.Zé Ribeiro da TV.
Um dos melhores filmes do ano, 7 Prisioneiros, do diretor Alexandre Moratto, traz de forma bombástica as ‘oportunidades’ que se abriram com a redução dos direitos trabalhistas por meio das Reformas Trabalhistas e da Reforma da Previdência, promovidas no Brasil pós-Golpe Parlamentar de 2016. O filme não deixa de mostrar a ‘economia girando’ e os “empregos” aumentando com o novo modelo.
Lucas (Rodrigo Santoro), em mais uma grande atuação, é o embaixador da Ponte para o Futuro, propalada por Temer, por pastores evangélicos, pela extrema direita e pelos ricos brasileiros ao golpear a democracia. Não por acaso, os personagens principais são Lucas e Mateus, como no evangelho.
Em 7 prisioneiros, as oportunidades aparecerem. É possível ganhar dinheiro, enriquecer, e subir na vida ‘trabalhando’. Mateus, um dos personagens, acaba sendo levado para essas oportunidades maravilhosas do mundo do trabalho neoliberal, sem os impedimentos promovidos pelos sindicatos, sem as regras do Estado de Direito. É o livre mercado de trabalho. A negociação direta entre patrão e empregado. É o neoliberalismo nas relações de trabalho.
Mais que isso, o filme acrescenta o Estado policial e miliciano com o poder econômico, crescendo com as oportunidades que surgem com o fim das regras que impediam certos empresários de investir e gerar empregos. As leis trabalhistas agora são um assunto de Policiais Militares, que fazem a intermediação entre o empresário e os trabalhadores. É por isso que, após a aprovação da Reforma Trabalhista, parte da elite brasileira começou a aventar o fim da Justiça do Trabalho. A PM levando a tecnologia do combate ao crime, desenvolvida na Ditadura, para as relações sociais de trabalho.
O filme é o retrato ou uma caricatura bem feita, por isso um dos mais assistidos na Netflix, de como o Brasil evoluiu e beneficiou um certo tipo de “empresariado” nos últimos anos com a redução dos direitos trabalhistas. O filme nos colocou na Ponte para o Futuro. E a ponte é sobre um penhasco.
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