nazareth. Ele foi um pianista e compositor muito ativo nos salões de baile da sua época. Assim, seu estilo é inspirado na música popular, escrita para piano, que se disseminou nas casas de famílias abastadas, através de publicações para este instrumento.

Com títulos bastante descontraídos, como na valsa “Crê e espera” (publicada em 1895), e no tango brasileiro “Tenebroso” (publicado em 1913) , a música de Nazareth se tornou muito popular tanto nos bares quanto nos teatros; Tenebroso já recebeu pelo menos 56 gravações.

Júlio MEDAGLIA – Suite Belle Époque in Süd-Amerika (1938) (11 min)           

I. Tango: El Porche Nero

II. Vals Paulista

III. Chorinho ‘Walter´s Requinta maluca

Quinteto de Sopros

João Batista de Lira, flauta

João Carlos Goehring, oboé

Eduardo P. Freitas, clarinete

Bruno Lopes Demarque, trompa

Francisco J. F. Amstalden, fagote

Composta pelo maestro e compositor Júlio Medaglia para o quinteto de sopros da Filarmônica de Berlim, esta peça se destaca pelos ritmos cosmopolitas da música brasileira. O título faz referência às expressões artísticas prazerosamente “intoxicadas” do período da Belle Époche européia, do final do século XIX, caracterizada pelos cabarés, cancans e o cinema.

Osvaldo LACERDA – Ponteio n.2 para cordas (1956) (3 min)

Osvaldo Lacerda (1927- 2011) foi um pianista e compositor paulista. Dedicou-se intensamente ao ensino da música como professor de Teoria Elementar, Solfejo, Harmonia, Contraponto, Análise Musical, Composição e Orquestração, tendo publicado vários livros, adotados em escolas de música no Brasil e em Portugal.

O Ponteio n.2 é trazido ao concerto como lembrança aos dez anos de morte do compositor. A peça mostra o movimento aconchegante de ponteio, com dissonâncias pulverizadas na peça à maneira de uma bossa nova. A palavra “ponteio” é utilizada por diversos compositores para descrever uma peça curta, utilizada como prelúdio, mas com caráter bem brasileiro. Remete ao ato de “pontear viola”, praticado por cantores caipiras antes de cantar uma canção, com a intenção de verificar a afinação de sua viola.

Elodie Bouny – Ignis (à Amazônia), para cordas *estreia (5″)

A palavra Ignis, em latim “incêndio”, é usada para nomear esta peça em referência aos incêndios na floresta amazônica.

Nascida em Caracas e criada em Paris, Elodie Bouny é violonista, arranjadora e compositora, vencedora de vários prêmios como intérprete. Em 2022, sua ópera Homens de Papel será estreada no Teatro Municipal de São Paulo.

Alexandre Guerra – Conto n. 1 “A cidade adormecida”, para cordas (11’20”)

Conto para Cordas n.1 foi inspirada no conto “A Cidade Adormecida” de Marcel Schwob. Bastante descritiva, a peça narra o episódio de um navio corsário, ocupado por mercenários vindos de todas as partes do mundo, que trabalham em clima sombrio e ruidoso. Chegando em uma ilha, os tripulantes desembarcam e atravessam a planície, onde encontram a muralha de uma cidade. Ao entrar, encontram pessoas congeladas pelo tempo. Cada mercenário procura alguém igual a si e ao abraçar essas pessoas, eles adquirem a cor da pessoa. O Capitão, estarrecido por essa cena, decide voltar ao navio, e a música termina com o movimento do navio no mar, como no início.

César Guerra-Peixe (1914-93) e Clóvis Pereira (1932 -) – Mourão (3’30”)

Guerra-Peixe foi um compositor carioca, que também atuou como grande pesquisador do folclore e da cultura nordestina. A sua obra tão popular “Mourão” foi escrita em conjunto com o compositor, maestro e arranjador Clovis Pereira, o qual participou intensamente do Movimento Armorial, juntamente com Cussy de Almeida e Ariano Suassuna. O Movimento Armorial se passou nos anos 70 e visava a valorização da cultura nordestina. “Mourão” é considerado um hino do Movimento Armorial e se caracteriza por ser uma obra de concerto, inspirada no som das rabecas do folclore nordestino.

Concerto de retomada da OSU

Data: 02 de dezembro, às 19 horas

Local: Casa do Lago, UNICAMP Evento gratuito

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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